Deixa eu te dizer...

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

"Que Ele cresça e eu diminua" - Exposição João 3.26-30




João 3.30: "É necessário que ele cresça e eu diminua."

Antes de introduzir diretamente no contexto aqui descrito, gostaria de pintar um pouco o pano de fundo, falando do propósito que levou o evangelista João a escrever este livro.
A maioria dos comentaristas do Novo Testamento, determinam como propósito e mensagem de todo livro, a seguinte passagem que está contida em João 20.30-31:
"Jesus realizou na verdade, muitos outros sinais na presença dos seus discípulos, que não estão registrados neste livro. Estes, porém , foram registrados para que possais crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome."
Embora esse texto, seja de fato uma declaração de propósito, num aspecto salvífico, podemos encontrar em outras partes, propósitos que podem ser perfeitamente agregados ao sentido geral do livro.
Especialmente o sentido de exaltação e glória, trazido pelo autor em Jo. 1.14, onde é claro o despertar de uma verdadeira apreciação da divindade e da majestade do nosso Senhor Jesus Cristo. Veja o que diz:
"E o verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai."
O Evangelho de João traz para nós o conceito de exaltação e glória sobre a figura de Cristo, e ele faz isso 39 vezes, sendo este conceito apenas menos importante que o conceito de crer nele para obter a vida eterna.
Hoje em dia, tem se tornado muito popular para muitos cristãos, utilizar como frase de efeito ou status em redes sociais, textos bíblicos muito conhecidos como João 3.30, não é verdade?
Mas a pergunta é: será que tem sido uma realidade de fato na sua vida?
Será que estamos dispostos a pagarmos o preço da renúncia para que de fato isto seja uma verdade na nossa vida?
Então eu quero convidar você a ter uma visão honesta e correta da mensagem que este contexto quer nos trazer.
Quando lemos os versículos anteriores percebemos claramente qual a proposta do autor em descrever tais palavras.
João 3.26-30 - "E foram até João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo do outro lado do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos estão se dirigindo a Ele. João respondeu: Ninguém pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu. Vós mesmos sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. A noiva pertence ao noivo, mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, alegra-se muito com a vos do noivo. Assim se completa esta minha alegria. É necessário que ele cresça e que eu diminua."
Veja que a frase contida no verso 30, é apenas a conclusão de um diálogo entre os discípulos de João Batista, que o indagaram, sobre o repentino crescimento da fama de Jesus entre os judeus e que Ele estaria também batizando e anunciando a Palavra do Reino de Deus.
Eles se preocupam claramente com o fato de que o ministério de João estaria  sendo ofuscado por Jesus.
Jesus era totalmente desconhecido até que o próprio João falasse abertamente quem ele era, mas olha o que está acontecendo agora.
O discurso exagerado deles demonstra claramente a sua frustração: “… e todos estão se dirigindo a Ele” (João 3.26).
A resposta dada por João Batista realmente é fantástica, sobre todos aqueles que exercem algum ministério para o Senhor.
Primeiramente ela flui diretamente para a verdade de que não somos o Cristo de ninguém. A nossa tarefa é apontar as pessoas para aquele que realmente salva e tão logo saímos de cena.
João 3.28 - "[...] Não sou o Cristo, [...]".
A primeira vez que ouvimos a voz de João Batista foi quando os sacerdotes e levitas vêm de Jerusalém para testemunhar bem de perto o seu ministério.
O evangelista não se preocupa em tomar muito espaço com diversos detalhes a respeito do estilo de João Batista e de sua popularidade, porém considerando a forma que os demais autores bíblicos o descreveram não é difícil de imaginar o que esses líderes judeus esperavam encontrar.
Em essência, eles vem perguntando: Quem você pensa que é?
Eles certamente ouviram a respeito do seu modo despojado de se vestir, sua dieta estranha e suas chocantes declarações.
Sem dúvida esperavam um cara cheio de si. Contudo as respostas de João falavam somente sobre quem ele não era: “Eu não sou o Cristo” (João 1.20).
Ele não quer falar de si mesmo porque sabe e tem amor pelo fato de que ele não é o ponto mais importante.
Ele não é a solução. Ele não é o herói. Ele não é o personagem principal dessa história.
A metáfora que João usa com os seus amigos ainda hoje fala poderosamente. 
Ele fala sobre o noivo (que é Jesus), a noiva (que é o seu povo) e o amigo do noivo (esse é João Batista).
“A noiva pertence ao Noivo”, diz João. Todavia o amigo do noivo não é invejoso.
Ele buscava apresentar o noivo, e não em arranjar uma noiva para si.
Ele buscava elevar a imagem do seu amigo, e ele se enche de alegria quando a sua obra é concluída (João 3.29).
Por um lado, o ministério de João – a obra da sua vida – estava se esvaindo. Em questão de meses, ele teria a sua cabeça servida numa bandeja. E ele certamente consegue perceber os sinais disso.
Porém, longe de cair em desespero, ele afirma: “Assim se completa esta minha alegria.” (João 3.29).
Ele encara anonimato e a morte com grande alegria, pois o seu alvo de vida e ministério tinha um foco e estava sendo cumprido: “…que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30).
Mesmo sabendo que um dia iria partir desse mundo, não se importava se seu nome fosse apagado ou sequer lembrado, com tanto que Cristo fosse glorificado.
Em outras palavras, convém que Jesus cresça e se estabeleça como o Rei Majestoso, cheio de honra e de Glória.
Não é algo libertador para qualquer um que exerça seu ministério, um manifesto como esse?
Esta atitude é fundamental no que diz respeito a um servo fiel ao seu Senhor.
Mesmo que possua um papel importante no Reino de Deus e que desfrute de privilégios espirituais.
O correto e sincero reconhecimento de quem você é e de quem Ele é, o habilitará a fazer a mesma declaração: “…que ele cresça e que eu diminua”.
Quando enxergamos o que João Batista está dizendo, percebemos como muito dos nossos "ministérios" e serviços que prestamos na cada de Deus estão cheios de nós mesmos.
Estamos vivendo uma época em que as pessoas estão com o seus egos exaltados, muitos estão buscando a sua própria glória, através da fama, da popularidade e do reconhecimento.
Dizer: É necessário que Ele cresça e que eu diminua, implica em renunciar a soberba e depositar todos os créditos, nossos dons e talentos para que Deus seja glorificado.
Tudo vem dEle e é para Ele, mas muitas pessoas mesmo dentro das igrejas parecem não perceber e nem se lembrar disso!
A vaidade humana muitas vezes encontra dificuldade de viver uma vida de total dependência e submissão a Deus.
Podemos encontrar ao longo da história bíblica, diversos personagens importantes manifestando o mesmo sentimento de sinceridade e humildade quando se depararam com a glória do Senhor.
Abraão se humilhou perante o Senhor, e Deus lhe fez pai de uma grande nação.
Moisés se humilhou perante Deus, e ele foi constituído libertador do povo.
Gideão se rendeu ao Senhor, e Deus lhe deu a a vitória sobre seus inimigos.
Davi sendo rei, se lançou com rosto em terra e clamou pelo Senhor, e Deus lhe perdoou de todos os seus graves pecados.
Ezequias se rendeu aos pés do Senhor, e recebeu mais 15 anos de vida.
Isaías se prostrou diante da visão do trono e temeu por sua própria vida.
João 3.29 - "A Noiva Pertence ao Noivo; mas o amigo do Noivo, que está presente e o ouve, alegra-se muito com a voz do noivo. Assim se completa esta minha alegria."
A quem pertence a Noiva? Sim, é o Noivo. Então porque muitas vezes agimos como se a Noiva pertencesse a nós? Ela não Pertenceu a João Batista, nem a Isaías, Nem a Pedro e nem a Paulo. Muito menos será de qualquer pessoa que se julgue alguma coisa em nosso tempo.
Mas somente ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Dele é a noiva! Amém!
Por isso é necessário que Ele cresça. Por que a Glória de ser Senhor sobre tudo e sobre todos, pertence somente a Ele.
Lembre-se sempre desta afirmação de João Batista, aquele que um dia foi chamado de "o maior nascido de uma mulher": A noiva pertence ao Noivo!
A nossa maior alegria, deve ser desaparecer dos holofotes e das atenções dos homens para que Cristo cresça e tome o seu lugar de honra no nosso meio.
A atitude de João Batista demonstra e muito o tipo de caráter que um servo fiel precisa ter. De alguém que jamais usurparia a posição de honra que cabe somente ao seu Senhor.
É necessário deixar de lado os títulos ministeriais que muitas vezes são atribuídos pelos homens, e que servem apenas para promover o ego.
E nos apropriarmos do título mais importante que podemos obter, servos do Senhor Jesus Cristo.
O Apóstolo Paulo, talvez tenha sido um dos homens, espiritualmente, mais privilegiados de toda a Bíblia.
Em pelo menos quatro ocasiões o próprio Jesus apareceu a Ele, a fim de instruí-lo e encorajá-lo em tempos de profunda necessidade (At. 9.4-6; 18.9-10; 22.17-21; 23.11; 2 Co. 12.1-4).
Ele recebeu tão ampla revelação da parte de Deus que seus escritos formam quase a metade do N.T.
No entanto, diante de tão extraordinárias revelações, ele sempre se contentava em se referir a si mesmo como um escravo de Cristo.
Ele mesmo dizia que se existisse alguém que quisesse confiar na sua própria carne, este alguém seria ele mesmo.
Filipenses 3:5-9 - "Circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé.
A verdade meu irmão e minha irmã e que precisa ficar gravada em nosso coração é que um servo fiel nunca aparece. Nunca é louvado pelos homens.
Mas serve sempre com humildade e reverência diante daquele a quem pertence toda honra e toda glória.
O nosso Senhor precisa ser a figura central do nosso ministério, bem como da nossa vida cristã, de maneira que ele cresça e seja exaltado por todos que estiverem a nossa volta.
João Batista fez a parte que lhe cabia como precursor do Rei; Mas ele não era o Messias.
João 3.28 - "Vós mesmos sois testemunhas do que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele."
E ao chegar o Senhor, ele se alegrou com a sua voz. É por isso que dos nascidos de uma mulher, não houve nenhum como joão Batista.
Porque nascido debaixo da Lei, viveu e viu o Reino eterno chegar e se materializar nas mãos daquele que é o Noivo, Jesus Cristo.
Sabendo acima de tudo, se colocar numa posição adequada, sem orgulho ou arrogância, mas em humilde submissão a Ele.

