Deixa eu te dizer...

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Quando Deus não é Suficiente - Ezequiel 14.1-5



Introdução

“Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração permanece inquieto enquanto não encontra repouso em ti” (Agostinho, Confissões).

“Há um vazio no coração do homem do tamanho de Deus que não pode ser preenchido por qualquer coisa criada, mas somente por Deus, o Criador, conhecido através de Jesus” (Blaise Pascal, Pensées).

Uma reflexão muito importante que precisamos sempre fazer é: "Como anda o nosso relacionamento com Deus?"
Em relação ao meu coração: "Será que Deus permanece ainda no mesmo lugar? Entronizado como Deus?"
Estamos vivendo um tempo onde Deus tem perdido espaço para muitas aberrações, que ao nosso ver não significam nada.
Algo que se poderia esperar de um mundo que segundo João, "jaz no maligno". No entanto, vemos como o povo de Deus tem se deixado contaminar por um pecado que tem se manifestado de uma forma subjetiva ao longo das eras: A idolatria!
É enganoso pensar que praticam idolatria, somente aqueles que se prostram diante de imagens e confiam a elas sua necessidades.
O próprio Apóstolo João já exortava os crentes em Cristo: "Filhinhos guardai-vos dos ídolos." (I Jo. 5.21).
Quando falamos de qualquer tipo de interferência no seu relacionamento com Deus, estamos falando de Idolatria. Afinal, quando Deus não é suficiente, passamos a recorrer a inúmeras alternativas que trarão ao nosso coração uma falsa sensação de tranquilidade.
O que isso significa?
O coração novo que recebemos em Cristo está ainda em um processo de aperfeiçoamento, e quando Deus, de forma funcional, “não é suficiente”, nossas ansiedades e medos tomam conta, e então, saímos em busca de deuses projetados ou pseudo-salvadores.
No início de Ezequiel 14, podemos observar a conversa fascinante que ocorreu entre o profeta e Deus.

Vamos analisar este contexto:

Ao invés de apresentar e contar a história de redenção de Deus a todas às nações vizinhas, Israel havia sido gradualmente atraída para a adoração dos deuses deles.
O impulso de Israel à idolatria não aconteceu porque o povo ficou entediado com a liturgia de seu templo.
Ou encantado com a música das bandas de adoração nos templos pagãos.
ou ainda impressionado com a oratória do novo profeta cananeu que tinha acabado de se mudar para o bairro.
Ninguém em Israel saiu em busca de um novo culto de adoração, mas sim de novos deuses para servi-los.
Estavam simplesmente abandonando o Deus único e verdadeiro e se entregando totalmente  a outros deuses.
O centro de sua adoração mudou de Deus para seus ídolos. Eles já não mais adoravam a Deus—isto é, o seu relacionamento com Deus foi completamente esquecido.
Quando a glória do único Deus vivo deixa de ser a nossa principal paixão na vida, qualquer coisa poderá ser suficiente para nossa satisfação.
Ao invés de viver para a glória de Deus e buscá-lo para suprir nossas necessidades, passamos a existir para nós mesmos e a buscar deuses que satisfarão nossos anseios.
Deus reage a traição do seu povo, procurando reavê-los por meio da sua disciplina.
Diante dos fortes ataques inimigos, os babilônios, alguns dos anciãos de Israel resolveram ir novamente ao profeta Ezequiel, aparentemente procurando orientação do Senhor (14:1).
O profeta Ezequiel era a única fonte de consulta naquele momento difícil e, por isso, anciãos o procuraram.
Deus sempre falava por meio de Ezequiel, mas as palavras quase sempre eram duras e cheias de denúncias.
O Senhor nem mesmo estava disposto a responder as perguntas daqueles homens, contudo, resolveu responder conforme a idolatria deles.
A palavra do Senhor àqueles anciãos foi áspera, condenando os líderes por suas inclinações à idolatria (14:2-5).
Ele falou sobre levantar ídolos dentro do coração (14:3), mostrando que o problema partia de uma atitude idólatra, e não somente das práticas visíveis da idolatria.
Em conseqüência desta idolatria no coração, eles não tinham direito de se aproximarem de Deus para interrogá-lo (14:3).
O acesso a Deus depende de um coração puro e voltado a ele. Os idólatras que ousavam ainda chegarem a Deus seriam castigados severamente pelo Senhor.
Os que não aprenderam pela palavra, poderiam aprender somente pelos atos de Deus (14:4-10).
Então Deus revela neste contexto a sua vontade em relação ao povo. Ele queria que o povo se purificasse de sua idolatria para ser verdadeiramente o povo do Senhor (14:11).
Versículo 6 diz: "Convertei-vos e deixai os vossos ídolos; desviai de todas as vossas abominações."
Versículo 11: "Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim nem se contamine com todas as suas transgressões; mas que seja o meu povo, e eu seja o seu Deus, diz o Senhor Deus."
As vezes eu fico pensando na dimensão do amor de Deus, de sua Graça e de sua infinita misericórdia.
Como é grande a sua bondade e sua fidelidade permanece para sempre, assim diz o salmista.
Eu fico me perguntando quanto aos inúmeros benefícios que Deus tem nos proporcionado neste relacionamento que noutro tempo, nos foi conquistado através de Cristo, e como ainda nós, somos capazes de substituí-lo por qualquer outra coisa que nos satisfaça.
Passamos horas, dias, semanas, meses e anos, gastando o nosso tempo com tantas coisas que proporcionam prazer momentaneamente, nos esquecendo que existem coisas muito mais relevantes e que simplesmente são esquecidas.

      Como você se sentiria se ao chegar em casa, o seu único anseio fosse encontrar com seu filho, poder então brincar com ele, lhe  dar a devida atenção.
      Mas ao chamá-lo, você tivesse que ouvir duramente suas palavras: "não tenho tempo para você!"
      Pior do que isso, seria vê-lo atender ao chamado de um outro pai. Que se mostra tão mais interessante para ele.
      Qual seria a sua reação?

Pense um pouco nisso. Pense se de fato, o Deus que te criou, que te sustentou e que supriu todas as sua necessidades. Aquele que zelou por sua vida, te permitiu conhecê-lo e te preservou até aqui, tem sido todo suficiente para você.
Talvez você responda positivamente a todas estas peguntas, mas o que de fato tem te levado para longe de um relacionamento de intimidade com Deus?
Acredito que a pior condenação que a humanidade poderia experimentar, é ser entregue a suas vontades.
Pois enquanto Deus estiver interessado em se relacionar conosco, haverá sempre uma esperança.

E como Deus reage a tudo isso? Três fases se destacam para mim nessa passagem crucial.
Cada uma delas enfatiza o quão obstinadamente Deus nos ama em Cristo e quão incansavelmente ele busca o afeto de nossos corações.

O lamento de Deus: “Estes homens ergueram ídolos em seus corações” vs. 3.

O texto revela a maneira com o qual os homens, se afastaram de Deus. Erguendo ídolos em seus corações.
Podemos imaginar como estaria o coração de Deus, ao se deparar com esta situação?
O propósito de Deus ao nos criar, foi estabelecer uma relação baseada no seu amor e na nossa devoção.
Desde que o pecado entrou no mundo, causando um rompimento nesta relação, Deus tem buscado atrair o nosso coração, nos trazendo de volta para ele.
No passado, uma aliança foi feita, e isso estava muito claro na mente do povo.
Deuteronômio 6.13-14 - "Temerás o Senhor, teu Deus, a Ele prestarás culto e jurarás pelo seu nome. Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que habitarem ao teu redor."
Mas em muitos momentos essa aliança foi quebrada, simplesmente por que o coração do homem inclinava-se ao engano de um outro deus.
Nós somos bem capazes de levantar ídolos físicos em qualquer lugar. Mas quer seja um bezerro de ouro no pátio ou um carro novo na garagem, a principal habitação da idolatria é o coração do homem.
As obras de nossas mãos ou as palavras de nossas bocas fluem simplesmente do que está acontecendo nos santuários de nossos corações.
Mateus 6.21 - "Porque onde estiver o teu tesouro, aí também estará o seu coração."
Em termos práticos, podemos nos deparar com diversos santuários: Dinheiro, fama, poder, sexo, drogas, jogos de azar.
Alguns santuários existem até mesmo, não tendo sido criados para esse fim: o casamento, a faculdade, o emprego, a internet ou a TV, a igreja, seu pastor.
Quando todas essa coisas, passam a ter santuários em nós mesmos, nosso relacionamento com Deus é prejudicado, e tanto você quanto eu cometemos idolatria.
E de uma forma ou de outra, sua relação com o Senhor é afetada.
Existem muitas coisas para se envolver, mas o que há de melhor, sobretudo para nossa vida espiritual, está em "amar a Deus, de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e com toda as nossas forças". (Mt.22.37).
Deus nunca desistiu de nós.
Basta lembrar-se do caso do profeta Oséias. O resgate que ele fez de sua mulher, que o havia deixado, mulher adultera, amada por outro, um retrato claro e triste de como Israel havia sido infiel, abandonando o Senhor por ídolos.
Deus esteve sempre disposto a demonstrar novamente seu amor por essa nação, resgatando-a como fez Oséias, de sua decadência moral e espiritual, tomando-a de volta em seus braços.
Esta é uma das maiores reflexões que procuro fazer em toda minha vida.
Salmo 8.4 - "O que é o homem para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?"
Deus sempre age com justiça, para com os nossos atos, no entanto, cada ato justo de Deus, é motivado por um coração cheio de amor.
Tudo que Deus mais anseia em relação ao seu povo está escrito: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios 23:26).
Ele terá os nossos corações, porque somente Deus é merecedor disso.
Não podemos perder a oportunidade de entregar os nossos corações e se relacionar com Ele.
Viver uma vida totalmente voltada a Ele.
O ideal de Deus para sua vida é que você desfrute do melhor que Ele oferece. Isso somente será possível, por meio de um relacionamento fiel a Ele.

A promessa de Deus: “eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos”. vs. 4b.

Apesar de sua paciência ilimitada, o amor de Deus por seu povo o impele a agir com poder e, se necessário, de forma dolorosa.
Como Deus nos responde segundo a nossa idolatria?
Deus permite que nós experimentemos as consequências sempre destrutivas resultantes da confiança nos ídolos.
Ao analisarmos a história, sempre veremos um ciclo se repetir: pecado, juízo, arrependimento e restauração.
A disciplina de Deus, é parte fundamental neste processo de restauração com o Senhor.
“Meu filho, não despreze a disciplina do SENHOR nem se magoe com a sua repreensão.” (Provérbios 3:11)
Aquilo que parecia ser algo terrível para o povo de Deus, na verdade estava sendo, nada mais, do que a correção do Senhor pelos seus atos.
"Saibam, pois, em seu coração que, assim como um homem disciplina o seu filho, da mesma forma o Senhor, o seu Deus, os disciplina." (Dt. 8.5).
Quando nós lemos a fascinante história que está relatada no livro do profeta Habacuque, percebemos como uma situação desesperadora se torna nas mãos de Deus, uma ferramenta de restauração.
Israel havia abandonado o Senhor para viver no pecado. O profeta se queixa diante de Deus por esta situação.
Deus então decide intervir, se valendo de uma nação inimiga e tão mais ameaçadora. Capaz de destruir tudo que estivesse a sua frente.
Habacuque viveu em um dos tempos mais críticos de Israel. Este tempo foi fundamental para o concerto que Deus haveria de realizar no meio do seu povo.
De igual maneira, no tempo do profeta Ezequiel, a disciplina foi o meio que Deus usou para tirar os ídolos do coração do seu povo.
No entanto, somente quando os nossos ídolos falham conosco, é que nós começamos a entender a futilidade e a insanidade da idolatria (Isaías 44).
Sabe aquele momento na sua vida que você possui uma necessidade específica, e esta te leva a uma forte busca por Deus em oração e em constante fervor.
Mas basta Deus te responder positivamente, para que a realização deste sonho te leve para longe da presença do Senhor.
Você quase não se dá conta, até contabilizar os danos e prejuízo causados a você e àqueles que você ama.
A idolatria carrega um poder de cegar e escravizar as pessoas.
Apenas um poder tão grande quanto a graça de Deus pode acabar com os enganos e destruir as armadilhas da idolatria.
Deus intervem a situação, antes que o povo se perca totalmente pelo caminho da idolatria.
Deus sempre age com justiça, para com os nossos atos, no entanto, cada ato justo de Deus, é motivado por um coração cheio de amor.
Quantas vezes, somos pegos em situações difíceis, e nem ao menos passa pela nossa cabeça que talvez Deus esteja tratando com sua vida.
Há um texto na Palavra do Senhor muito conhecido que se encontra em 2 Cr. 7.14: "E se esse meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha face, e se afastar dos seus maus caminhos, então, dos céus os ouvirei, perdoarei os seus pecados e curarei a sua terra."
Este texto nos mostra o caminho ideal para a restauração completa e também evidencia a ultima fase de como Deus Reage.

A esperança de Deus: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos”. vs. 5.

Conforme eu tenho sido guiado, e às vezes arrastado, no processo de transformação realizado pelo evangelho, poucas palavras de esperança têm tido tanto significado para mim quanto essas.
Por que, às vezes, Deus torna a vida dolorosa para nós? Por que Deus escreve histórias que nós nunca escreveríamos;
Segue uma linha do tempo que nós nunca escolheríamos; e responde as nossas orações de tal maneira que nós pensamos que ele está na verdade nos rejeitando?
Ele nos dá a resposta: “Assim agirei a fim de reconquistar o coração de toda Casa de Israel; nação esta que me desprezou em troca de seus ídolos inúteis.”
Deus espera que respondamos de forma positiva a maneira pelo qual ele está agindo.
Ou seja, deixemos de lado, sem nenhuma reserva, todos os ídolos do nosso coração e corramos para os seus braços.
Ninguém nos ama como Deus em Jesus—mesmo que seja necessário nos levar ao cativeiro da Babilônia para nos convencer disso.
O ciúme de Deus por nosso amor é o maior elogio que ele poderia nos fazer, e também o presente mais caro que ele poderia nos dar.
Custou muito caro para Deus porque exigiu a vida e a morte do seu filho.
2 Coríntios 5.17-18 - "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. Tudo isso, provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por intermédio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação."
Deus não nos criou para vivermos longe da sua presença. Se é a nossa idolatria que nos afasta dele; Somente o seu amor, e a sua misericórdia, pode nos trazer de volta para perto dele.

O propósito de Deus ao nos criar, foi estabelecer uma relação baseada no seu amor e na nossa devoção.
Deus espera que amemos se relacionar com ele, porque de fato, Ele nunca nos abandonará.
Isso pode se tornar bem perturbador e confuso.
Em algum momento você poderá afirmar: “Nada vai me separar do amor de Deus”, sem perceber tudo o que está implícito nessa  declaração.
O Deus de amor não tolerará o nosso amor pelos ídolos. Ele reagirá a fim de reaver aqueles que lhe pertencem. Este processo poderá ser doloroso. Precisamos corresponder ao agir de Deus.

Louvado seja o nome do Senhor, pois enquanto Deus estiver interessado em se relacionar conosco, haverá sempre uma esperança.
Isaías 55.6 - Buscai ao Senhor enquanto é possível encontrá-lo; invocai-o está próximo."

Que o Senhor nosso Deus tenha misericórdia das nossas vidas e nos ajude nesta jornada.



Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz

quarta-feira, 22 de abril de 2020

5 Perguntas sobre Batismo feitas a um Imersionista





Prólogo
Sempre como Batista, percebia que as explicações sobre o modo como realizamos o batismo eram muito rasas e com poucos argumentos, mas que de alguma maneira eram satisfatórias para mim e não implicavam em algum impedimento para o exercício da minha fé.
Mesmo depois de ordenado ao ministério, ainda não havia sido impelido a pensar sobre algumas questões que envolvem o assunto de maneira mais aprofundada.
Agradeço a Deus por me oportunizar uma situação onde me foi apresentado o contraponto da posição, que acredito ser bíblico, com argumentos bem detalhados e cheios de embasamentos em diversas matérias que envolvem o estudo da teologia, e de alguma forma, isso ter gerado em mim um inconformismo por nunca ter pensado sobre o assunto de maneira mais aprofundada.

Introdução
Primeiramente é preciso compreender o conceito e definição que temos do que representa o rito do Batismo, baseados nas Sagradas Escrituras.
Segundo a Confissão de Fé Batista de Londres 1689, o batismo é um sinal de sua comunhão com Cristo, na sua morte e ressurreição; de sua união com Ele; da remissão dos pecados; da consagração da pessoa a Deus, através de Jesus Cristo, para viver e andar em novidade de Vida (Federalismo 1689, capitulo XXIX, §1º).
O batismo é uma ordenança de Jesus após a sua ressurreição dada aos Discípulos à Igreja local (Mt. 28.19-20). Quando cremos em Jesus como nosso Senhor e Salvador, somos de forma imediata inseridos pelo Espírito Santo (Penhor da nossa herança, Ef. 1.13) no invisível Corpo de Cristo (Atos 11:17), e por meio do batismo em águas nos identificamos com o seu Corpo Visível – a Igreja local. (Atos 18:8).
Ordenança nenhuma é um sacramento, no sentido católico romano — “um canal mediador da graça” – No catolicismo, são sete os canais mediadores de graça: batismo, confirmação, eucaristia, penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimônio. Mas, no sentido bíblico, ordenança é um rito cerimonial simbólico que atesta ou confirma a graça recebida internamente, pelo Espírito Santo, da parte do próprio Deus, independentemente da igreja, mas por causa da fé na obra de Cristo (as confissões reformadas aceitam apenas o batismo e a ceia como ordenanças ou sacramentos).
O batismo é praticado por aquele que confessa um sincero arrependimento do seu pecado, coloca sua fé em Jesus Cristo e O recebe como Salvador e Senhor da sua vida.
Marcos 16:16 – “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.”
Atos 2:41 – “Os que aceitaram a mensagem foram batizados, e naquele dia houve um acréscimo de cerca de três mil pessoas.”
Atos 8:36,37 – “Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco disse: "Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado? " Disse Filipe: "Você pode, se crê de todo o coração". O eunuco respondeu: "Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus".
Atos 18:8 – “Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor, ele e toda a sua casa; e dos coríntios que o ouviam, muitos criam e eram batizados.”
Batismo é uma pública demonstração da decisão que a pessoa tomou de seguir Jesus – como uma aliança de casamento – um símbolo externo do compromisso feito primeiro no coração.
Sem dúvida alguma, a obediência a essa ordenança configura no ponto mais importante da nossa concepção sobre o assunto.
No entanto, existem algumas questões se fazem necessárias nesse texto no que se refere a ordenança do batismo, para que por meio de suas respostas tenhamos a compreensão clara quanto ao pensamento bíblico sobre o assunto.

 Questões Elementares
           1 - O que representava o batismo de João no contexto do Novo Testamento?
           2 - Como os 3 mil convertidos em Pentecostes, por ocasião da pregação de Pedro, se batizaram (At. 2.41)?
           3 - Como foram batizados os convertidos na casa de Cornélio (At. 10.47-48)?
           4 - Como foram batizados os convertidos da casa do Carcereiro (At. 16.33)?
           5 - Como o Apóstolo Paulo foi batizado (Atos 9.18-19)?

Questão 1 - O que representava o batismo de João no contexto do Novo Testamento?
A partir dessa primeira abordagem, poderemos desenvolver o pensamento bíblico e neo-testamentário sobre o batismo. Afinal, cremos na progressividade da revelação e como tudo convergiu desde a antiguidade para a nova e eterna aliança realizada em Cristo.
O homem escolhido por Deus para anunciar a chegada do Messias teve uma carreira de pouca duração, mas de grande impacto. João Batista pregou uma mensagem de arrependimento e da vinda do reino dos céus (Mateus 3:2). Dois mil anos depois, leitores da Bíblia ainda lutam para compreender o papel do batismo que João pregava. Para que serviu este batismo?
Atos 19:1-5 – “Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: "Vocês receberam o Espírito Santo quando creram? " Eles responderam: "Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo". "Então, que batismo vocês receberam? ", perguntou Paulo. "O batismo de João", responderam eles. Disse Paulo: "O batismo de João foi um batismo de arrependimento. Ele dizia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus". Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus.”
Percebemos nessa passagem, que o batismo de João não consistia ainda no batismo cristão, ou seja, o batismo praticado pela igreja primitiva. Ao que tudo indica, seria algo momentâneo, destinado a um período específico.
João pregou o "batismo de arrependimento para remissão de pecados" (Marcos 1:4; Lucas 3:3) e realizava estas imersões nas águas do rio Jordão dentre outros (Marcos 1:5; João 1:28; 3:23).

Primeiro como sabemos que o ato realizado por João era de fato “imersões”? O termo batismo no seu original é “Baptismo” – Consistindo nos processos de Imersão, submersão e emersão (derivado de baptõ, “imergir”). O termo é utilizado no texto original para designar o batismo realizado por João. Vamos compreender mais profundamente seguindo as explicações no texto a seguir.
Segundo, o que significa a expressão designada ao profeta "batismo de arrependimento para remissão de pecados"? No batismo, o elemento externo (simbólico) essencial para significar a graça do perdão dos nossos pecados recebida internamente é a água. Um dos significados do batismo é a lavagem pela água, que aponta para a purificação que temos em nós e que nos é aplicada pelo Espirito Santo. Tito 3:5  - “Não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.” Efésios 5.26 – “Para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra”.
João Batista fazia parte de uma classe de profetas ligado ao contexto judaico do Antigo Testamento. Portanto, o rito praticado por ele estava relacionado diretamente a purificação cerimonial da antiga aliança, que preparava a todos para o encontro com o Messias e apontava para a purificação espiritual que realizaria sobre o seu povo por meio do seu sacrifício. Por essa razão, João desempenhou um importante papel na revelação, sendo o elo que liga as práticas judaicas da velha aliança a pessoa do Cristo.
O baptismo - imersão - não é contudo uma iniciativa cristã, mas antes uma prática judaica seguida ao longo de gerações, muito antes da vinda de Jesus à terra. De facto, os próprios sacerdotes tinham de ser mergulhados - baptizados - em água, como parte da sua consagração ao serviço divino - Êxodo 29:4.
No Judaísmo antigo, havia um lugar comumente conhecido por Mikveh ou Mikvah, que nada mais era do que um tanque ou poço cheio de água preparado para uma imersão ritual, com propósito de purificação. A Torá descreve esse processo de purificação, ordenando que a pessoa impura faça uma imersão num Micvê. Porém a Micvê não poderia conter qualquer tipo de água, mas águas vivas, oriundas de um rio, de chuvas ou degelo da montanha. Por isso foi permitido a construção de canais que coletassem águas vivas para abastecer as Micvês da cidade. Na tradição Judaica, que remonta desde os primórdios, o micvê proporciona ao indivíduo, à comunidade e ao povo Judeu pureza e santidade.
Essa prática era também aplicada a Mulheres no término do seu ciclo menstrual, homens após a ejaculação e a prosélitos, ou seja, estrangeiros convertidos ao judaísmo.
Veja-se por exemplo o caso do sírio Naamã, que mergulhou 7 vezes no rio Jordão, tendo ficado limpo da sua lepra (II Rs. 5.10), e do convite ao baptismo feito por João Batista e que levou milhares a descerem às águas para serem imersos como demonstração de arrependimento dos seus pecados e preparação individual para a entrada no Reino de Deus (Jo. 3.23).
O baptismo cristão seguiu inicialmente o rito judaico da purificação - em que a pessoa descia sozinha os degraus do tanque - mikveh, e mergulhava sozinho 3 vezes seguidas, no sentido vertical, como forma cerimonial e simbólica de purificação, ficando assim "puro" para oferecer a sua oferta sacrificial no Templo de Jerusalém. Nenhum homem podia subir ao Templo de Jerusalém para oferecer um sacrifício ou ministrar ao Senhor sem antes passar pelo mikveh, simbolizando dessa forma a sua purificação pessoal.
Então porque Jesus, sendo o Messias prometido, foi batizado? Uma vez que ele não possuía pecado algum para ser purificado.
Como dissemos anteriormente, o ritual de purificação por imersão nas águas, fazia parte também do ato de Consagração do Sacerdote.
Muitos eram os rituais de preparação que os sacerdotes deveriam realizar antes de se achegarem à presença de Deus. Uma parte dos rituais era a lavagem com água, que simbolizava pureza e perfeição.
“Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água” (Êx 29.4). A imersão era total, segundo o mandamento bíblico "toda a sua carne banhará com água" (Levítico 15:16).
Após essa etapa, vinha a unção com azeite (Êx 30.23-33). O azeite da unção deveria ser derramado sobre a cabeça de Arão e seus filhos, e assim, ungi-los para o exercício do oficio.
Por fim, era necessário que antes de ministrar em favor do povo, o sacerdote oferecesse sacrifícios de holocausto por sua própria vida. Arão e seus filhos deveriam levar um cordeiro, sem mancha ou defeito, diante do altar (Êx 29.10-18).
Esse processo de consagração do sacerdote, era praticado principalmente na época do “Yom Kippur”, segundo a tradição, “O Dia do Perdão”, onde uma vez por ano se realizava sacrifício por toda a nação de Israel.
Desta maneira, Jesus Cristo, sendo nosso sumo sacerdote, simbolicamente se submete ao rito da purificação realizado por João Batista, não para remir-se de algum pecado, mas para demonstrar sua preparação para o Oficio designado, cumprindo não apenas uma etapa do processo mas, com a descida do Espirito Santo, simbolizando a unção com óleo do passado, recebe a aprovação do Pai, para em seguida oferecer-se em sacrifício pelo seu povo.
Hebreus 6:19,20 - “Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”

Questão 2 - Como os 3 mil convertidos em Pentecostes, por ocasião da pregação de Pedro, se batizaram (At. 2.41)?
 Com base nas respostas dadas a questão anterior seguimos em frente em busca de obter maior clareza nos princípios bíblicos que estão por trás da ordenança do Batismo.
Muitos estudiosos da Bíblia questionam-se como seria possível num só dia baptizar 3 mil pessoas em Jerusalém, sem que ali passasse nenhum rio, nem existisse nenhum lago ou mar nas imediações.
Cinquenta dias depois da Páscoa judaica que o Messias Jesus celebrou com os Seus discípulos, a Sua promessa de enviar o Espírito Santo para baptizar os Seus seguidores (discípulos) cumpriu-se exatamente durante a Festa das Semanas - Shavuot - conhecida como "Pentecostes".
Conforme o relato bíblico de Lucas, naquela manhã, o Evangelho foi proclamado pelo apóstolo Pedro junto com 120 judeus reunidos naquele Cenáculo, em muitas línguas, tendo todos os milhares de ouvintes escutado e entendido as maravilhas de Deus, cada um conforme seu idioma.
Como resultado da conversão de 3000 pessoas, e seguindo o mandamento dado pelo Messias, todas aquelas pessoas foram baptizadas naquele mesmo dia, obviamente na cidade de Jerusalém.
A pergunta então é: Visto que o rio mais próximo é o Jordão, próximo de Jericó, e não havendo meios de transporte capazes, como seria possível baptizar todas aquelas pessoas num curto espaço de tempo?
Mikveh do Primeiro Século em Jerusalém
Os  arqueólogos têm recentemente realizado muitas escavações à volta do lugar do antigo Templo de Jerusalém e têm trazido à luz cerca de 50 tanques de imersão - mikvehs - que eram utilizados pelos judeus na época do Segundo Templo, portanto na época em que Jesus vivia nesse mundo.
O respeitado historiador Flávio Josefo descreveu que mesmo durante o período das guerras com os judeus - 66 à 73 d.C. - as leis dos rituais de purificação continuaram a ser escrupulosamente seguidas pelos judeus, obviamente nestes mikvehs agora descobertos.
Desta forma, distribuindo aquelas 3 mil pessoas pelos vários tanques de imersão, o baptismo das mesmas seria uma questão de poucas horas - talvez durante as primeiras horas da tarde, tendo em vista que havia um critério rigoroso para a construção. Dentre outros critérios, o tamanho deveria ser uniforme e capaz de abrigar até 10 pessoas no seu interior.
Esta questão perturbou os estudiosos da Bíblia durante séculos, levando alguns até a defender o baptismo por "aspersão", uma vez que não conseguiam explicar o baptismo de tantas pessoas num só dia. Obviamente que o único baptismo praticado na época era o da imersão total do corpo, e o mistério fica agora resolvido com a impressionante descoberta destas 50 mikvehs à volta das ruínas do Templo.
Muitas mais poderão ainda surgir, à medida que a arqueologia for escavando mais espaços, mas estas 50 mikvehs já bastariam para que 3.000 novos discípulos de Jesus cumprissem a sua ordenança de "crer e ser baptizado."

Questão 3 - Como foram batizados os convertidos na casa de Cornélio (At. 10.47-48)?
 Afinal de contas, quem foi Cornélio e como se converteu juntamente com todos da sua casa?
Cornélio foi um centurião romano convertido ao cristianismo no século 1 d.C. na época em que os apóstolos lideravam a Igreja Primitiva. Ele é o primeiro gentio registrado nominalmente no Novo Testamento a ser convertido ao cristianismo. A história de Cornélio está registrada no capítulo 10 do livro de Atos dos Apóstolos.
Cornélio era um oficial do exército romano que liderava uma companhia de aproximadamente cem soldados a pé chamada de “centúria”. Em uma legião romana havia sessenta centuriões. Além de Cornélio, outros três centuriões são mencionados com certo destaque no Novo Testamento (Mateus 8:5-13; 27:54; Atos 27:1,8,43).
Morava na cidade de Cesaréia da Palestina, a capital da Judeia que estava sob o comando dos procuradores romanos e que ficava a cerca de cem quilômetros de Jerusalém. Nessa cidade existiam prédios imponentes e um porto, e devido à mistura étnica de sua população, os atritos entre judeus e gentios eram comuns. O evangelista Filipe morou nessa cidade, e mais tarde o apóstolo Paulo ficou aprisionado ali durante o comando dos procuradores Félix e Festo (Atos 23:23-26:32).
Cornélio era um gentio, e é descrito pelo evangelista Lucas em Atos como um homem “piedoso e temente a Deus, com toda sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus” (Atos 10:2).
Alguns estudiosos, com base nessa descrição, sugere que ele era um prosélito do judaísmo, enquanto que outros defendem que ele era apenas um homem que havia reconhecido o Deus de Israel como verdadeiro Deus e estava familiarizado com as práticas religiosas dos judeus, mas não era exatamente um prosélito.
A conversão de Cornélio foi muito significativa no contexto do livro de Atos dos Apóstolos, pois tornou evidente que os cristãos gentios também receberam o Espírito Santo. Na verdade a conversão que ocorreu na casa de Cornélio foi tão importante que é mencionada duas vezes em Atos.
A primeira vez encontra-se no capítulo 10, onde relata a ocasião da conversão, e a segunda no capítulo seguinte, 11, onde o próprio apóstolo Pedro explica o caráter miraculoso de sua ida até Cesaréia onde Cornélio estava.
Além disso, o próprio apóstolo fez alusão à conversão de Cornélio durante sua defesa no Concílio de Jerusalém, enfatizando que o derramamento do Espírito Santo entre os gentios significa que a salvação de Deus era unicamente pela graça, ou seja, não estando dependente de qualquer observância da Lei de Moisés (Atos 15:7-11).
Apesar de Cornélio ser descrito como alguém que temia ao verdadeiro Deus, certamente ele não havia tido contato direto e explicito com o Evangelho de Cristo. A Bíblia diz que Cornélio teve uma visão de um anjo de Deus que lhe ordenou a mandar chamar Simão Pedro, o apóstolo, e que este lhe explicaria sobre a salvação.
Cornélio enviou homens até Jope, a cidade em que o apóstolo estava vivendo naquela ocasião, e que ficava a aproximadamente cinquenta quilômetros de Cesaréia da Palestina. No dia seguinte, o apóstolo Pedro teve um arrebatamento de sentidos na qual viu o céu aberto, e um vaso, como se fosse um lençol atado pelas pontas, descendo em direção a terra, e contendo “todos os animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e aves do céu” (Atos 10:13).
Então Pedro ouviu uma voz que lhe ordenava a matar e comer aqueles animais, mas ele se recusou dizendo que nunca havia comido coisa alguma comum e imunda. Pedro então foi advertido a não considerar imundo o que Deus purificou.
Isso aconteceu por três vezes até que o vaso foi recolhido ao céu. Pedro ficou bastante pensativo com relação àquela visão, buscando entender seu significado. Mais tarde, quando foi então conduzido à casa de Cornélio, ele entendeu que aquela visão se referia ao fato de que Deus não faz acepção de pessoas, e que a pregação do Evangelho e a salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo é tanto para judeus como para gentios (Atos 10:28-36).
Então o apóstolo pregou sobre a salvação através de Jesus Cristo, e do perdão de pecados para aqueles que creem em seu nome, conforme todos os profetas deram testemunho. Ao dizer essas palavras, o texto bíblico informa que descera o Espírito Santo sobre todos os que ouviam.
Os cristãos judeus que estavam acompanhando o apóstolo Pedro ficaram maravilhados quando perceberam que o dom do Espírito Santo foi derramado sobre os gentios, igualmente como havia sido derramado entre os cristãos de Jerusalém em Pentecostes (Atos 2).
O texto termina mostrando que o centurião Cornélio e os demais gentios de sua casa foram batizados em nome do Senhor Jesus, deixando claro que Deus tem apenas um único povo, e que o chamado de sua graça não está baseado em qualquer distinção de nacionalidade. Ali era a internacionalização da Igreja, onde judeus e gentios formam um único corpo.
O texto que faz Referência ao batismo de cornélio é Atos 10:47,48 – “"Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós! " Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias.”
Como é possível observar no texto citado, Pedro concordando que assim como esses puderam se tornar participantes do Espirito, fossem também participantes no baptismo pelas águas. “Então ordenou que esses fossem batizados”, observe atentamente o que o texto diz, não ficando claro onde exatamente seria esse lugar.
Casa de banho luxuosa em Cesaréia com piscinas de ofurô.
Ao lado de residências da Aristocracia Romana.

A cidade de Cesaréia era também conhecida como Cesaréia Marítima, um lugar habitado pela aristocracia romana, repleto de casas de banho luxuosas com muitas piscinas e tanques de ofurô.
Como citado acima, o mais provável é que os cristãos que acompanhavam a Pedro obedeceram a sua ordem e esses foram a um lugar próximo propício para realização dos batismos, seguindo o mesmo principio praticado em Jerusalém.
Acredito que argumentar sobre uma forma distinta de batismo, diferente da imersão total na água, usando o caso de Cornélio como argumento, é absolutamente frágil e inapropriado.

Questão 4 - Como foram batizados os convertidos da casa do Carcereiro (At. 16.33)?
 Antes de qualquer coisa, é preciso considerar duas coisas na história da conversão do carcereiro (Atos 16:16-40). Primeiro, precisamos considerar o método de Deus e, depois, consideraremos a salvação de Deus.
O método de Deus para alcançar uma alma perdida deve nos maravilhar. Paulo e Silas estavam em viagem para pregar o evangelho no coração do mundo romano. De Trôade eles tiveram uma visão de um homem da Macedônia, chamando-os para virem auxiliá-los. Na sua chegada a Filipos, a principal cidade da Macedônia, eles encontraram somente um grupo de mulheres reunidas para orar. Não havia sinagoga de judeus, e até onde percebemos, nenhum homem era temente a Deus. De fato, nenhum era enquanto Paulo e Silas que foram espancados com varas e metidos na prisão, onde os próprios homens que os mantinham cruelmente presos em troncos e correntes se converteram ao Senhor. 
Há duas coisas que devemos ver no método de Deus:
Deus repetidamente abriu a porta do evangelho para as pessoas mais improváveis. Muito freqüentemente estamos esperando que os "justos" sejam salvos, quando é o pecador que necessita mais do médico. Paulo e Silas estavam cumprindo a ordem de Jesus para pregar o evangelho a toda criatura (Marcos 16:15). Fosse o César em Roma, um rabi judeu, ou um carcereiro em Filipos, todos eles careciam ouvir o evangelho da salvação. Quantos de nós teria visto uma tal oportunidade em circunstâncias semelhantes?
O método de Deus é visto na atitude de seus servos. Depois de serem espancados e amarrados, Paulo e Silas poderiam justamente estar resmungando contra a injustiça de sua condição. Mas, em vez disso, sua resposta foi cantar e orar. Não, eles não cantaram e oraram quietamente, mas o fizeram para que os prisioneiros estivessem ouvindo-os. Paulo mais tarde se chamaria "um prisioneiro de Jesus Cristo". Os romanos não o tinham amarrado, ele era um prisioneiro de Jesus. Somente com esta atitude o mundo será conquistado para Cristo.
Agora chegamos à salvação de Deus. Há três frases que devemos considerar: "Senhores, que devo fazer para ser salvo?" Este é o grito de uma alma que esteve face a face com a eternidade e não gostou do que viu. É a pergunta que o Senhor gostaria que cada homem fizesse. Como nós, que somos cristãos, ansiamos para que alguém nos faça esta pergunta! Mas isso não acontecerá até que tenhamos a ousadia de Paulo e Silas. Quanto mais nos dispormos a propagação do Evangelho, maior será a oportunidade desta pergunta ser feita a nós.
"Crê no Senhor Jesus e serás salvo...." Precisamos destacar que este mandamento é um chamado ao compromisso. Paulo está dizendo ao carcereiro que sua salvação depende de sua completa confiança em Jesus Cristo como o Mestre de sua vida. Enquanto este passo não for dado, nada mais importa. Alguns diriam que o que Paulo exigiu do carcereiro foi uma declaração verbal de sua crença em Jesus. Quem quer que tivesse lido o livro de Atos até este ponto, saberia que isto não é verdade.
Nenhuma conversão envolveu uma simples confissão de Jesus como Senhor. De fato, quando o Senhor estava na terra, demônios repetidamente confessaram-no como Filho de Deus, contudo demônios não são salvos (Tiago 2:19). E mais, lendo Atos 16:32-34, ficamos sabendo que Paulo não disse somente "Crê no Senhor Jesus". Ele continuou falando da palavra do Senhor e naquela mesma hora da noite o carcereiro e toda sua casa foram batizados.
Há somente uma conclusão que pode ser tirada daquela declaração: dizer a uma pessoa que creia no Senhor e então ensinar-lhe a palavra de Deus, resultará em ser batizada. Se o batismo não é uma parte importante da vida cristã, então por que eles foram batizados "naquela mesma hora da noite"? De fato, afinal por que foram batizados? "manifestava grande alegria, por terem crido em Deus...."
Agora observe isto cuidadosamente. Paulo disse ao carcereiro para crer. Paulo então ensinou-lhe a palavra do Senhor, resultando no batismo do carcereiro e de toda sua casa. Isto é exatamente o que o Senhor ensinou em Marcos 16:16 quando disse: "Quem crer e for batizado será salvo". Esse pensamento é central dentro da visão “credobatista”.
Alguns argumentam que o Apóstolo Paulo batizou o carcereiro (At. 16:33) por aspersão por que imaginam não ter tido água suficiente na prisão para batizá-lo por imersão. Com base em tudo que estamos apontando ao longo deste texto, teria Paulo seguido um padrão diferente de batismo daquele que certamente foi ordenado por Jesus e praticado pelos demais apóstolos? Haveria alguma contradição entre eles?
Atos 16:29-33 – “O carcereiro pediu luz, entrou correndo e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Então levou-os para fora e perguntou: "Senhores, que devo fazer para ser salvo? " Eles responderam: "Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa". E pregaram a palavra de Deus, a ele e a todos os de sua casa. Naquela mesma hora da noite o carcereiro lavou as feridas deles; em seguida, ele e todos os seus foram batizados.”
A expressão “batizados” que aparece em Atos 16:33 vem do termo grego “baptizo” e significa “mergulhar repentinamente”. Portanto, isso indica que o batismo no cárcere ocorreu por imersão.

Mais uma vez a arqueologia vem para confirmar ou esclarecer aquilo que acreditamos ser bíblico. As cadeias da época eram divididas em duas partes: o cárcere externo e o cárcere interno. Na parte externa os presos desfrutavam de mais liberdade, podendo andar e receber visitas. Já na parte interna o aprisionamento era bem mais rígido, e geralmente reservado aos prisioneiros mais perigosos. A prova disto é que o carcereiro colocou as pernas de Paulo e Silas no tronco, para que se tornasse impossível qualquer possibilidade de fuga. Também sobre a parte interna, era normalmente localizado abaixo de uma prisão normal. Lugar com pouca entrada de ar e luz, úmido e algumas vezes fétido.
Fonte existente no interior de uma prisão Romana
Onde Paulo batizou o carcereiro (Atos 16:33), parte externa da prisão, havia uma fonte ou uma cisterna (reservatórios de água cavado na terra e forrado com pedras – comuns em cárceres romanos), onde facilmente se poderia realizar o batismo nas águas.
Terminado o batismo, todos subiram para a  casa do carcereiro, que  lhes preparou uma refeição e se alegrou muito, com toda a sua casa, por terem crido em Deus.
Quando amanheceu, os magistrados mandaram os seus oficiais até a prisão com a ordem para soltar Paulo e Silas. O carcereiro comunicou a Paulo a ordem que havia recebido, e disse aos dois que saíssem e fossem em paz.
Decerto para a surpresa de todos, Paulo revelou que tanto ele quanto Silas eram cidadãos romanos, e que, sem serem condenados por julgamento dum tribunal competente, foram ultrajados e lançados na prisão pelos magistrados. Não era cabível que fossem agora livrados às escondidas. Os próprios magistrados teriam que vir até a prisão para tirá-los.
Quando os magistrados ouviram que eram cidadãos romanos, eles temeram as consequências que poderiam sofrer por esse ato ilegal que haviam cometido, e foram até a prisão pedir desculpas. Depois de tirá-los de lá, os magistrados rogaram a Paulo e Silas que se retirassem  da cidade (pois estavam com medo de alguma vingança).
Após saírem da prisão, Paulo e Silas foram para a casa de Lídia, onde se reuniram com os irmãos e, depois de encorajá-los, partiram de Filipos.
Tudo serviu para contribuir com a pregação do Evangelho ali. O propósito de Deus com aqueles acontecimentos era estabelecer e fortalecer sua Igreja naquela cidade.
Essa é a história da fundação da igreja de Filipos. Nessa história podemos ver como nosso Deus é Soberano e seus planos infalíveis. Ele poupou a vida de Paulo e Silas na ocasião do tumulto, tortura e prisão, porém não os poupou do sofrimento. Apesar disso, os dois missionários entendiam que Deus estava no controle de tudo, e ao invés de questionarem o Senhor, eles O adoraram.

Questão 5 - Como o Apóstolo Paulo foi batizado (Atos 9.18-19)? 
O apóstolo Paulo, ainda se chamava Saulo quando resolveu ir até a cidade de Damasco para prender seguidores de Jesus Cristo que estavam espalhando suas doutrinas por diversas cidades (Atos 9.1-2).
No caminho, Saulo viu uma luz brilhante que o derrubou. Uma voz ecoou dessa luz e se identificou como sendo Jesus Cristo, a quem Saulo estava perseguindo. Jesus disse a Saulo que entrasse na cidade, pois ali saberia o que fazer. Levantando-se não podia enxergar nada. Ficou, então, três dias sem enxergar, nos quais nada comeu e nada bebeu, ficando em um jejum total (Atos 9.3-9).
Jesus aparece em uma visão a um de Seus discípulos chamado Ananias e o manda ir até a casa de um tal de Judas, que ficava em uma rua chamada Direita, onde encontraria Saulo de Tarso. Ananias, a principio, resiste devido à fama de perseguidor de cristãos de Saulo, porém, Deus revela a ele que o tal Saulo, perseguidor da igreja, foi escolhido por Ele para ser um missionário (Atos 9.10-16).
Ananias vai até a casa onde estava Saulo e diz a ele tudo quanto o Senhor havia ordenado. Nesse momento Saulo volta a enxergar (Atos 9.17-18).
Agora vem o detalhe interessante sobre o batismo de Paulo: “Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado.” (Atos 9.18). Considerando o contexto, Paulo estava na casa de Judas, na rua chamada Direita (que passava pelo centro da cidade de Damasco), sem comer e sem beber a três dias.
Parece evidente que o batismo de Paulo foi realizado ali mesmo. Na sequência relatada no texto, ele tornou a ver, estava possivelmente deitado nessa hora. Em seguida se levantou e foi batizado. Considerando que o texto não menciona que houve um deslocamento até um lugar onde houvesse a possibilidade de batizar alguém por imersão e considerando que Paulo estava enfraquecido pelo seu jejum prolongado, parece bem difícil defender que o batismo de Paulo tenha sido feito por imersão em uma casa que ficava em uma rua no centro de Damasco ou que ele tenha se deslocado para algum outro lugar para ser batizado por imersão (coisa que o texto não menciona).
No entanto, é sensato para qualquer estudioso da Bíblia considerar aqui uma observação e duas possibilidades em que irei propor logo a seguir.
Primeiro, a Observação. Analisando todos os argumentos descritos no texto redigido até aqui, percebemos de forma bastante coerente a maneira como transcorreu as mudanças de período envolvendo a velha Aliança e a nova Aliança que se concretizou na pessoa de Jesus Cristo, tendo João Batista como peça fundamental para essa transição e todas as implicações teológicas que já abordamos anteriormente. Vimos também que os Apóstolos seguiram um padrão para obedecer a ordenança do batismo, baseado semelhantemente ao rito de purificação Mikveh do judaísmo antigo, e também todos os textos que fazem referência a muitas águas necessárias para realização do rito. Chegamos a conclusão que até mesmo no caso do carcereiro, mais adiante, o próprio Paulo segue o padrão praticado pelos demais apóstolos.
Seria por acaso, coerente da parte do Apóstolo Paulo ser batizado de uma maneira diferente daquela que é praticada pelos demais apóstolos? Todos os batismos seguem um padrão, e apenas o batismo de Paulo segue um rito realizado de forma diferente dos demais? Não me parece correto acreditar nisso.
Agora vamos analisar duas possibilidades. A primeira é que houvesse alguma espécie de fonte ou tanque, utilizados pelos moradores da cidade para retirar água. O texto nos diz, no verso 18b: “Levantando-se foi batizado.” Isso não implica em nada sobre a forma, o que nos daria abertura para inferir sobre a maneira mais coerente a ser praticada.
Não vou me prender a essa primeira possibilidade, pois acredito que não seja correto lidar com o texto assim. Pois como expositor das Escrituras, devo me preocupar necessariamente com a intenção do autor ao escrever o texto e a fidelidade com a linha de raciocínio que o autor imprime aos seus leitores.
Por essa razão aponto para a segunda possibilidade, em que eu acredito ser a mais correta.  Preste bastante atenção a esse texto.
Atos 9:17 – “Então Ananias foi, entrou na casa, impôs as mãos sobre Saulo e disse: "Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho por onde você vinha, enviou-me para que você volte a ver e seja cheio do Espírito Santo".
Em que consistia a missão de Ananias naquela casa? “...enviou-me para que você volte a ver e seja cheio do Espírito Santo".
Tudo o que acontece no verso 18 seguinte, aponta exatamente para aquilo que Ananias veio fazer naquela casa. Imediatamente, algo como escamas caíram dos olhos de Paulo e ele voltou a ver, e em seguida ele se levantou e foi batizado.
De forma bem clara, creio que o batismo citado acima do apóstolo Paulo, não seja o batismo em águas, porém, o batismo do Espírito Santo.
1 Coríntios 12:13 – “Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito.”
Entendemos que Batismo, é um rito de iniciação ou introdução. Portanto, batismo pelo Espirito Santo, é portanto a maneira como Deus pelo seu Espirito nos recebe como seus filhos e nos introduz ao corpo de Cristo, a Igreja.
Era exatamente o que estava acontecendo com Paulo naquele contexto. Em Damasco, o até então Saulo recebe o batismo por meio do Espirito Santo e agora se torna discípulo de Jesus. Ele também muda de nome, passando a chamar-se Paulo. Ele exercerá papel decisivo na expansão do Evangelho de Cristo entre as nações e será reconhecido pelo título de Apóstolo dos Gentios. Mas antes de tudo isso se concretizar, ele teria de passar por um processo de aprendizado e crescimento, até iniciar a sua brilhante carreira nessa terra.
E para finalizar esse ponto, afirmo aqui que não há registro em nenhuma passagem das Escrituras que mencione o batismo pelas águas de algum dos apóstolos. Por que seria diferente com o apóstolo Paulo, no caso de seu batismo ser pelas águas e não pelo Espírito?

Conclusão
Chegando ao fim desse texto, concluímos que o mais importante dentre tudo que foi dito é a obediência a ordem expressa pelo Senhor Jesus ao seus discípulos de ir e fazer discípulos de todas as nações. Sem dúvida, isso configura com o que há de mais central na missão da igreja.
Fazer com que milhares de pessoas deixem o aspecto de ser parte de uma “multidão” simplória que acompanha Jesus para todos os lados, e assumam o mais nobre e verdadeiro compromisso de ser discípulo. Disposto a amá-lo acima de tudo, sofrer como ele sofreu e renunciar a qualquer coisa, para que o Nome dele seja honrado.
No entanto, não podemos negar os fatos e argumentos históricos, arqueológicos e teológicos de que a maneira praticada pelos apóstolos no batismo (imersão) seguiu um padrão que traz a luz muitos sentidos.
Um sinal externo da nossa comunhão com Cristo, na sua morte e ressurreição; de sua união com Ele; da remissão dos pecados; da consagração da pessoa a Deus, através de Jesus Cristo, para viver e andar em novidade de Vida. 
Espero que com esse singelo trabalho, resumido a cinco respostas, possa de alguma maneira te provocar a, assim como eu, partir em busca de bases bíblicas para diversas indagações que nos são feitas e que geram um inconformismo por nunca termos pensado nisso antes.


Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz