Gálatas 5.16-25
O pano de fundo
de Gálatas é a controvérsia legalista que deu ocasião ao concílio de Jerusalém
em Atos 15.
Paulo e Barnabé
tinham visitado a parte sul da província romana da Galácia em sua primeira
viagem missionária (At. 13-14; a.D. 48-49).
Depois de seu
retorno a Antioquia, Pedro visitou aquela igreja, e por ocasião dessa visita
aconteceu a controvérsia relatada em Gálatas 2.11-16.
A questão
claramente percebida por Paulo era a natureza tanto da justificação quanto da
santificação; seriam elas produtos exclusivos da fé ou seria exigida alguma
medida de lealdade à Lei?
Que toda a
questão estava longe de ser resolvida naquela altura parece evidente não só
devido à relutância de Pedro em querer manter sua comunhão com os gentios, mas
também às exigências impostas pelos enviados de Tiago.
Parece que a
pressão inicial que Pedro sentira depois de levar Cornélio à fé em Jesus (cf.
At. 11.2) havia retornado com suficiente força para afetar até os líderes da
igreja em Jerusalém.
Logo depois disso
Paulo recebeu a notícia que as mesmas pressões estavam sendo aplicadas às
jovens igrejas que ele e Barnabé haviam fundado menos de um ano antes.
Assim, esta
epístola fervorosa, nascida de uma controvérsia que ameaçava os fundamentos do
cristianismo, foi escrita como uma defesa da Liberdade que os cristãos
desfrutam da sujeição ao pecado e da salvação que obtemos (e que se manifesta
na justificação + santificação) somente por meio da fé e não pelas obras da
Lei.
Sem dúvida
nenhuma Paulo chega a parte final desta carta, esboçando uma preocupação com a
deturpação desse principio.
Ele procura
definir os limites da liberdade cristã, a fim de evitar a acusação de promover
um estilo de vida libertino e sem limites.
Vivemos numa
sociedade que se entrega ao amor próprio e tudo o que se faz é conforme a
própria vontade, buscando a própria felicidade, conforto e paz. Um verdadeiro
Hedonismo: “Culto ao prazer”.
Tudo isso por
demonstrarem ser quem realmente são numa esfera espiritual: Escravos e submissos
ao pecado.
Esta entrega ao
eu, com certeza, é destrutivo para a sociedade, para a família e qualquer
relacionamento humano. Tal curso é o produto da influência e ilusão de Satanás,
diretamente opostas à direção e as determinações das Escrituras para a vida do
cristão.
Os crentes que
estão crescendo entre nós e muitas vezes cercados por esse cenário, fazem
várias perguntas para os seus pastores, mas talvez a pergunta mais freqüente
seja: “Como eu posso ter vitória sobre o pecado e a tentação?”
Essa é uma
pergunta muito boa para se fazer porque quem a faz revela um desejo no seu
íntimo de se tornar cada vez mais parecido com Jesus Cristo.
A palavra usada
para se tornar mais parecido com Cristo é “santidade” ou “santificação”.
Santidade ou
santificação é um processo para nos tornarmos mais puros em nosso
comportamento, um processo que dura uma vida e que começa no momento em que uma
pessoa recebe Jesus como Senhor e Salvador da sua vida, sendo regenerado ou
nascendo de novo.
Santidade ou
santificação é um processo diário pelo qual o crente se torna cada vez mais
forte ao vencer o pecado e a tentação.
Muitos de nós
querem isso! Queremos ser fortes diante do pecado e da tentação.
Mas infelizmente,
existem também entre nós muito que não dão a minima para esse princípio, e se
nós não almejamos por isso, se não desejamos crescer em santidade, pecar menos
e amar mais a Cristo, então em nós não há o fruto do Espírito, e
consequentemente não há salvação.
Porque a salvação
muda uma pessoa completamente. Em todos os aspectos da sua vida.
“Se alguém está
em Cristo, ele ou ela é uma nova criatura. As coisas velhas passaram. Eis que
tudo se fez novo (2 Coríntios 5:17).”
Romanos 6.11 diz:
“considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus
nosso Senhor.”
Nós aprendemos
que quando nos deparamos com a tentação para pecar, nós respondemos dizendo:
“Estou morto para isso.”
Falamos de várias
tentações na prática, tais como, quando você foi magoado por algo que alguém
disse e ao invés de responder o mal com o mal, você diz para si mesmo: “Estou
morto para isso.” E vai embora.
Alguém faz fofoca
de outra pessoa ou a conversa se torna carnal e mundana, diga: “Estou morto
para isso” e vá embora.
O link no
computador pisca na sua tela te convidando a dar uma olhada em pornografia e
você lembra a si mesmo que está morto para isso e vivo para Deus em Cristo
Jesus.
Velhos hábitos
como fumar, beber, luxúria, glutonaria, amargura, falta de perdão,
considerem-se mortos para o pecado e vivos para Deu em Cristo Jesus.
Neste capítulo 5
de Gálatas, a grande ênfase do Apóstolo Paulo é que em Cristo estamos em
verdadeira liberdade. Antes, estávamos escravizados pelo pecado, mas agora
somos filhos de Deus, sujeitos a vontade d’Ele.
Gálatas 5 é uma
das passagens chaves nas Escrituras que se ocupam com a vida cheia do Espírito
ou o andar mediante o Espírito Santo, o qual habita em cada crente.
Isso é importante
para compreender o argumento central de Paulo a respeito da liberdade do crente.
No trecho em que
acabamos de ler, Paulo fala do conflito existente entre a carne e o Espírito,
mostra-nos ainda que o Espírito Santo é o nosso santificador e o único que pode
nos conduzir a uma vida de oposição à nossa carne, a subjugando e anulando seus
efeitos.
Sabemos que é
Jesus Cristo que nos liberta. Mas sem a obra contínua, orientadora e
santificadora do Espírito Santo, a nossa liberdade é deturpada.
Então, veremos o que
o texto aqui referido pode nos ensinar e ele está dividido da seguinte maneira:
A verdadeira liberdade espiritual consiste em vencer os impulsos
pecaminosos da natureza humana por meio do controle do Espírito com humildade e
harmonia resultantes (5.16-25).
1. A escolha pelo controle do Espírito em lugar do controle da
carne capacitará o crente a triunfar sobre o pecado e sobre a Lei (5.16-19).
O texto faz
referência aos combatentes do conflito cristão, a carne e o Espírito. À luz da
Bíblia, podemos afirmar que a “carne” representa o que somos por natureza e o
“Espírito” é o que nos tornamos por meio do novo nascimento, o nascimento do
Espírito. Estes dois, a carne e o Espírito vivem em ferrenha oposição.
Paulo diz
expressamente: “andai no Espirito”. Isso não é uma opção, mas uma ordem. Sem a
qual nenhum cristão jamais alcançará uma liberdade continuamente crescente em
sua vida.
E a motivação
para obedecer tal mandamento vem da descrição que Paulo faz a seguir do tipo de
vida que é produzido pelo controle das obras da carne.
2. Uma vida controlada pela carne resulta em total rejeição por
parte de Deus (5.19-21).
... por causa da imoralidade (5.19).
... por causa da religião corrupta (5.20b).
... por causa de pecados sociais (5.20b-21).
... por causa de pecados de intemperança
(5.21b).
Em outras
palavras, a manifestação natural de suas escolhas, revelam a sua essência corrompida
pelo pecado e levam à máxima rejeição por parte de Deus. Isso é tudo que somos
capazes de produzir naturalmente através da nossa escravidão do pecado.
3. Uma vida controlada pelo Espírito, por outro lado, promove a
genuína liberdade da Lei para aqueles que pertencem a Cristo (5.22-23).
... ao gerar algumas qualidades que parecem
descrever a atitude do cristão para com Deus, o próximo e ele mesmo.
a) Atitude do Cristão em Relação a Deus:
Amor, Alegria e Paz – o primeiro amor cristão deve para com Deus, sua principal
alegria deve ser em Deus e a sua paz mais profunda é a sua paz com Deus.
b) Atitude do Cristão em Relação ao Próximo:
Longanimidade, Benignidade, Bondade – são virtudes sociais, expressam as
qualidades para que tenhamos relacionamentos saudáveis; Longanimidade é a
paciência em relação aos que nos irritam e perseguem; Benignidade é uma questão
de disposição; Bondade se expressa em palavras e atos.
c) Atitude do Cristão em Relação a Si Mesmo:
Fidelidade, Mansidão e Domínio Próprio – Fidelidade - descreve uma
característica de alguém que é confiável. Mansidão - significa poder sob
controle, humildade e por fim Domínio Próprio – autocontrole.
Todas essas
características são o fruto do Espírito, o produto natural que aparece na vida
dos cristãos dirigidos pelo Espírito Santo. “Contra essas coisas não há lei”
(vs. 23), pois a função da lei é controlar, restringir, impedir, e aqui não há
necessidade de limitações.
O contraste entre
estes dois pacotes de ações e atitudes é bem resumido da seguinte maneira: “Há
leis contra as obras da carne porque elas são destrutivas, mas não contra o
fruto do Espírito, pois é edificante.”
4. O último comentário de Paulo sobre este conflito enfrentado por
todo cristão é que o controle do Espírito e a vitória somente são possíveis por
causa da união de cada crente na morte de Cristo (5.24-25).
No versículo 24:
“E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e seus desejos”.
Este é o nosso
alvo ao olhar para a Graça de Deus demonstrada na cruz.
Crucificar a
nossa carne, mortificando-a juntamente com a nossa velha natureza.
De maneira que
cheguemos a afirmar como o apóstolo afirmou anteriormente: “Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se
entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 2:20)
Tomamos a nossa velha natureza egocêntrica,
com todas as suas paixões e desejos pecaminosos, e a pregamos na cruz.
No versículo 25:
“Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito”.
O caráter cristão
é produzido e aperfeiçoado pelo Espírito Santo, não pela mera disciplina moral
de tentar viver pela Lei. Paulo deixa claro que a Justificação, produz
santificação e não libertinagem.
O Espirito Santo
que habita no cristão produz na sua vida virtudes espirituais que lhe são
suficientes para mantê-lo no caminho certo.
Conclusão
Precisamos
Entender Que a Vida Cristã Inclui Um Grande Conflito Entre a Carne e o
Espírito.
Isto acontece
porque a partir da conversão o Espírito Santo passou a habitar em nós, sendo
assim, a carne e o Espírito vivem numa luta constante.
Precisamos
Entender Que o Caminho Para Vencer é a Mortificação da Carne e um Andar
Contínuo no Espírito.
Devemos nos
lançar completamente sobre o senhorio de Cristo na nossa vida, e para isso é
fundamental que a cada dia crucifiquemos o nosso desejo pecaminoso e desfrutemos
dos meios de santificação, ou seja, oração, leitura bíblica, participação nos
cultos, assim estaremos andando no Espírito e vivendo uma vida para glória de
Deus.
Questões para Refletir
Você tem vivido
uma vida cristã digna ao ponto de valorizar todas as riquezas que Cristo
conquistou por você na cruz?
Você acredita que
a igreja; bem como suas famílias influenciam o mundo com a Luz de Cristo, ou
estão sendo influenciados pelas trevas e o pecado que reinam nesse mundo?
Diante de tudo
que observamos na Palavra, o que mais tem contribuído para que a igreja, bem
como os seus crentes tenham cedido tanto ao padrão imoral desse mundo?
Você já parou
para pensar em qual é o seu papel como parte deste corpo nesta luta contra o
mundanismo e o pecado que tanto nos assedia?
A luta contra as
trevas e o pecado é a mais antiga que possamos imaginar, e ela continuará até o
dia do encontro com o nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas, se cada um
de nós observarmos atentamente a direção que Deus tem nos dado nesses dias, e
não nos deixarmos enganar pelas trevas e o orgulho que mora dentro de nós, o
Reino de Deus será engrandecido, Deus se alegrará e o seu nome terá sido
honrado em todo tempo.
Quero fechar esta
reflexão com uma importante Palavra do Senhor para nós.
Tito 2.11-13 – “Porquanto,
a graça de Deus se manifestou salvadora a todas as pessoas. Ensinando-nos a
renunciar as paixões mundanas e a viver de uma maneira sensata, justa e piedosa
nesta presente era, enquanto aguardamos a bendita esperança: o glorioso retorno
de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.”
Que Deus nos
abençoe e conserve em nós esta alegre e firme expectativa, vivendo acima de
tudo conforme o seu agrado.
Somente
pela Graça!
Pr.
Alysson Diniz