João 3.30:
"É necessário que ele cresça e eu diminua."
Antes de introduzir diretamente
no contexto aqui descrito, gostaria de pintar um pouco o pano de fundo, falando
do propósito que levou o evangelista João a escrever este livro.
A maioria dos comentaristas do
Novo Testamento, determinam como propósito e mensagem de todo livro, a seguinte
passagem que está contida em João 20.30-31:
"Jesus realizou na verdade,
muitos outros sinais na presença dos seus discípulos, que não estão registrados
neste livro. Estes, porém , foram registrados para que possais crer que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome."
Embora esse texto, seja de fato
uma declaração de propósito, num aspecto salvífico, podemos encontrar em outras
partes, propósitos que podem ser perfeitamente agregados ao sentido geral do
livro.
Especialmente o sentido de
exaltação e glória, trazido pelo autor em Jo. 1.14, onde é claro o despertar de
uma verdadeira apreciação da divindade e da majestade do nosso Senhor Jesus
Cristo. Veja o que diz:
"E o verbo se fez carne e habitou
entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai."
O Evangelho de João traz para nós
o conceito de exaltação e glória sobre a figura de Cristo, e ele faz isso 39
vezes, sendo este conceito apenas menos importante que o conceito de crer nele
para obter a vida eterna.
Hoje em dia, tem se tornado muito
popular para muitos cristãos, utilizar como frase de efeito ou status em redes
sociais, textos bíblicos muito conhecidos como João 3.30, não é verdade?
Mas a pergunta é: será que tem
sido uma realidade de fato na sua vida?
Será que estamos dispostos a
pagarmos o preço da renúncia para que de fato isto seja uma verdade na nossa
vida?
Então eu quero convidar você a
ter uma visão honesta e correta da mensagem que este contexto quer nos trazer.
Quando lemos os versículos anteriores percebemos claramente qual a proposta do autor em descrever tais
palavras.
João 3.26-30 - "E foram até
João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão,
do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos estão se dirigindo a
Ele. João respondeu: Ninguém pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do
céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou
enviado adiante dele. A noiva pertence ao noivo, mas o amigo do noivo, que está
presente e o ouve, alegra-se muito com a vos do noivo. Assim se completa esta
minha alegria. É necessário que ele cresça e que eu diminua."
Veja que a frase contida no verso
30, é apenas a conclusão de um diálogo entre os discípulos de João Batista, que
o indagaram, sobre o repentino crescimento da fama de Jesus entre os judeus e
que Ele estaria também batizando e anunciando a Palavra do Reino de Deus.
Eles se preocupam claramente com
o fato de que o ministério de João estaria
sendo ofuscado por Jesus.
Jesus era totalmente desconhecido
até que o próprio João falasse abertamente quem ele era, mas olha o que está
acontecendo agora.
O discurso exagerado deles
demonstra claramente a sua frustração: “… e todos estão se dirigindo a Ele”
(João 3.26).
A resposta dada por João Batista
realmente é fantástica, sobre todos aqueles que exercem algum ministério para o
Senhor.
Primeiramente ela flui
diretamente para a verdade de que não somos o Cristo de ninguém. A nossa tarefa
é apontar as pessoas para aquele que realmente salva e tão logo saímos de cena.
João 3.28 - "[...] Não sou o
Cristo, [...]".
A primeira vez que ouvimos a voz
de João Batista foi quando os sacerdotes e levitas vêm de Jerusalém para
testemunhar bem de perto o seu ministério.
O evangelista não se preocupa em
tomar muito espaço com diversos detalhes a respeito do estilo de João Batista e
de sua popularidade, porém considerando a forma que os demais autores bíblicos
o descreveram não é difícil de imaginar o que esses líderes judeus esperavam
encontrar.
Em essência, eles vem
perguntando: Quem você pensa que é?
Eles certamente ouviram a
respeito do seu modo despojado de se vestir, sua dieta estranha e suas
chocantes declarações.
Sem dúvida esperavam um cara
cheio de si. Contudo as respostas de João falavam somente sobre quem ele não
era: “Eu não sou o Cristo” (João 1.20).
Ele não quer falar de si mesmo
porque sabe e tem amor pelo fato de que ele não é o ponto mais importante.
Ele não é a solução. Ele não é o
herói. Ele não é o personagem principal dessa história.
A metáfora que João usa com os
seus amigos ainda hoje fala poderosamente.
Ele fala sobre o noivo (que é
Jesus), a noiva (que é o seu povo) e o amigo do noivo (esse é João Batista).
“A noiva pertence ao Noivo”, diz
João. Todavia o amigo do noivo não é invejoso.
Ele buscava apresentar o noivo, e
não em arranjar uma noiva para si.
Ele buscava elevar a imagem do
seu amigo, e ele se enche de alegria quando a sua obra é concluída (João 3.29).
Por um lado, o ministério de João
– a obra da sua vida – estava se esvaindo. Em questão de meses, ele teria a sua
cabeça servida numa bandeja. E ele certamente consegue perceber os sinais
disso.
Porém, longe de cair em
desespero, ele afirma: “Assim se completa esta minha alegria.” (João 3.29).
Ele encara anonimato e a morte
com grande alegria, pois o seu alvo de vida e ministério tinha um foco e estava
sendo cumprido: “…que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30).
Mesmo sabendo que um dia iria
partir desse mundo, não se importava se seu nome fosse apagado ou sequer
lembrado, com tanto que Cristo fosse glorificado.
Em outras palavras, convém que
Jesus cresça e se estabeleça como o Rei Majestoso, cheio de honra e de Glória.
Não é algo libertador para qualquer um que exerça seu ministério, um manifesto como esse?
Esta atitude é fundamental no que
diz respeito a um servo fiel ao seu Senhor.
Mesmo que possua um papel
importante no Reino de Deus e que desfrute de privilégios espirituais.
O correto e sincero
reconhecimento de quem você é e de quem Ele é, o habilitará a fazer a mesma
declaração: “…que ele cresça e que eu diminua”.
Quando enxergamos o que João
Batista está dizendo, percebemos como muito dos nossos "ministérios"
e serviços que prestamos na cada de Deus estão cheios de nós mesmos.
Estamos vivendo uma época em que
as pessoas estão com o seus egos exaltados, muitos estão buscando a sua própria
glória, através da fama, da popularidade e do reconhecimento.
Dizer: É necessário que Ele
cresça e que eu diminua, implica em renunciar a soberba e depositar todos os
créditos, nossos dons e talentos para que Deus seja glorificado.
Tudo vem dEle e é para Ele, mas
muitas pessoas mesmo dentro das igrejas parecem não perceber e nem se lembrar disso!
A vaidade humana muitas vezes
encontra dificuldade de viver uma vida de total dependência e submissão a Deus.
Podemos encontrar ao longo da
história bíblica, diversos personagens importantes manifestando o mesmo
sentimento de sinceridade e humildade quando se depararam com a glória do
Senhor.
Abraão se humilhou perante o
Senhor, e Deus lhe fez pai de uma grande nação.
Moisés se humilhou perante Deus,
e ele foi constituído libertador do povo.
Gideão se rendeu ao Senhor, e
Deus lhe deu a a vitória sobre seus inimigos.
Davi sendo rei, se lançou com
rosto em terra e clamou pelo Senhor, e Deus lhe perdoou de todos os seus graves
pecados.
Ezequias se rendeu aos pés do
Senhor, e recebeu mais 15 anos de vida.
Isaías se prostrou diante da
visão do trono e temeu por sua própria vida.
João 3.29 - "A Noiva
Pertence ao Noivo; mas o amigo do Noivo, que está presente e o ouve, alegra-se
muito com a voz do noivo. Assim se completa esta minha alegria."
A quem pertence a Noiva? Sim, é o
Noivo. Então porque muitas vezes agimos como se a Noiva pertencesse a nós? Ela
não Pertenceu a João Batista, nem a Isaías, Nem a Pedro e nem a Paulo. Muito
menos será de qualquer pessoa que se julgue alguma coisa em nosso tempo.
Mas somente ao Nosso Senhor Jesus
Cristo. Dele é a noiva! Amém!
Por isso é necessário que Ele
cresça. Por que a Glória de ser Senhor sobre tudo e sobre todos, pertence
somente a Ele.
Lembre-se sempre desta afirmação
de João Batista, aquele que um dia foi chamado de "o maior nascido de uma
mulher": A noiva pertence ao Noivo!
A nossa maior alegria, deve ser
desaparecer dos holofotes e das atenções dos homens para que Cristo cresça e
tome o seu lugar de honra no nosso meio.
A atitude de João Batista
demonstra e muito o tipo de caráter que um servo fiel precisa ter. De alguém que jamais usurparia a posição de honra que cabe somente ao seu Senhor.
É necessário deixar de lado os
títulos ministeriais que muitas vezes são atribuídos pelos homens, e que servem
apenas para promover o ego.
E nos apropriarmos do título mais
importante que podemos obter, servos do Senhor Jesus Cristo.
O Apóstolo Paulo, talvez tenha
sido um dos homens, espiritualmente, mais privilegiados de toda a Bíblia.
Em pelo menos quatro ocasiões o próprio
Jesus apareceu a Ele, a fim de instruí-lo e encorajá-lo em tempos de profunda
necessidade (At. 9.4-6; 18.9-10; 22.17-21; 23.11; 2 Co. 12.1-4).
Ele recebeu tão ampla revelação
da parte de Deus que seus escritos formam quase a metade do N.T.
No entanto, diante de tão
extraordinárias revelações, ele sempre se contentava em se referir a si mesmo
como um escravo de Cristo.
Ele mesmo dizia que se existisse
alguém que quisesse confiar na sua própria carne, este alguém seria ele mesmo.
Filipenses 3:5-9 - "Circuncidado
no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim,
verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da
igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era
lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso,
considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero
como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a
minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.
A verdade meu irmão e minha irmã
e que precisa ficar gravada em nosso coração é que um servo fiel nunca aparece.
Nunca é louvado pelos homens.
Mas serve sempre com humildade e
reverência diante daquele a quem pertence toda honra e toda glória.
O nosso Senhor precisa ser a
figura central do nosso ministério, bem como da nossa vida cristã, de maneira
que ele cresça e seja exaltado por todos que estiverem a nossa volta.
João Batista fez a parte que lhe
cabia como precursor do Rei; Mas ele não era o Messias.
João 3.28 - "Vós mesmos sois
testemunhas do que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante
dele."
E ao chegar o Senhor, ele se
alegrou com a sua voz. É por isso que dos nascidos de uma mulher, não houve
nenhum como joão Batista.
Porque nascido debaixo da Lei,
viveu e viu o Reino eterno chegar e se materializar nas mãos daquele que é o
Noivo, Jesus Cristo.
Sabendo acima de tudo, se colocar
numa posição adequada, sem orgulho ou arrogância, mas em humilde submissão a
Ele.
Pergunta importante:
É possível que Cristo seja maior
do que ele é?
A realidade do Reino de Deus
anunciada por Jesus, trouxe para nós a visão correta de quem somos e da nossa
grande necessidade.
De maneira que não mais
estivéssemos sujeitos as nossas próprias vontades e desejos, nem que fossemos
determinantes quanto a nossa própria vida.
Mas ao contrário, através da cruz
de Cristo, nossa natureza humana fosse completamente aniquilada e morta, e
assim o propósito segundo Paulo descreve em sua carta aos Filipenses fosse
cumprido.
Filipenses 2:9-11 - "Por
isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a
glória de Deus Pai."
Podendo enfim declarar, que
"[...] já não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim."
(Gálatas 2.20).
O que realmente muda, não é o
tamanho de Cristo, mas a perspectiva que temos dele, a importância e o que Ele representa para nós.
Isso só será possível a partir de
uma experiencia real com Senhor.
Sabe aqueles enormes monumentos,
que a longa distância parecem ser tão pequenos? E a medida que caminhamos a sua
direção e nos aproximamos, percebemos o tamanho real que possuem?
Não existe outra maneira de
Cristo crescer, se continuarmos distantes dele e não buscarmos um
relacionamento pautado no conhecimento de quem de fato Ele é.
E como diz o refrão de uma linda
música de Catedral: "Quanto mais a gente chega perto de Deus, a gente se
conhece mais."
A medida que nos aproximamos e o
conhecemos, percebemos quanto somos pequenos e insignificantes diante da sua
glória.
CONCLUSÃO
Para concluir nesse momento,
quero propor algumas reflexões pastorais e gostaria que você fosse realmente
sincero para consigo mesmo:
Você já
se frustrou por não ver os resultados do seu trabalho na casa do Senhor, e
achou que não estava sendo eficiente?
Já se sentiu injustiçado, quando não foi reconhecido ou valorizado pelo excelente
serviço prestado na Igreja?
Houve
algum momento que você já ficou triste ou magoado por se esquecerem de citar
seu nome por algo importante que tenha feito?
Se sua resposta foi sim para
todas essas perguntas, quero convidar você a rever os alvos do seu coração ao
exercer seu ministério, de maneira que estejam direcionados para a pessoa
certa: Jesus Cristo.
Agora, se sua resposta foi não
para todas essas perguntas, quero convidar você a através de uma oração renovar
o seu compromisso em glorificar a pessoa de Cristo nosso Senhor, não somente
com o que você faz dentro da igreja ou fora dela, mas com sua vida por
completo.
É fundamental entender que um
servo fiel, que tenha consagrado sua vida ao seu Senhor, nunca aparecerá,
jamais será louvado pelos homens.
O nosso Senhor precisa ter total
centralidade do nosso ministério, bem como da nossa vida cristã.
Pois somente através de um
constante reconhecimento de quem Ele é e de quem nós somos, estaremos aptos a
declarar como João Batista declarou: "É necessário que Ele cresça e que eu
diminua."
"Porque d'Ele, por meio
d'Ele e para Ele são todas as coisas; Glória pois a Ele, eternamente,
amém!" (Romanos 11:36).
Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz R