“Entretanto,
Ele me declarou: A minha graça te é suficiente, pois o meu poder se aperfeiçoa
na fraqueza. Sendo assim, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, a
fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim.” (v.9)
Há uma única palavra
que abrange todas as riquezas que encontramos em Cristo: GRAÇA.
E que palavra
magnífica nós encontramos na Bíblia!
Ela é usada mais de
170 vezes no Novo Testamento, para referir-se ao favor divino conferido a
pessoas que não o merecem.
É o meio pelo qual
recebemos todas as bênçãos materiais e espirituais.
Falar sobre graça é
falar do relacionamento entre Deus e os homens.
A graça divina é o
que leva a Deus ter uma relação pessoal entre si mesmo e a humanidade.
E em alguma medida,
até mesmo os incrédulos se beneficiam da graça de Deus. Os teólogos chamam isso
de “graça comum”, porque é comum a toda humanidade.
A graça comum é o
constante cuidado de Deus por toda criação, suprindo as necessidades de suas
criaturas.
Através da graça
comum, Deus preserva a humanidade da completa devassidão e mantém a ordem sobre
todas as coisas.
No entanto, os
cristãos recebem “maior graça” (Tg. 4.6). Para nós a graça de Deus é
inesgotável e ilimitada, incluindo tudo a respeito das provisões todo-suficientes
em Jesus Cristo.
Pela graça, somos salvos (Ef. 2.8) e nos mantemos firmes
(Rm. 5.2). A graça sustenta a nossa salvação, dá-nos vitória na tentação e
ajuda-nos a suportar a dor e o sofrimento. A graça nos ajuda a entender a
Palavra e a aplicá-la com sabedoria á nossa vida; nos conduz a comunhão e a
oração, capacitando-nos a servir ao Senhor eficazmente.
Em suma, existimos e estamos firmes no ambiente da graça
toda-suficiente.
Por toda a história,
se torna perceptível a graça de Deus se tornar tão atuante na vida do homem em
geral.
Podemos ver também
por toda a Bíblia, como Deus se compadece do ser humano.
Nos Salmos 33:22 o
salmista Davi diz ao Senhor: “Seja a tua
graça, ó Senhor, sobre nós, assim como em ti esperamos.”
Uma das declarações
mais maravilhosas sobre o Senhor Jesus é que Ele era “cheio de graça” (Jo.
1.14); e “nós temos recebido da sua plenitude, graça sobre graça” (Jo. 1.16).
Meus irmãos, “graça
sobre graça” – fala de graça acumulada, uma graça que se sobrepõe a outra.
Tal graça é nossa a
cada dia; é ilimitada e suficiente para cada necessidade.
Talvez em nenhum
outro lugar a magnificência da graça de Deus é mais maravilhosamente expressa
do que em II Co.
9.8-11.
As ênfases neste
texto são admiráveis: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que,
tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra... enriquecendo-vos,
em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam
tributadas graças de Deus”
Em certo sentido, só
esse texto já resume tudo que poderia ser dito sobre nossa suficiência em Jesus Cristo.
Estes versículos têm
um significado que sinceramente se estende a proporções ilimitadas.
A graça
superabundante habita em todo crente (v.14). Não é de se admirar que Paulo não
possa reter seu louvor a Deus por tal dom indescritível (v.15).
Paulo experimentou a
graça de Deus de uma maneira que poucos experimentaram, pois ele suportou
sofrimentos como poucos fizeram.
Em 2 Co. 12.9, o
Senhor lhe deu uma das verdades mais profundas de toda revelação: “A minha
graça te é suficiente, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
Esta maravilhosa
promessa se estende a todo crente, mas foi dada em um contexto de sérias
dificuldades, profunda aflição, perseguições e fraquezas humanas (v.10).
O texto mais
carregado de fortes emoções já escrito por Paulo é provavelmente II Co. 10 a 13.
Nestes capítulos,
Paulo derrama seu coração em meio a sérios ataques contra seu caráter e
ministério. Ele se doava tanto aos coríntios, e alguns deles se viravam contra
ele em amarga hostilidade.
Sua integridade havia
sido posta em questão por seus inimigos. Sua lealdade e suas habilidades em
liderar haviam sido questionadas.
Seu amor pelos
crentes havia sido questionado e negado.
Esta foi
provavelmente a maior tempestade de oposição que Paulo enfrentou em sua vida, e
aparentemente, estava sendo alimentada por líderes da igreja.
No capítulo 11, Paulo
faz uma lista de muitas dificuldades e situações ameaçadoras pelas quais ele
passara.
Incluídas em sua
lista estão grandes aflições físicas, aprisionamentos, espancamentos,
apedrejamentos, naufrágios, rios perigosos, assaltantes, perseguição de gentios
e judeus, noites mal dormidas, frio e calor, fome e sede (v. 23-27).
Ainda mais dolorosa
do que tudo isso era a preocupação diária que ele tinha com todas as igrejas
(v.28). O povo de Deus e o bem-estar da igreja eram a maior paixão de Paulo
(Cl.1.28-29) e apresentavam o maior potencial para lhe trazer dor e decepção.
A maior dor que Paulo
enfrentou veio de pessoas que ele mais amava – aqueles a quem havia dado sua
alma e seu evangelho, mas que agora haviam se voltado contra ele.
A rejeição, a traição,
as críticas intermináveis, as falsas acusações e até mesmo o ódio da parte
deles machucaram profundamente o coração de Paulo.
Talvez você possa se
identificar com a profunda mágoa de Paulo.
Seres humanos foram
criados para manterem relacionamentos: Primeiro com Deus, depois, com seus
semelhantes.
Quando os
relacionamentos falham, a conseqüência imediata pode ser gravíssima, tal como
se evidencia em nossa sociedade, com um crescente numero de pessoas que
procuram ajuda psiquiátrica profissional, por causa de rejeição e mau trato
emocional.
Semelhante ao que
Paulo experimentou.
QUAIS LIÇÕES PODEMOS EXTRAIR DA GRAÇA DE JESUS MEDIANTE ESSAS
CIRCUSTANCIAS?
As circunstancias
aflitivas experimentadas por Paulo colocaram-no em posição de aprender algumas
lições maravilhosas sobre a graça de Deus, aos quais ele nos transmite em 2 Co.
12.7-10:
“E para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da
grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne, um mensageiro
de Satanás para me atormentar. Por três vezes, roguei ao Senhor que o removesse
de mim. Entretanto ele me declarou: A minha graça te é suficiente, pois o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza. Sendo assim, de boa vontade, me gloriarei nas
minhas fraquezas, a fim de que o poder de Cristo repouse sobre mim. Por esse
motivo, por amor de Cristo, posso ser feliz nas fraquezas, nas ofensas, nas
necessidades, nas perseguições, nas angustias. Porquanto, quando estou
enfraquecido é que sou forte!”.
Paulo substituiu sua
fraqueza humana pelo poder de Cristo. A arrogância natural pela humildade que
deriva de uma fé inabalável no amor e na graça de Deus.
HUMILDADE – Deus sabe que os homens estão sujeitos ao
orgulho, especialmente quando estão em posição de privilégio espiritual. Portanto Deus usa oposição e sofrimento
para nos ensinar a humildade.
Paulo foi talvez o
homem espiritualmente mais privilegiado que já viveu, e a graça do Senhor em
sua vida sempre foi abundante.
Em pelo menos quatro
ocasiões o próprio Jesus apareceu a Ele, a fim de instruí-lo e encorajá-lo em
tempos de profunda necessidade (At. 9.4-6; 18.9-10; 22.17-21; 23.11; 2 Co.
12.1-4).
Ele recebeu tão ampla
revelação da parte de Deus que seus escritos formam quase a metade do N.T.
Por causa da natureza
extraordinária destas revelações, Deus colocou um “espinho na carne” de Paulo,
para guardá-lo da exaltação.
Podemos imaginar essa
expressão, como se uma pessoa fosse colher algumas rosas e perfurasse o seu
dedo com um pequeno espinho.
Mas, quando
observamos no capitulo anterior, a palavra grega traduzida por “espinho”
significa literalmente uma estaca – um pedaço de madeira bem afiado usado para
afligir ou torturar alguém.
Além disso, a
expressão “na carne” também pode ser traduzida como “para a carne”.
Em outras palavras,
Deus fincou uma estaca, na carne pecaminosa de Paulo, para afligi-la e matá-la,
com o propósito de evitar a prepotência e o orgulho.
O plano de Deus é nos
esvaziar de nós mesmos, para que tenhamos um relacionamento correto com Ele.
SUFICIÊNCIA – Paulo ficou contente com a resposta de
Deus porque sabia que Deus iria suprir graça suficiente para sua provação.
“Então ele me disse:
Aminha graça te basta” (v.9). “Ele me disse” está no tempo perfeito no texto
grego, implicando que toda vez que Paulo orava, Deus dizia e continuava a dizer
a mesma coisa.
“Aminha graça te
basta” era sua resposta permanente.
Deus respondeu a
oração de Paulo, não por dar a ele o que ele pedia ou o que ele achava ser
melhor para ele.
Nem por remover o
problema ou a dor, mas por suprir graça suficiente para Paulo suportá-lo.
Porque remover algo que gera benefícios tão imensos, como
a humildade, a comunhão e maior glória a Deus?
Seguindo o exemplo de
Paulo, podemos pedir a DEUS que remova alguma estaca de sofrimento e descobrir
que Deus deseja que ela permaneça.
Submeter-se a vontade
de Deus é o que há de fundamental na vida cristã.
Problemas, tentações,
e dor são inevitáveis nesta vida. Mas lembre-se que Deus usa essas coisas para
produzir os preciosos frutos de humildade, comunhão e glória.
Ele poderá não
removê-los, mas promete graça suficiente para nos capacitar a suportá-los com
alegria.
PODER – O sofrimento que revela as nossas fraquezas,
serve também para revelar o poder de Deus: “Porque o meu poder se aperfeiçoa
nas fraquezas” (v.9).
Quando somos menos
dependentes de nossa força humana e temos apenas o poder de Deus para nos
sustentar, então somos canais adequados pelos quais Deus fará fluir o seu
poder.
Desta forma, devemos
louvar a Deus pela adversidade, pois ela é a ocasião em que o poder de Deus é
mais evidente em nossa vida.
Não existe alguém tão fraco que não possa tornar-se
forte, mas existem muitos que achando-se fortes continuarão fracos.
Paulo compreendeu
esta verdade e sua atitude foi de grande gozo e louvor.
No verso 9 ele diz:
“De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim
repouse o poder de Cristo.”
Paulo não era nenhum
masoquista. Não adorava se maltratado. Mas amava a graça e poder manifestado em
sua vida.
Sabia que um
ministério espiritual só pode ser realizado no poder do Espírito.
Quando sua reputação
acabasse, Paulo não poderia depender dela. Quando sua força física se
esgotasse, não poderia se amparar nela.
Ficou limitado a
pregar a mensagem que Deus lhe confiou e a depender do poder de Deus para fazer
o resto, e Deus nunca falhou com ele.
CONTENTAMENTO – Paulo nos dá um princípio-chave no verso 10:
“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas
perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então
é que sou forte”.
Paulo aceitou o seu
problema mais grave como um amigo destinado a torná-lo mais útil para Deus.
Sua atitude demonstra
um grande contraste com a atitude de nossa sociedade.
A maioria das pessoas
vive descontente, porque erroneamente pensam que a felicidade consiste em gozar
de circunstâncias agradáveis e em possuir muitos bens.
Muitos cristãos
parecem pensar que guardar os crentes de todas as dificuldades é a maior
expressão da graça de Deus.
O chamado evangelho
da prosperidade – filosofia dessa nossa sociedade humanista e sem Deus – é a
maior contribuição para esse erro.
Esse tipo de
pensamento gera pobreza espiritual, deprecia a graça de Deus e substitui as
verdadeiras riquezas espirituais por ganância e desilusão.
Esse pensamento também
leva as pessoas a sentirem-se abandonadas por Deus e questionarem sua fé quando
as dificuldades vêm.
O apóstolo instruiu
aos colossenses: “A fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro
agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de
Deus; sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em
toda perseverança e longaminidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos
fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz” (Cl. 1.10-12).
Paulo diz:
“Fortalecidos com todo poder”! Para que?
Saúde, riqueza,
prosperidade, curas, milagres, sinais e maravilhas? NÃO.
Para obterem “toda a
perseverança e longanimidade” – coisas necessárias em tempos difíceis.
Isto não é uma
promessa de vivermos sem problemas; é uma promessa de recebermos poder para
suportar as dificuldades que são inevitáveis.
Como vamos
suportá-las? “Com alegria, dando graças ao Pai”, por possuirmos uma herança
eterna e não por riquezas temporais.
Podemos meus irmãos
encontrar a graça em meio às tribulações.
Deus sempre usou o
sofrimento para aperfeiçoar e purificar o seu povo e para demonstrar a
suficiência de sua graça.
Quando não confiamos
na soberania de Deus ou não entendemos seus propósitos, então experimentamos
preocupação, medo e ansiedade, ao passarmos por circunstâncias difíceis.
Mas o sofrimento traz
enormes benefícios.
O sofrimento prova a nossa fé – Pedro usou a analogia
de um ourives para ilustrar este benefício do sofrimento.
Assim como um ourives
usa o fogo para retirar a impureza do ouro, assim Deus usa as provações para
autenticar e purificar a nossa fé:
“Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se
necessário, sejais contristados por várias provações, para que uma vez
confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível,
mesmo apurado por fogo redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus
Cristo.” (I Pe. 1.6-7).
Uma fé aprovada por
Deus é preciosa porque nos dá o gozo e a certeza de sabermos que somos cristãos
genuínos.
O sofrimento confirma a nossa filiação – Mesmo quando nosso
sofrimento é resultado da correção proveniente de Deus, podemos nos regozijar,
pois isso prova que Ele nos ama.
“Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor,
nem desanimes quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e
açoita a todo filho a quem recebe. È para disciplina que perseverais (Deus vos
trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? (Hb. 12.5-7)
O sofrimento nos identifica com Cristo – Em Gálatas 6.17,
Paulo declara: “Trago no corpo as marcas
de Jesus”.
Ele recebeu em seu
corpo as feridas causadas por pessoas cujo alvo era atacar a Cristo.
Paulo considerava um
privilégio o sofrer por Cristo, pois desejava compartilhar da comunhão dos
sofrimentos de Cristo (Fp. 3.10).
Portanto queridos
irmãos, a graça de Deus é mais do que suficiente para cada uma das nossas
necessidades.
REFLITA:
- Nosso
relacionamento com Ele é profundo e marcado por tal confiança a ponto de sermos
atraídos a Ele em tempos de dificuldade?
- Nos sentimos
contentes ao suportar fraquezas, insultos, aflições e perseguições por amor a
Cristo, a fim de que possamos estar espiritualmente fortes, mesmo em meio à
fraqueza física e emocional?
Conta-se que Charles
Haddon Spurgeon, em certa tarde, ao dirigir-se para casa, após um árduo dia de
trabalho, sentindo-se cansado e deprimido, recordou o versículo: “A minha graça
te basta”.
Em sua mente, logo se
comparou a um peixinho em um imenso rio, com receio de estar tomando tantas medidas
de água, dia a dia, que chegaria a secar o rio. Então o grande rio lhe disse:
“Beba, peixinho. Minhas águas são suficientes pra você”.
Depois, Spurgeon
pensou em um ratinho nos celeiros do Egito, temendo que suas beliscadas
pudessem acabar com os suprimentos e fazê-lo morrer de fome. Então, José
aparece e diz: “Anime-se, ratinho. Meus celeiros são suficientes para você.”
Depois, pensou em um
homem escalando uma alta montanha para alcançar seu elevado cume, com medo de
sua respiração viesse a esgotar todo o oxigênio da atmosfera. O Criador fez
soar sua voz do céu, dizendo: “Oh! Homem. Respire bem e encha seus pulmões.
Minha atmosfera é suficiente para você!”.
Descansemos na
abundancia da maravilhosa graça de Deus e na total suficiência de todos os seus
recursos espirituais.
Este é o Legado que o
todo-suficiente Salvador concedeu ao seu povo.
E este é o conteúdo
do seu precioso Evangelho.
“Graça
e paz vos sejam multiplicadas”
Ministrado
por:
Alysson
Diniz Rodrigues