Isaías 53.4-12
Esta é a profecia mais conhecida na
Bíblia sobre a crucificação e ela é citada tanto por Mateus (MT. 8.17) como por
Pedro (I Pe. 2.24).
Este texto nos apresenta o sofrimento
e a rejeição quanto ao Messias-servo, Jesus Cristo.
O profeta, escrevendo oito séculos
antes de Cristo, fez declarações incrivelmente acuradas sobre os fatos da
crucificação; mas ainda mais importante é o fato de ele ter falado sobre o
propósito da cruz.
Isaías profetiza que através da cruz
de Cristo, muitos seriam perdoados, justificados, redimidos e curados.
Seu sofrimento também o levaria à sua
exaltação e glória. Somente assim o Messias cumpriria o propósito da sua missão.
Mas o que de fato aconteceu a partir
de sua vinda que podemos enfatizar nesta noite?
Como se deu a trajetória do Senhor até
o monte calvário?
Durante três anos e meio Jesus havia
passado pela Judéia, Samaria e Galiléia. Em muitos lugares havia pregado a
maravilhosa mensagem do evangelho.
Além de ter sido um pregador, havia
curado doentes, alimentado os famintos e ensinado como compreender e viver a
Palavra de Deus.
Rapidamente o número de seus adeptos
havia crescido. O entusiasmo dos ouvintes fora grande.
Havia nascido dentro deles à esperança
de que, finalmente, teria chegado um profeta capaz de solucionar com poder
divino os problemas socioeconômicos e políticos do país.
Finalmente, havia chegado àquele que
resolveria o problema do povo colocando um fim na opressão de Roma.
A vida do povo judeu havia se tornado
insuportável debaixo do jugo do império romano.
A perspectiva de uma possível
intervenção e mudança por parte de Jesus animava os oprimidos.
Estavam certos de que um homem capaz
de ressuscitar mortos, de curar doentes ou de alimentar cinco mil pessoas com
cinco pães e dois peixes era a pessoa ideal para ser o rei da nação.
Foi esta esperança que levaram muitos
a aclamarem Jesus como o Messias esperado, quando Ele entrava em Jerusalém,
montado em um burrinho.
Não demorou muito para que os sonhos
se desfizessem. Jesus não correspondera às expectativas do povo extasiado.
Também pudera, afinal contas ninguém
havia compreendido a natureza da missão de Cristo na terra.
Muitos daqueles que o seguia o
abandonaram. As multidões estavam simplesmente decepcionadas e desiludidas.
Mas algo mais aconteceu paralelamente naqueles
dias. Não somente houve frustração por parte do povo.
Mas principalmente, surgiu uma ira por
parte dos líderes religiosos daquela época.
O fato de Jesus aparentemente
desrespeitar as emendas e regulamentos que tanto prezavam, os iravam
profundamente.
Eles estavam perdendo o controle sobre
a massa e tudo que eles haviam construído baseado em seus próprios interesses,
havia sido desfeito.
Por isso nasceu o ódio contra esse
Jesus, que não se enquadrava no seu sistema religioso e lhes deu motivo
suficiente para quererem matá-lo (Jo. 5.16-18).
A ira explodiu quando ouviram que
Jesus dizia ser o Filho de Deus.
Quando o sumo sacerdote em Mc.
14.60-64, perguntou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”, Jesus
Respondeu: “Eu sou”.
Este testemunho causou uma reação
violenta no sumo sacerdote, que rasgou as suas vestes para tornar visível o seu
protesto máximo.
Perguntou ao sinédrio: “Ouvistes a
blasfêmia; que vos parece?”. E todos ali o julgaram merecedor da pena de morte.
Desta forma, Jesus foi abandonado,
rejeitado tanto pelos líderes religiosos como pelo povo, que alguns dias antes,
o aclamaram euforicamente como rei.
Agora, esse mesmo povo gritava com
igual intensidade e êxtase: “Crucifica-o!”
(Mc. 15.14). A desilusão destes transformara-se em ódio.
Fanaticamente o haviam seguido (Jo.
6.14-15). Fanaticamente agora queriam a sua morte.
Você consegue imaginar apenas por um
só momento, o que se passava pela mente de Jesus?
Que tipo de dor ou conflito emocional
Jesus estaria suportando.
Quantas
vezes não agimos desta maneira. O seguimos e o adoramos até o momento em que
nossas expectativas são supridas.
Mas
a partir do momento que não somos correspondidos, já não esboçamos o mesmo
sentimento.
Muitos
chegam até mesmo a abandonar o barco, dizendo: “Não estou ganhando nada com
isso”.
No entanto, não parou por aí, por que
muitos de seus discípulos, aqueles que Jesus andava em seu ministério terreno,
também o abandonaram.
João
6.66 – “Daquele
momento em diante, muitos de seus discípulos o abandonaram e já não andaram
mais com ele.”
Este Jesus, rejeitado por todos,
apenas começava a trilhar um caminho de dores e sofrimentos.
Isaías
53.3a – “Era
desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que
é padecer.”
Não
há sofrimento nesta vida que possamos experimentar que um dia, Jesus já não
tenha experimentado.
Finalmente, usando por mentiras e
calúnias, conseguiram do governador Pôncio Pilatos a injusta determinação
judicial de que Jesus fosse crucificado.
Já não bastaria a dor do abandono e da
rejeição, Jesus provaria um sofrimento sobre-humano em sua carne.
Mais
uma vez quero chamar a atenção de todos aos detalhes da condenação em que Jesus foi submetido.
Médicos peritos,
historiadores e arqueólogos têm examinado, em detalhes, a execução que Jesus
Cristo voluntariamente suportou.
Todos concordam que Ele sofreu uma das formas mais cruéis e
dolorosas de pena de morte jamais imaginadas pelo homem.
Este tipo de morte estava reservado
para os escravos, estrangeiros e inimigos de Roma.
O Império romano já havia realizado um
decreto que nenhum cidadão de Roma seria morto por crucificação. Eram
decapitados, mas não crucificados.
Muitos diziam que este não era nem
mesmo um assunto a ser tratado entre pessoas educadas.
À parte da tortura perversa infligida
àqueles que eram executados por crucificação, as associações culturais daquela
época traziam a mente imagens de extrema maldade, corrupção e profunda
rejeição.
UM SOFRIMENTO INTENSO, MESMO ANTES DO INÍCIO DA HUMILHAÇÃO:
Jesus tinha o peso do
mundo sobre seus ombros. Mesmo antes de a crucificação começar, Ele mostrava
claramente sintomas físicos de um intenso sofrimento.
Na noite anterior à
execução, seus discípulos dizem tê-lo visto em "agonia" no Monte das
Oliveiras.
Não só ficou sem dormir
toda aquela noite, mas parecia também ter suado abundantemente.
Tanto era o estado de
tensão, que pequenos vasos sanguíneos em suas glândulas sudoríparas se rompiam,
derramando gotas vermelhas tão grandes que caíam ao solo (Lc. 22.44).
Este sintoma de profunda ansiedade e
extremo stress é chamado de hematidrose.
Jesus estava fisicamente exausto e em risco de sofrer um colapso
caso não recebesse líquidos (o que aparentemente não aconteceu).
TORTURADO COM OS AÇOITES
ROMANOS:
Tendo sido anteriormente surrado pelos judeus, chega agora à vez
dos romanos.
Sabe-se que os castigos corporais dos soldados romanos eram muito
sangrentos, deixando ferimentos por todo o corpo.
Um chicote com um cabo de madeira e sete tiras de couro, e na
ponta de cada tira, pedaços de chumbo e osso ponte-agudos.
Eles até desenhavam seus açoites para ter precisão no ato de
cortar a carne dos corpos de suas vítimas.
Estes golpes deveriam ser dolorosos ao extremo, podendo ainda
causar uma concentração de líquido em redor dos pulmões.
Jesus recebeu aproximadamente 40
chibatadas, dadas não somente por um algoz, mas sim por dois. Assim ele não teria a chance de respirar.
Além disso, uma coroa de espinhos foi rudemente posta em sua
cabeça, apanhando com uma vara, a qual era capaz de perfurar a região do seu
crânio e afetar gravemente os nervos mais importantes da sua cabeça, causando
uma dor cada vez mais intensa e bastante aguda com o passar das horas.
No estado em que Cristo se
encontrava, esses golpes poderiam tê-lo matado: seu corpo estava seriamente
ferido, cortado e ensanguentado, estando sem comer a muitas horas e, tendo
perdido muito líquido devido à transpiração e à hemorragia abundante, Jesus
estaria gravemente desidratado.
Esta tortura brutal certamente lhe
teria levado ao que os médicos chamam de colapso.
Após a coroa, é colocado sobre o corpo
de Jesus um manto de tecido, que obviamente aderiu as suas feridas.
Além disso, Jesus foi obrigado a
carregar uma trave de madeira sobre a qual morreria. Imagine só como seria
carregar algo tão pesado nessas condições.
CRUCIFICAÇÃO:
Ao chegar no monte calvário, eles
arrancam aquele manto.
E ao contrário do que vemos em filmes
e pinturas, onde Jesus está coberto com um lenço em suas partes intimas.
Jesus estava completamente despido aos
olhos de toda a multidão, para a sua completa vergonha e humilhação.
Ao ser pendurado
completamente nu diante da multidão, a dor e o dano causado pela crucificação
foi concebido para que fosse tão cruelmente intenso que alguém desejaria constantemente
a morte, algo que se poderia durar dias sem descanso algum.
Segundo o Dr. Frederick
Zugibe, a perfuração do nervo médio das mãos por um cravo pode causar uma dor
tão incrível que nem sequer uma forte dose de morfina anestesiaria.
Uma dor intensa, ardente e horrível, como
relâmpagos atravessando os braços e pernas até a medula espinhal.
E ainda mais, a posição do
corpo sobre uma cruz foi pensada para tornar a respiração algo extremamente
difícil.
Muitos até chagavam a
apoiar seus pés pregados, erguendo seus corpos um pouco para cima, assim seus
pulmões não mais seriam pressionados, permitindo a respiração.
Por esta razão que muitos
soldados se apressavam para ver a morte daqueles condenados quebrando seus
joelhos (não foi o caso de Jesus).
Os inimigos de Jesus se alegravam da
aparente vitória que obtiveram. Diante da cruz, os principais sacerdotes e
escribas debochavam dele, cuspiram nele e zombavam com desprezo (Mt. 27.41).
I
Pedro 2.23 – “Quando
insultado, não revidava, não fazia ameaças, mas entregava-se Àquele que exerce
plena justiça em seu favor.”
Foi nesta situação que Jesus orou:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”
Não há dúvidas quanto ao sofrimento FÍSICO e EMOCIONAL de Jesus. Algo tão doloroso e indescritível.
Mas uma dor ainda maior estaria por
vir.
Mateus 27. 46 – “E, por volta das três horas da tarde,
Jesus clamou com voz forte: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que significa: Deus
meu, Deus meu! Porque me desamparaste?”.
Estas são as palavras daquele que
pagou um alto preço.
Palavras de maior segurança para os
pecadores, enquanto Jesus Cristo estava pendurado no madeiro.
Este brado redigido em aramaico
assinala o ponto culminante dos seus sofrimentos pelo mundo perdido.
Naquele instante, Cristo aplacou a ira
de Deus recebendo sobre si mesmo os pecados de toda a humanidade.
Desta maneira sofrendo o desamparo do
Pai, para que os que crêem nele fossem amparados por sua salvação.
No entanto, ao meditarmos sobre esta
cena, percebemos o quanto há de mais importante para ser observado nas
entrelinhas.
Freqüentemente vemos como algo tão
pequeno pode encerrar em si uma seqüência de coisas tão grandes.
Uma flâmula sobre o mastro principal
pode ser algo pequeno; todavia mostra pra que lado o vento sopra.
Uma nuvem do tamanho da mão de um homem
é algo pequeno; no entanto pode mostrar que se aproxima uma forte tempestade.
A andorinha é um pássaro pequeno;
entretanto, anuncia que o verão chegou.
Assim é com o homem. Um olhar, um
vislumbre, uma sentença incompleta, pode mostrar muito mais do que um longo
discurso.
Assim aconteceu com o nosso Salvador
Jesus. Estas poucas palavras de sofrimento nos dizem mais do que grandes
volumes de Teologia.
Podemos imaginar tamanha dor e
tristeza no coração de Jesus ao se tornar substituto do homem pecador, tendo em
volto de si tão densas trevas.
Esta é a pior tristeza, angústia e dor
que Ele sente.
Ferido não somente pela rejeição dos
seus ou pelo castigo na carne, mas pelas transgressões dos seres humanos, entregando-se
em regate de muitos.
Queridos, estamos vivendo dias em que
se fala muito da crucificação, realizam-se procissões e penitencias. Encenam-se
peças teatrais. Muitos filmes.
Mas o que de fato não podemos negar é o
quanto este mundo está distante de saber e viver o verdadeiro significado da
Cruz de Cristo.
E pensar sobre a importância do
sacrifício de Jesus em apenas alguns dias do ano, não é suficiente.
Precisamos de muito mais do que isso.
Devemos compreender qual o significado da cruz de Cristo, e esta compreensão
precisa fazer toda a diferença em nossa vida todos os dias.
CONCLUSÃO
Por que falar da Cruz de
Cristo é falar:
1º - De que Ele levou sobre si os nossos
pecados e as nossas dores. VS. 4-8
Este ato de Cristo na cruz se chama Justificação. E por meio deste ato,
Jesus paga toda a nossa dívida, nos justificando perante o Pai.
A
entrada do pecado deixou uma dívida alta. O salário do pecado é a morte. Isto
não significava apenas que a recompensa do pecado era a morte, no sentido de
conseqüência, mas também de punição.
No
livro do profeta Ezequiel está escrito: “a
alma que pecar, essa morrerá” (Ez. 18.4). O homem teria que pagar pelo
seu pecado morrendo.
O fato
é que não havia nada que pudesse ser feito. Ninguém seria capaz de resolver o
seu próprio problema e nem mesmo o problema do outro.
E Deus
não poderia simplesmente “perdoar-nos” fazendo vista grossa aos nossos pecados,
pois Ele é justo e o pecado não poderia ficar sem punição; a dívida tinha que
ser paga!
E por
esta razão Jesus Cristo veio, morreu no meu e no seu lugar; pagou a nossa
dívida para com Deus.
Satisfez
as exigências legais da justiça divina. E nos libertou do medo da morte e a
escravidão espiritual que a seguiria: o inferno.
A cruz
é um lugar de dívida paga, como lemos na epístola aos Colossenses 2.13,14:
“E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela
incircuncisão da vossa carne, Ele vos deu vida juntamente com ele, perdoando
todos os nossos pecados; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra
nós e que constava de ordenanças, o qual nos era contrária, Ele a removeu
completamente, encravando-a na cruz”
O
pecado que eu e você deveríamos pagar (e que não tínhamos como) Cristo pagou
naquela cruz.
Romanos 5.1 – “Portanto, havendo sido justificados
pela fé, temos paz com Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo.”
Romanos 4.8 – “Bem aventurado aquele a quem o Senhor
jamais cobrará o preço do pecado!”.
Tudo o
que Jesus sofreu, sofreu no meu e no seu lugar.
O
castigo e culpa do pecado que nós deveríamos pagar, Ele, um inocente e santo,
se dispôs a pagar em nosso lugar.
Uma
injustiça para com Ele, porém, Ele estava fazendo justiça por nós.
Por fim, falar da Cruz de Cristo é falar:
2º - De que Ele trouxe salvação e a
reconciliação a todos aqueles que nele crerem. VS. 10-12.
A cruz
de Cristo revela o perdão e a salvação de Deus para com cada um de nós.
O
pecado trouxe para nós não somente um estado de separação, mas, sobretudo de
condenação.
Somente
um sacrifício perfeito, como o de Jesus Cristo naquela cruz, nos reconciliaria
com Deus e nos daria uma viva esperança frente à eternidade.
II
Coríntios 5.17-19 - “E,
assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a
saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando
aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.”
Naquele
momento de dor e morte, Jesus fazia algo por mim e por você.
Este texto
de Coríntios diz que Deus estava em Cristo, RECONCILIANDO consigo o mundo!
Ou
seja, a crucificação de Jesus Cristo aconteceu justamente para que a parede do
pecado, da inimizade e da separação fosse derrubada, e assim pudéssemos ter
acesso a Deus novamente.
Ali na
cruz ocorria o perdão, quando ele não nos imputava as transgressões, mas as
removia.
Quero
dizer algo, de extrema importância pra você que esta aqui. Talvez você até já saiba
do que vou te falar.
Somente
por meio da cruz de Cristo alguém pode ter a sua divida paga, e ser uma pessoa
livre da escravidão do pecado
Somente
por meio da cruz de Cristo alguém pode receber perdão dos seus pecados e
achegar-se a Deus.
Saiba sempre de uma coisa: Enquanto
Jesus estava lá, pendurado no madeiro, ele teve a capacidade de pensar em mim e
em você.
Jesus te convida esta noite a você a
se entregar a Ele completamente, e ter a sua vida transformada.
Graças a Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo, que se entregou por nós.
Ele morreu a nossa morte, para que
vivamos a sua vida.
Que Deus abençoe a aplicação da sua
Palavra.
Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz
Rodrigues