Deixa eu te dizer...

quinta-feira, 28 de abril de 2016

A aflição pela causa de Cristo é um Privilégio Glorioso - Atos 5.40-42

Há algum tempo, eu estive lendo alguns artigos, livros e pensando sobre um assunto que em outros tempos, fazia tão parte da vida de alguns cristãos, mas que agora pouco se sabe, fala ou se vive assim.
Uma das realidades mais vivas em que um cristão genuíno poderia passar em toda a sua carreira cristã na terra.
“Ser afligido pela causa de Cristo.”
Mas afinal de contas, quem hoje é afligido pela causa de Cristo?
Ao tocar nesse assunto, que parece ser tão interessante, muitas pessoas pensam que isso é coisa do passado. De uma época, onde havia mártires que sacrificaram suas vidas em nome do Evangelho. Devorados por leões, transpassados por lanças, degolados ou incendiados.

Entretanto, vivemos em outro tempo, onde as pessoas demonstram viverem tão ocupadas com as coisas deste mundo que não tem tempo para serem afligidas pela causa de Cristo.
A verdade é que de uma forma ou de outra, não importando o tempo em que se esteja vivendo, qualquer um que se dispõe a ter um relacionamento íntimo com o Senhor e a andar na contramão deste sistema mundial, contrário aos princípios e valores do reino de Deus, sofrerá grande oposição e certamente será afligido.
Em um determinado momento, Jesus se reúne com seus discípulos para lhes dar algumas instruções antes da sua partida.
Ao final, Jesus, em uma frase apenas, consegue exortar e confortar seus amigos sobre o futuro que lhes aguardava.
João 16:33b – “No mundo tereis aflições, mas tende bom animo, eu venci o mundo.”
E ao que tudo indica, eles assimilaram muito bem esta mensagem.
Vamos pensar um pouco mais no contexto em que estamos inseridos aqui.
Vamos juntos aqui analisar de uma forma mais profunda as primeiras perseguições aos cristãos. A inicial surge em Atos cap. 4.1-31.
Pedro havia curado um homem coxo de nascença, o que assombrou a multidão (3.9,10).
Sabiamente ele desvia o foco de si e o coloca sobre a pessoa de Jesus (3.12-16). Foi o primeiro milagre efetuado no contexto da igreja e que não glorificou ao pregador, nem a própria igreja, mas a Cristo.
Este foi o ponto de partida para Pedro anunciar Jesus e chamar os ouvintes ao arrependimento e a Fé (3.13-26).
À medida que pregavam o Cristo ressurreto dentre os mortos, muitas almas agregavam-se ao povo de Deus. Cento e vinte (1.15) três mil (2.41) e, após a cura do homem coxo, só o numero de homens era de quase cinco mil (4.4).
O impacto do Evangelho pregado por aqueles homens ocasionou em um impressionante número de conversões.
Eis aí a razão em que surge a primeira perseguição: ensinavam e anunciavam a Jesus, ressurreto dentre os mortos (4.2) Esta era a essência da pregação e o que jamais poderia ser omitido por eles, afinal eram testemunhas vivas do que havia ocorrido.
Mas, o anúncio da ressurreição de Jesus, o credenciava como Messias, o que dava ao povo a esperança do seu retorno (4.21) e o colocava na posição de Juiz (vs. 23).
No dia seguinte, a liderança judaica se reúne e submete os apóstolos a um inquérito (4.5-7). Pedro faz um veemente discurso, culminando com a afirmação da exclusividade da salvação em Jesus.
A ousadia de Pedro deixou a liderança religiosa de Israel perplexa, atônita (4.13), ainda mais que haviam percebido que estavam lidando com pessoas iletradas, ou seja, não possuíam a mesma formação teológica.
Eram leigos e a única explicação que possuíam é: “estávamos com Jesus!”
O sinédrio reconheceu que aqueles homens estiveram com Jesus e de modo nenhum negaram esta afirmação, mas desta forma os ameaçaram fortemente a se calarem e não falarem mais em nome desse Jesus.
Para agravar o quadro, o homem que havia sido curado estava ao lado deles, reforçando que algo de extraordinário havia acontecido, e não restando mais acusação, tiveram que libertá-los.
Mas antes disso, ainda tiveram que ouvir uma palavra dura da parte de Pedro (4.19), nos ensinando que a voz de Deus não pode ser abafada pela voz dos homens.
O que seria dano tornou-se vitória. E as conversões continuaram, pois este sentimento de que havia uma tarefa a ser cumprida estava a cada dia mais vivo dentro deles.
E é assim que surge a segunda perseguição.
Seu registro se encontra a partir do cap. 5.17.
E agora, é movida pelo grupo dos saduceus, que prendem os apóstolos por estarem pregando o Evangelho.
Mas, algo de extraordinário acontece. Milagrosamente, um anjo do Senhor os tirou e os enviou ao templo para continuar o que já faziam anteriormente.
Ou seja, em vez de os enviá-los a um lugar seguro, mandou-os para a boca do leão.
Lucas 21.12-13 – “Mas antes de todas essas coisas, vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos Cáceres, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. E isto acontecerá para que deis testemunho.”
De manhã cedo eles estavam ali, ensinando no templo. Naquela hora era o sinédrio como um todo que se alvoroça, vindo sobre os apóstolos uma pressão ainda maior (5.21-28).
O sumo sacerdote havia convocado o sinédrio, composto por um conselho e todos os anciãos dos filhos de Israel.
O sinédrio era a elite religiosa de Israel, o coração do judaísmo.
A maior reclamação que tinham, é a que os discípulos estavam colocando sobre os ombros dos seus membros a culpa da morte de Jesus.
Pedro naquele instante já não se preocupava mais com o politicamente correto. Nem mesmo se desculpou diante deles, mas antes insistia que a morte de Jesus havia sido tramada por eles.
Contrapondo esta atitude, estava a ação de Deus em ressuscitá-lo, para sua glória.
Assim, a igreja, aos olhos da sociedade daquela época e de seus líderes, se posicionava em apontar para a ressurreição de Jesus como a essência da sua pregação.
Eles eram testemunhas, junto com o Espírito, como Jesus dissera que o Espírito viria para testemunhar dele (Jo. 15.26)
Uma vida cheia do Espírito, não é aquela que grita no culto, que rola no chão e que dá pulos bem altos, mas aquela que investe toda sua vida em dar um testemunho autentico de Jesus Cristo, mesmo a custo de aflições, amém?
Lucas 21.13 – “E isto acontecerá para que deis testemunho.”
O ódio do sinédrio aumentou aponto de quererem matar os apóstolos.
Então, dentre eles se levanta um líder teológico de grande respeito. O nome dele era Gamaliel. E este deu uma palavra ponderada á todos ali reunidos (vs. 34-40).
Gamaliel pertencia a um partido popular judaico que dava ênfase a absoluta obediência da Lei como o caminho da salvação.
Embora fariseu, representava uma das renomadas escolas rabínicas, a escola de Hilel. Instituição esta, em que mais tarde teria um aluno bastante conhecido do novo testamento, o apostolo Paulo.
Umas das características dos fariseus é que “Deus está acima de tudo e não precisa de auxílio de ninguém para cumprir seus desígnios. O que é de Deus se estabelecerá, o que não é jamais se firmará”.
Gamaliel era respeitado por sua devoção a Deus, sabedoria e erudição.
Ele cita dois episódios de pouca expressão política que sucederam alguns anos antes.
Ambos foram improdutivos e nada deixaram. Na ótica dos fariseus, não vinha da parte de Deus. Talvez a seita iniciada por Jesus seguisse o mesmo caminho.
A palavra de Gamaliel é muito elogiada por diversos comentaristas e interpretes do N.T, no entanto, apenas mostrou que ele via Jesus como fundador de mais movimento, dentre tantos que acabaria em nada.
É verdade que ele disse que, talvez, fosse de Deus e eles não deveriam ser achados lutando contra Deus (vs. 39), mas o sinédrio não cria que fosse algo de Deus. Nem mesmo ele cria, porque os exemplos citados foram de farsantes fracassos.
Este episódio serviu apenas para animar os discípulos (vs. 41-42).
Eles começaram a descobrir uma verdade que, ao longo da história, outros cristãos descobriram: sofrer aflições por amor a Jesus é a maior glória que um fiel pode experimentar.
No entanto, pelo menos duas perguntas surgem em minha mente e que nesta oportunidade gostaria de compartilhar com todos aqui para juntos refletirmos.
Por que causa você estaria disposto a ser afligido?
O quanto estaria disposto a ser afligido pela causa na qual você se entregaria?
Ser afligido pelo nome de Jesus é algo que faz parte da nossa peregrinação nesta terra.
E esta afirmação fica muito clara para nós a medida que acompanhamos a vida e o ministério de Jesus, dos seus apóstolos e de todos aqueles que foram chamados para negar a si mesmo, tomar a cruz de Cristo e segui-lo (Mc. 8.34).
E o grande problema é quando não mais identificamos esta realidade no nosso tempo.
O que aconteceu? Será que a igreja do nosso tempo se tornou aceitável aos olhos deste mundo?
Fico tão surpreso e admirado, como o mundo hoje acolhe muitos aqueles que se dizem ser cristãos, e que muitas vezes se esquecem de que há uma luz para brilhar, e desta maneira, não se preocupam nenhum pouco em fazer a diferença.
Todos convivem tão bem e em harmonia, que quase podemos chamá-los de irmãos.
Isso me faz lembrar aquela época em que a Igreja se misturou com o paganismo Romano.
O Paganismo e a idolatria ao deus sol era a religião da maioria, incluindo o Imperador, tido como encarnação desta divindade.
O número de Cristãos estava crescendo cada vez mais, não adiantava mais matar os cristãos, não adiantava jogá-los aos leões, nem queimá-los vivos, pois eram tidos como heróis mártires e o seu número aumentava ainda mais após seus atos heróicos.
E com Cristianismo crescendo cada vez mais, o Imperador Romano da época “Constantino”, temia uma revolução!
Então Constantino (imperador Romano) teve uma idéia diabólica! Unir Cristãos e Pagãos em uma só fé. Formando uma Igreja Universalizada e Sincretista.
A partir de então a perseguição aos cristãos parou, foi feito um tratado de paz. E todos passaram a viverem dentro de uma só comunidade apenas.
Meus irmãos, nunca antes, se viu um tempo de maior crescimento espiritual e fortalecimento dos crentes em Jesus, do que o tempo da perseguição e da aflição por esta causa.
Também, de igual maneira, nunca se viu um tempo de maior esfriamento espiritual e esmorecimento de crentes em Jesus, do que no nosso tempo.
Onde vemos inúmeras pessoas seduzidas por este mundo, levada de um lado para outro, cativas pela busca do prazer da carne e dos olhos, que a Bíblia chama de “concupiscência”, e viver uma vida de arrogância e orgulho, que a Bíblia identifica como “soberba da vida”.
Ao exortar os cristãos a não amarem o mundo nem o que nele há (I Jo. 2.15,16), a Palavra de Deus através do apóstolo João, está nos exortando a não esposar seus valores e conceitos, não seguir seus caminhos incertos e, tampouco, experimentar os enganosos prazeres que o mundo oferece.
Meus irmãos, o que estamos presenciando nesta era, é uma comunidade cristã que perdeu através do tempo a principal razão de sua existência.
Aquilo que nossos pais viveram tão intensamente, não deixando que a ordem de seu mestre fosse desprezada.
Mateus 10.22 – “E odiados por todos sereis por causa do meu nome, mas aquele que permanecer firme até o fim, experimentará a redenção.”
Jesus, em todo tempo esteve preocupado com a integridade daqueles que levariam a preciosa semente por todo mundo.
Todos aqui se lembram da oração sacerdotal de Jesus?
João 17.14-17: “Dei-lhe a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas os livres do mal. Não são do mundo, como do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.”
Por diversos momentos nossa vida cristã é posta a prova, e diante de nós sempre haverá uma decisão a tomar.
Santificados – separados por Deus, uma geração santa e exclusiva para Ele.
Talvez por não abrir mão dos preceitos de Deus para sua vida, você corra o risco de perder seu emprego, desfazer amizades, ou até mesmo ser visto com maus olhos pela própria família.
Saiba que a Palavra de Deus nos ensina em I Co. 1.7b que “...se somos participantes de suas aflições, assim seremos também da consolação”.
I João 5.19 – “Sabemos que somos de Deus, e o mundo inteiro jaz no maligno”.
O nosso dever é refletir com sinceridade a imagem do Senhor Jesus, cumprindo a nossa missão.
Entendamos de uma vez por todas que: A aflição pela causa de Cristo é um Privilégio Glorioso.
Já parou para pensar, no que você tem aberto mão para viver a sua vida, da forma como tem vivido?
A vida abundante que Jesus nos prometeu, consiste em andar nos seus passos e viver assim como ele viveu.
Não quero aqui apenas chocar ou apenas trazer um sentimento de remorso, e quando sair daqui, tudo permanecerá da mesma forma.
Minha oração nesta noite é Deus desperte seu coração para identificar o que está errado com o tipo de cristianismo que temos vivido.
E que ao identificarmos o que está errado, possamos olhar para Cristo e encontrar nele o perfeito exemplo de abnegação.
Pois afirmo a você com toda convicção, que nenhuma aflição que passarmos nesta terra, terá sido maior que o sofrimento do nosso Salvador Jesus Cristo.
Ele suportou tudo isso por mim e por você.
Mesmo estando consciente de tudo o que estava preparado para ele, não recuou ou desistiu. Sendo o próprio Deus, não se envergonhou de morrer pela sua criação, ainda que a mesma seja aquela a executar sua pena.
Todos aqui conseguem compreender estas palavras?
Jesus enfrentou todo tipo de oposição contra si. Foi abandonado sozinho pelos próprios amigos.
João 6.66 – “Daquele momento em diante, muitos de seus discípulos o abandonaram e já não andaram mais com ele.”
Este Jesus, rejeitado e desprezados por todos, apenas começava a trilhar um caminho de dores e sofrimentos.
Mas graças a Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo que mesmo diante dos mais terríveis obstáculos, ele venceu a dor do abandono, da solidão, do castigo na carne e da morte.
Ele triunfou para glória de Deus Pai!
Filipenses 2.8 – “e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz.”
Também podemos encontrar na história, muitos seguidores de Jesus que absorveram a sua missão.
Perderam a própria vida, sofrendo o martírio por honra ao precioso nome de Jesus.
Mateus 10.39 – “Porque quem achar a sua vida irá perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, irá achá-la.”
Servos fiéis e dedicados ao Reino de Deus como os 11 apóstolos.
Somente João, morreu de causas naturais, para descrever a revelação do Apocalipse.
Pedro – Morto Crucificado
André - Morto Crucificado
Tiago, filho de Alfeu – Morto ao fio da espada
Felipe - Morto Crucificado
Simão - Morto Crucificado
Tadeu – Morto a flechadas
Tiago, irmão de Jesus – Apedrejado
Bartolomeu – Crucificado
Tiago, filho de Zebedeu – Morto ao fio da espada
Em II Crônicas 24.21 traz o relato de como o Profeta Zacarias morreu, sendo apedrejado no pátio da casa de Deus.
João Batista, aquele que cumpriu seu propósito de preparar o caminho do messias, foi decapitado em Marcos 6.20-27.
Estevão, que fora apedrejado e morto enquanto clamava em alta voz: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! E ajoelhando, pediu: Senhor, não lhes imputes este pecado. E tendo dito isto, adormeceu (At. 7.58-60).
Paulo afirma em II Coríntios 4.11 – “e assim nós que vivemos, estamos sendo entregues a morte todos os dias por amor de Jesus, para que a sua vida se manifeste em nossa carne mortal.”
Talvez você neste momento esteja se perguntando: Será que a nossa vida cristã se resume somente em dor e sofrimento?
Eu te pergunto: você gostaria de ouvir uma palavra que parte direto do nosso Senhor Jesus para o seu coração?
Lucas 6.22 – “Bem-aventurados sois vós quando os homens vos odiarem, separarem, injuriarem e rejeitarem vosso nome como indigno por causa do Filho do Homem.”
Assim como aqueles apóstolos que deixaram o sinédrio regozijando e se alegrando por terem sido achados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.
Nós também podemos e devemos nos alegrar, pois não sofremos por qualquer um, mas sofremos por Aquele que é o Rei dos Reis, Senhor dos senhores.
Em outras palavras, ser afligido pela causa de Cristo é um Privilégio Glorioso.
Deixo para todos aqui um conselho: Não perca a oportunidade de testemunhar sobre quem Jesus é, o que Ele fez e o que Ele representa para sua vida.
O Senhor nos incumbiu de uma missão. Anunciar o seu plano de redenção perfeito.
Não há razões para se envergonhar disso.
Pois aquele o negar diante dos homens, Ele o negará diante do Pai (Lc.12.9).
Negar a Cristo é deixar de reconhecer diante dos ímpios que somos seus seguidores; e recusar-se a dar testemunho do evangelho e dos princípios da justiça de Cristo ante uma sociedade carente de valores cristãos.
Que Deus possa despertar dentro de nós o verdadeiro ser cristão.
Que aprendamos a nos comportar nesta terra como peregrinos, que ainda não sendo bem-vindos, façamos realmente a diferença, refletindo a imagem do Mestre.

Que Deus abençoe a aplicação de sua Palavra.

Ministrado por:
Alysson Diniz R