Pergunta importante:
É possível que Cristo seja maior do que ele é?

A realidade do Reino de Deus anunciada por Jesus, trouxe para nós a visão correta de quem somos e da nossa grande necessidade.
De maneira que não mais estivéssemos sujeitos as nossas próprias vontades e desejos, nem que fossemos determinantes quanto a nossa própria vida.
Mas ao contrário, através da cruz de Cristo, nossa natureza humana fosse completamente aniquilada e morta, e assim o propósito segundo Paulo descreve em sua carta aos Filipenses fosse cumprido.
Filipenses 2:9-11 - "Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai."
Podendo enfim declarar, que "[...] já não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive em mim." (Gálatas 2.20).
O que realmente muda, não é o tamanho de Cristo, mas a perspectiva que temos dele, a importância e o que  Ele representa para nós.
Isso só será possível a partir de uma experiencia real com Senhor.
Sabe aqueles enormes monumentos, que a longa distância parecem ser tão pequenos? E a medida que caminhamos a sua direção e nos aproximamos, percebemos o tamanho real que possuem?
Não existe outra maneira de Cristo crescer, se continuarmos distantes dele e não buscarmos um relacionamento pautado no conhecimento de quem de fato Ele é.
E como diz o refrão de uma linda música de Catedral: "Quanto mais a gente chega perto de Deus, a gente se conhece mais."
A medida que nos aproximamos e o conhecemos, percebemos quanto somos pequenos e insignificantes diante da sua glória.

CONCLUSÃO
Para concluir nesse momento, quero propor algumas reflexões pastorais e gostaria que você fosse realmente sincero para consigo mesmo:
   Você já se frustrou por não ver os resultados do seu trabalho na casa do Senhor, e achou que não estava sendo eficiente?
   Já se sentiu injustiçado, quando não foi reconhecido ou valorizado pelo excelente serviço prestado na Igreja?
   Houve algum momento que você já ficou triste ou magoado por se esquecerem de citar seu nome por algo importante que tenha feito?
Se sua resposta foi sim para todas essas perguntas, quero convidar você a rever os alvos do seu coração ao exercer seu ministério, de maneira que estejam direcionados para a pessoa certa: Jesus Cristo.
Agora, se sua resposta foi não para todas essas perguntas, quero convidar você a através de uma oração renovar o seu compromisso em glorificar a pessoa de Cristo nosso Senhor, não somente com o que você faz dentro da igreja ou fora dela, mas com sua vida por completo.
É fundamental entender que um servo fiel, que tenha consagrado sua vida ao seu Senhor, nunca aparecerá, jamais será louvado pelos homens.
Mas serve com humildade e reverencia diante daquele a quem pertence toda a glória.
O nosso Senhor precisa ter total centralidade do nosso ministério, bem como da nossa vida cristã.
Pois somente através de um constante reconhecimento de quem Ele é e de quem nós somos, estaremos aptos a declarar como João Batista declarou: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua."



"Porque d'Ele, por meio d'Ele e para Ele são todas as coisas; Glória pois a Ele, eternamente, amém!" (Romanos 11:36).
  

Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz R