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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Graça Suficiente - II Coríntios 12.7-10

“Entretanto, Ele me declarou: A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Sendo assim, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim.” (v.9)

Há uma única palavra que abrange todas as riquezas que encontramos em Cristo: GRAÇA.
E que palavra magnífica nós encontramos na Bíblia!
Ela é usada mais de 170 vezes no Novo Testamento, para referir-se ao favor divino conferido a pessoas que não o merecem.
É o meio pelo qual recebemos todas as bênçãos materiais e espirituais.
Falar sobre graça é falar do relacionamento entre Deus e os homens.
A graça divina é o que leva a Deus ter uma relação pessoal entre si mesmo e a humanidade.

E em alguma medida, até mesmo os incrédulos se beneficiam da graça de Deus. Os teólogos chamam isso de “graça comum”, porque é comum a toda humanidade.
A graça comum é o constante cuidado de Deus por toda criação, suprindo as necessidades de suas criaturas.
Através da graça comum, Deus preserva a humanidade da completa devassidão e mantém a ordem sobre todas as coisas.
No entanto, os cristãos recebem “maior graça” (Tg. 4.6). Para nós a graça de Deus é inesgotável e ilimitada, incluindo tudo a respeito das provisões todo-suficientes em Jesus Cristo.
Pela graça, somos salvos (Ef. 2.8) e nos mantemos firmes (Rm. 5.2). A graça sustenta a nossa salvação, dá-nos vitória na tentação e ajuda-nos a suportar a dor e o sofrimento. A graça nos ajuda a entender a Palavra e a aplicá-la com sabedoria á nossa vida; nos conduz a comunhão e a oração, capacitando-nos a servir ao Senhor eficazmente.
Em suma, existimos e estamos firmes no ambiente da graça toda-suficiente.
Por toda a história, se torna perceptível a graça de Deus se tornar tão atuante na vida do homem em geral.
Podemos ver também por toda a Bíblia, como Deus se compadece do ser humano.
Nos Salmos 33:22 o salmista Davi diz ao Senhor: “Seja a tua graça, ó Senhor, sobre nós, assim como em ti esperamos.”
Uma das declarações mais maravilhosas sobre o Senhor Jesus é que Ele era “cheio de graça” (Jo. 1.14); e “nós temos recebido da sua plenitude, graça sobre graça” (Jo. 1.16).
Meus irmãos, “graça sobre graça” – fala de graça acumulada, uma graça que se sobrepõe a outra.
Tal graça é nossa a cada dia; é ilimitada e suficiente para cada necessidade.
Talvez em nenhum outro lugar a magnificência da graça de Deus é mais maravilhosamente expressa do que em II Co. 9.8-11.
As ênfases neste texto são admiráveis: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra... enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças de Deus”
Em certo sentido, só esse texto já resume tudo que poderia ser dito sobre nossa suficiência em Jesus Cristo.
Estes versículos têm um significado que sinceramente se estende a proporções ilimitadas.
A graça superabundante habita em todo crente (v.14). Não é de se admirar que Paulo não possa reter seu louvor a Deus por tal dom indescritível (v.15).
Paulo experimentou a graça de Deus de uma maneira que poucos experimentaram, pois ele suportou sofrimentos como poucos fizeram.
Em 2 Co. 12.9, o Senhor lhe deu uma das verdades mais profundas de toda revelação: “A minha graça te é suficiente, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
Esta maravilhosa promessa se estende a todo crente, mas foi dada em um contexto de sérias dificuldades, profunda aflição, perseguições e fraquezas humanas (v.10).
O texto mais carregado de fortes emoções já escrito por Paulo é provavelmente II Co. 10 a 13.
Nestes capítulos, Paulo derrama seu coração em meio a sérios ataques contra seu caráter e ministério. Ele se doava tanto aos coríntios, e alguns deles se viravam contra ele em amarga hostilidade.
Sua integridade havia sido posta em questão por seus inimigos. Sua lealdade e suas habilidades em liderar haviam sido questionadas.
Seu amor pelos crentes havia sido questionado e negado.
Esta foi provavelmente a maior tempestade de oposição que Paulo enfrentou em sua vida, e aparentemente, estava sendo alimentada por líderes da igreja.
No capítulo 11, Paulo faz uma lista de muitas dificuldades e situações ameaçadoras pelas quais ele passara.
Incluídas em sua lista estão grandes aflições físicas, aprisionamentos, espancamentos, apedrejamentos, naufrágios, rios perigosos, assaltantes, perseguição de gentios e judeus, noites mal dormidas, frio e calor, fome e sede (v. 23-27).
Ainda mais dolorosa do que tudo isso era a preocupação diária que ele tinha com todas as igrejas (v.28). O povo de Deus e o bem-estar da igreja eram a maior paixão de Paulo (Cl.1.28-29) e apresentavam o maior potencial para lhe trazer dor e decepção.
A maior dor que Paulo enfrentou veio de pessoas que ele mais amava – aqueles a quem havia dado sua alma e seu evangelho, mas que agora haviam se voltado contra ele.
A rejeição, a traição, as críticas intermináveis, as falsas acusações e até mesmo o ódio da parte deles machucaram profundamente o coração de Paulo.
Em II Coríntios, ele escreveu como um homem que não era amado, apreciado, respeitado e que estava profundamente perturbado em sua alma.
Talvez você possa se identificar com a profunda mágoa de Paulo.
Seres humanos foram criados para manterem relacionamentos: Primeiro com Deus, depois, com seus semelhantes.
Quando os relacionamentos falham, a conseqüência imediata pode ser gravíssima, tal como se evidencia em nossa sociedade, com um crescente numero de pessoas que procuram ajuda psiquiátrica profissional, por causa de rejeição e mau trato emocional.
Semelhante ao que Paulo experimentou.
QUAIS LIÇÕES PODEMOS EXTRAIR DA GRAÇA DE JESUS MEDIANTE ESSAS CIRCUSTANCIAS?

As circunstancias aflitivas experimentadas por Paulo colocaram-no em posição de aprender algumas lições maravilhosas sobre a graça de Deus, aos quais ele nos transmite em 2 Co. 12.7-10:
“E para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para me atormentar. Por três vezes, roguei ao Senhor que o removesse de mim. Entretanto ele me declarou: A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Sendo assim, de boa vontade, me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim. Por esse motivo, por amor de Cristo, posso ser feliz nas fraquezas, nas ofensas, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias. Porquanto, quando estou enfraquecido é que sou forte!”.

Paulo substituiu sua fraqueza humana pelo poder de Cristo. A arrogância natural pela humildade que deriva de uma fé inabalável no amor e na graça de Deus.

HUMILDADE – Deus sabe que os homens estão sujeitos ao orgulho, especialmente quando estão em posição de privilégio espiritual. Portanto Deus usa oposição e sofrimento para nos ensinar a humildade.
Paulo foi talvez o homem espiritualmente mais privilegiado que já viveu, e a graça do Senhor em sua vida sempre foi abundante.
Em pelo menos quatro ocasiões o próprio Jesus apareceu a Ele, a fim de instruí-lo e encorajá-lo em tempos de profunda necessidade (At. 9.4-6; 18.9-10; 22.17-21; 23.11; 2 Co. 12.1-4).
Ele recebeu tão ampla revelação da parte de Deus que seus escritos formam quase a metade do N.T.
Por causa da natureza extraordinária destas revelações, Deus colocou um “espinho na carne” de Paulo, para guardá-lo da exaltação.
Podemos imaginar essa expressão, como se uma pessoa fosse colher algumas rosas e perfurasse o seu dedo com um pequeno espinho.
Mas, quando observamos no capitulo anterior, a palavra grega traduzida por “espinho” significa literalmente uma estaca – um pedaço de madeira bem afiado usado para afligir ou torturar alguém.
Além disso, a expressão “na carne” também pode ser traduzida como “para a carne”.
Em outras palavras, Deus fincou uma estaca, na carne pecaminosa de Paulo, para afligi-la e matá-la, com o propósito de evitar a prepotência e o orgulho.
O plano de Deus é nos esvaziar de nós mesmos, para que tenhamos um relacionamento correto com Ele.
SUFICIÊNCIA – Paulo ficou contente com a resposta de Deus porque sabia que Deus iria suprir graça suficiente para sua provação.
“Então ele me disse: Aminha graça te basta” (v.9). “Ele me disse” está no tempo perfeito no texto grego, implicando que toda vez que Paulo orava, Deus dizia e continuava a dizer a mesma coisa.
“Aminha graça te basta” era sua resposta permanente.
Deus respondeu a oração de Paulo, não por dar a ele o que ele pedia ou o que ele achava ser melhor para ele.
Nem por remover o problema ou a dor, mas por suprir graça suficiente para Paulo suportá-lo.
Porque remover algo que gera benefícios tão imensos, como a humildade, a comunhão e maior glória a Deus?
Seguindo o exemplo de Paulo, podemos pedir a DEUS que remova alguma estaca de sofrimento e descobrir que Deus deseja que ela permaneça.
Submeter-se a vontade de Deus é o que há de fundamental na vida cristã.
Problemas, tentações, e dor são inevitáveis nesta vida. Mas lembre-se que Deus usa essas coisas para produzir os preciosos frutos de humildade, comunhão e glória.
Ele poderá não removê-los, mas promete graça suficiente para nos capacitar a suportá-los com alegria.
PODER – O sofrimento que revela as nossas fraquezas, serve também para revelar o poder de Deus: “Porque o meu poder se aperfeiçoa nas fraquezas” (v.9).
Quando somos menos dependentes de nossa força humana e temos apenas o poder de Deus para nos sustentar, então somos canais adequados pelos quais Deus fará fluir o seu poder.
Desta forma, devemos louvar a Deus pela adversidade, pois ela é a ocasião em que o poder de Deus é mais evidente em nossa vida.
Não existe alguém tão fraco que não possa tornar-se forte, mas existem muitos que achando-se fortes continuarão fracos.
Paulo compreendeu esta verdade e sua atitude foi de grande gozo e louvor.
No verso 9 ele diz: “De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.”
Paulo não era nenhum masoquista. Não adorava se maltratado. Mas amava a graça e poder manifestado em sua vida.
Sabia que um ministério espiritual só pode ser realizado no poder do Espírito.
Quando sua reputação acabasse, Paulo não poderia depender dela. Quando sua força física se esgotasse, não poderia se amparar nela.
Ficou limitado a pregar a mensagem que Deus lhe confiou e a depender do poder de Deus para fazer o resto, e Deus nunca falhou com ele.

CONTENTAMENTO – Paulo nos dá um princípio-chave no verso 10: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte”.
Paulo aceitou o seu problema mais grave como um amigo destinado a torná-lo mais útil para Deus.
Sua atitude demonstra um grande contraste com a atitude de nossa sociedade.
A maioria das pessoas vive descontente, porque erroneamente pensam que a felicidade consiste em gozar de circunstâncias agradáveis e em possuir muitos bens.
Muitos cristãos parecem pensar que guardar os crentes de todas as dificuldades é a maior expressão da graça de Deus.
O chamado evangelho da prosperidade – filosofia dessa nossa sociedade humanista e sem Deus – é a maior contribuição para esse erro.
Esse tipo de pensamento gera pobreza espiritual, deprecia a graça de Deus e substitui as verdadeiras riquezas espirituais por ganância e desilusão.
Esse pensamento também leva as pessoas a sentirem-se abandonadas por Deus e questionarem sua fé quando as dificuldades vêm.
O apóstolo instruiu aos colossenses: “A fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda perseverança e longaminidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz” (Cl. 1.10-12).
Paulo diz: “Fortalecidos com todo poder”! Para que?
Saúde, riqueza, prosperidade, curas, milagres, sinais e maravilhas? NÃO.
Para obterem “toda a perseverança e longanimidade” – coisas necessárias em tempos difíceis.
Isto não é uma promessa de vivermos sem problemas; é uma promessa de recebermos poder para suportar as dificuldades que são inevitáveis.
Como vamos suportá-las? “Com alegria, dando graças ao Pai”, por possuirmos uma herança eterna e não por riquezas temporais.
Podemos meus irmãos encontrar a graça em meio às tribulações.
Deus sempre usou o sofrimento para aperfeiçoar e purificar o seu povo e para demonstrar a suficiência de sua graça.
Quando não confiamos na soberania de Deus ou não entendemos seus propósitos, então experimentamos preocupação, medo e ansiedade, ao passarmos por circunstâncias difíceis.
Mas o sofrimento traz enormes benefícios.
O sofrimento prova a nossa fé – Pedro usou a analogia de um ourives para ilustrar este benefício do sofrimento.
Assim como um ourives usa o fogo para retirar a impureza do ouro, assim Deus usa as provações para autenticar e purificar a nossa fé:
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.” (I Pe. 1.6-7).
Uma fé aprovada por Deus é preciosa porque nos dá o gozo e a certeza de sabermos que somos cristãos genuínos.

O sofrimento confirma a nossa filiação – Mesmo quando nosso sofrimento é resultado da correção proveniente de Deus, podemos nos regozijar, pois isso prova que Ele nos ama.
“Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desanimes quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. È para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? (Hb. 12.5-7)

O sofrimento nos identifica com Cristo – Em Gálatas 6.17, Paulo declara: “Trago no corpo as marcas de Jesus”.
Ele recebeu em seu corpo as feridas causadas por pessoas cujo alvo era atacar a Cristo.
Paulo considerava um privilégio o sofrer por Cristo, pois desejava compartilhar da comunhão dos sofrimentos de Cristo (Fp. 3.10).
Portanto queridos irmãos, a graça de Deus é mais do que suficiente para cada uma das nossas necessidades.

REFLITA:
- Nosso relacionamento com Ele é profundo e marcado por tal confiança a ponto de sermos atraídos a Ele em tempos de dificuldade?
- Nos sentimos contentes ao suportar fraquezas, insultos, aflições e perseguições por amor a Cristo, a fim de que possamos estar espiritualmente fortes, mesmo em meio à fraqueza física e emocional?

Conta-se que Charles Haddon Spurgeon, em certa tarde, ao dirigir-se para casa, após um árduo dia de trabalho, sentindo-se cansado e deprimido, recordou o versículo: “A minha graça te basta”.
Em sua mente, logo se comparou a um peixinho em um imenso rio, com receio de estar tomando tantas medidas de água, dia a dia, que chegaria a secar o rio. Então o grande rio lhe disse: “Beba, peixinho. Minhas águas são suficientes pra você”.
Depois, Spurgeon pensou em um ratinho nos celeiros do Egito, temendo que suas beliscadas pudessem acabar com os suprimentos e fazê-lo morrer de fome. Então, José aparece e diz: “Anime-se, ratinho. Meus celeiros são suficientes para você.”
Depois, pensou em um homem escalando uma alta montanha para alcançar seu elevado cume, com medo de sua respiração viesse a esgotar todo o oxigênio da atmosfera. O Criador fez soar sua voz do céu, dizendo: “Oh! Homem. Respire bem e encha seus pulmões. Minha atmosfera é suficiente para você!”.
Descansemos na abundancia da maravilhosa graça de Deus e na total suficiência de todos os seus recursos espirituais.
Este é o Legado que o todo-suficiente Salvador concedeu ao seu povo.
E este é o conteúdo do seu precioso Evangelho.

“Graça e paz vos sejam multiplicadas”
Ministrado por:

Alysson Diniz Rodrigues