Há
algum tempo, eu estive lendo alguns artigos, livros e pensando sobre um assunto
que em outros tempos, fazia tão parte da vida de alguns cristãos, mas que agora
pouco se sabe, fala ou se vive assim.
Uma
das realidades mais vivas em que um cristão genuíno poderia passar em toda a
sua carreira cristã na terra.
“Ser
afligido pela causa de Cristo.”
Mas
afinal de contas, quem hoje é afligido pela causa de Cristo?
Ao
tocar nesse assunto, que parece ser tão interessante, muitas pessoas pensam que
isso é coisa do passado. De uma época, onde havia mártires que sacrificaram
suas vidas em nome do Evangelho. Devorados por leões, transpassados por lanças,
degolados ou incendiados.
Entretanto,
vivemos em outro tempo, onde as pessoas demonstram viverem tão ocupadas com as
coisas deste mundo que não tem tempo para serem afligidas pela causa de Cristo.
A
verdade é que de uma forma ou de outra, não importando o tempo em que se esteja
vivendo, qualquer um que se dispõe a ter um relacionamento íntimo com o Senhor
e a andar na contramão deste sistema mundial, contrário aos princípios e
valores do reino de Deus, sofrerá grande oposição e certamente será afligido.
Em
um determinado momento, Jesus se reúne com seus discípulos para lhes dar
algumas instruções antes da sua partida.
Ao
final, Jesus, em uma frase apenas, consegue exortar e confortar seus amigos
sobre o futuro que lhes aguardava.
João 16:33b – “No mundo
tereis aflições, mas tende bom animo, eu venci o mundo.”
E
ao que tudo indica, eles assimilaram muito bem esta mensagem.
Vamos
pensar um pouco mais no contexto em que estamos inseridos aqui.
Vamos
juntos aqui analisar de uma forma mais profunda as primeiras perseguições aos
cristãos. A inicial surge em Atos cap. 4.1-31.
Pedro
havia curado um homem coxo de nascença, o que assombrou a multidão (3.9,10).
Sabiamente
ele desvia o foco de si e o coloca sobre a pessoa de Jesus (3.12-16). Foi o
primeiro milagre efetuado no contexto da igreja e que não glorificou ao
pregador, nem a própria igreja, mas a Cristo.
Este
foi o ponto de partida para Pedro anunciar Jesus e chamar os ouvintes ao
arrependimento e a Fé (3.13-26).
À
medida que pregavam o Cristo ressurreto dentre os mortos, muitas almas
agregavam-se ao povo de Deus. Cento e vinte (1.15) três mil (2.41) e, após a
cura do homem coxo, só o numero de homens era de quase cinco mil (4.4).
O
impacto do Evangelho pregado por aqueles homens ocasionou em um impressionante
número de conversões.
Eis
aí a razão em que surge a primeira perseguição: ensinavam e anunciavam a Jesus, ressurreto dentre os mortos (4.2) Esta
era a essência da pregação e o que jamais poderia ser omitido por eles, afinal
eram testemunhas vivas do que havia ocorrido.
Mas,
o anúncio da ressurreição de Jesus, o credenciava como Messias, o que dava ao
povo a esperança do seu retorno (4.21) e o colocava na posição de Juiz (vs.
23).
No
dia seguinte, a liderança judaica se reúne e submete os apóstolos a um
inquérito (4.5-7). Pedro faz um veemente discurso, culminando com a afirmação
da exclusividade da salvação em Jesus.
A
ousadia de Pedro deixou a liderança religiosa de Israel perplexa, atônita
(4.13), ainda mais que haviam percebido que estavam lidando com pessoas
iletradas, ou seja, não possuíam a mesma formação teológica.
Eram
leigos e a única explicação que possuíam é: “estávamos com Jesus!”
O
sinédrio reconheceu que aqueles homens estiveram com Jesus e de modo nenhum
negaram esta afirmação, mas desta forma os ameaçaram fortemente a se calarem e
não falarem mais em nome desse Jesus.
Para
agravar o quadro, o homem que havia sido curado estava ao lado deles, reforçando
que algo de extraordinário havia acontecido, e não restando mais acusação,
tiveram que libertá-los.
Mas
antes disso, ainda tiveram que ouvir uma palavra dura da parte de Pedro (4.19),
nos ensinando que a voz de Deus não pode ser abafada pela voz dos homens.
O
que seria dano tornou-se vitória. E as conversões continuaram, pois este
sentimento de que havia uma tarefa a ser cumprida estava a cada dia mais vivo
dentro deles.
E
é assim que surge a segunda perseguição.
Seu
registro se encontra a partir do cap. 5.17.
E
agora, é movida pelo grupo dos saduceus, que prendem os apóstolos por estarem
pregando o Evangelho.
Mas,
algo de extraordinário acontece. Milagrosamente, um anjo do Senhor os tirou e
os enviou ao templo para continuar o que já faziam anteriormente.
Ou
seja, em vez de os enviá-los a um lugar seguro, mandou-os para a boca do leão.
Lucas 21.12-13 – “Mas antes de todas essas coisas,
vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos Cáceres,
conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. E isto
acontecerá para que deis testemunho.”
De
manhã cedo eles estavam ali, ensinando no templo. Naquela hora era o sinédrio
como um todo que se alvoroça, vindo sobre os apóstolos uma pressão ainda maior
(5.21-28).
O
sumo sacerdote havia convocado o sinédrio, composto por um conselho e todos os
anciãos dos filhos de Israel.
O
sinédrio era a elite religiosa de Israel, o coração do judaísmo.
A
maior reclamação que tinham, é a que os discípulos estavam colocando sobre os
ombros dos seus membros a culpa da morte de Jesus.
Pedro
naquele instante já não se preocupava mais com o politicamente correto. Nem
mesmo se desculpou diante deles, mas antes insistia que a morte de Jesus havia
sido tramada por eles.
Contrapondo
esta atitude, estava a ação de Deus em ressuscitá-lo, para sua glória.
Assim,
a igreja, aos olhos da sociedade daquela época e de seus líderes, se
posicionava em apontar para a ressurreição de Jesus como a essência da sua
pregação.
Eles
eram testemunhas, junto com o Espírito, como Jesus dissera que o Espírito viria
para testemunhar dele (Jo. 15.26)
Uma
vida cheia do Espírito, não é aquela que grita no culto, que rola no chão e que
dá pulos bem altos, mas aquela que investe toda sua vida em dar um testemunho
autentico de Jesus Cristo, mesmo a custo de aflições, amém?
Lucas 21.13 – “E isto acontecerá para que deis
testemunho.”
O
ódio do sinédrio aumentou aponto de quererem matar os apóstolos.
Então,
dentre eles se levanta um líder teológico de grande respeito. O nome dele era
Gamaliel. E este deu uma palavra ponderada á todos ali reunidos (vs. 34-40).
Gamaliel
pertencia a um partido popular judaico que dava ênfase a absoluta obediência da
Lei como o caminho da salvação.
Embora
fariseu, representava uma das renomadas escolas rabínicas, a escola de Hilel.
Instituição esta, em que mais tarde teria um aluno bastante conhecido do novo
testamento, o apostolo Paulo.
Umas
das características dos fariseus é que “Deus está acima de tudo e não precisa
de auxílio de ninguém para cumprir seus desígnios. O que é de Deus se
estabelecerá, o que não é jamais se firmará”.
Gamaliel
era respeitado por sua devoção a Deus, sabedoria e erudição.
Ele
cita dois episódios de pouca expressão política que sucederam alguns anos
antes.
Ambos
foram improdutivos e nada deixaram. Na ótica dos fariseus, não vinha da parte
de Deus. Talvez a seita iniciada por Jesus seguisse o mesmo caminho.
A
palavra de Gamaliel é muito elogiada por diversos comentaristas e interpretes
do N.T, no entanto, apenas mostrou que ele via Jesus como fundador de mais movimento,
dentre tantos que acabaria em nada.
É
verdade que ele disse que, talvez, fosse de Deus e eles não deveriam ser
achados lutando contra Deus (vs. 39), mas o sinédrio não cria que fosse algo de
Deus. Nem mesmo ele cria, porque os exemplos citados foram de farsantes
fracassos.
Este
episódio serviu apenas para animar os discípulos (vs. 41-42).
Eles
começaram a descobrir uma verdade que, ao longo da história, outros cristãos
descobriram: sofrer aflições por amor a
Jesus é a maior glória que um fiel pode experimentar.
No
entanto, pelo menos duas perguntas surgem em minha mente e que nesta
oportunidade gostaria de compartilhar com todos aqui para juntos refletirmos.
Por que causa você
estaria disposto a ser afligido?
O quanto estaria
disposto a ser afligido pela causa na qual você se entregaria?
Ser
afligido pelo nome de Jesus é algo que faz parte da nossa peregrinação nesta
terra.
E
esta afirmação fica muito clara para nós a medida que acompanhamos a vida e o
ministério de Jesus, dos seus apóstolos e de todos aqueles que foram chamados
para negar a si mesmo, tomar a cruz de Cristo e segui-lo (Mc. 8.34).
E
o grande problema é quando não mais identificamos esta realidade no nosso
tempo.
O
que aconteceu? Será que a igreja do nosso tempo se tornou aceitável aos olhos
deste mundo?
Fico
tão surpreso e admirado, como o mundo hoje acolhe muitos aqueles que se dizem
ser cristãos, e que muitas vezes se esquecem de que há uma luz para brilhar, e
desta maneira, não se preocupam nenhum pouco em fazer a diferença.
Todos
convivem tão bem e em harmonia, que quase podemos chamá-los de irmãos.
Isso
me faz lembrar aquela época em que a Igreja se misturou com o paganismo Romano.
O
Paganismo e a idolatria ao deus sol era a religião da maioria, incluindo o
Imperador, tido como encarnação desta divindade.
O
número de Cristãos estava crescendo cada vez mais, não adiantava mais matar os
cristãos, não adiantava jogá-los aos leões, nem queimá-los vivos, pois eram
tidos como heróis mártires e o seu número aumentava ainda mais após seus atos
heróicos.
E
com Cristianismo crescendo cada vez mais, o Imperador Romano da época
“Constantino”, temia uma revolução!
Então
Constantino (imperador Romano) teve uma idéia diabólica! Unir Cristãos e Pagãos
em uma só fé. Formando uma Igreja Universalizada e Sincretista.
A
partir de então a perseguição aos cristãos parou, foi feito um tratado de paz.
E todos passaram a viverem dentro de uma só comunidade apenas.
Meus
irmãos, nunca antes, se viu um tempo de maior crescimento espiritual e
fortalecimento dos crentes em Jesus, do que o tempo da perseguição e da aflição
por esta causa.
Também,
de igual maneira, nunca se viu um tempo de maior esfriamento espiritual e
esmorecimento de crentes em Jesus, do que no nosso tempo.
Onde
vemos inúmeras pessoas seduzidas por este mundo, levada de um lado para outro,
cativas pela busca do prazer da carne e dos olhos, que a Bíblia chama de “concupiscência”,
e viver uma vida de arrogância e orgulho, que a Bíblia identifica como “soberba
da vida”.
Ao
exortar os cristãos a não amarem o mundo nem o que nele há (I Jo. 2.15,16), a
Palavra de Deus através do apóstolo João, está nos exortando a não esposar seus
valores e conceitos, não seguir seus caminhos incertos e, tampouco,
experimentar os enganosos prazeres que o mundo oferece.
Meus
irmãos, o que estamos presenciando nesta era, é uma comunidade cristã que
perdeu através do tempo a principal razão de sua existência.
Aquilo
que nossos pais viveram tão intensamente, não deixando que a ordem de seu
mestre fosse desprezada.
Mateus
10.22 – “E odiados por todos sereis por causa do meu nome, mas aquele que
permanecer firme até o fim, experimentará a redenção.”
Jesus,
em todo tempo esteve preocupado com a integridade daqueles que levariam a
preciosa semente por todo mundo.
Todos
aqui se lembram da oração sacerdotal de Jesus?
João 17.14-17: “Dei-lhe a tua palavra, e o mundo os
odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os
tires do mundo, mas os livres do mal. Não são do mundo, como do mundo não sou.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.”
Por
diversos momentos nossa vida cristã é posta a prova, e diante de nós sempre
haverá uma decisão a tomar.
Santificados
– separados por Deus, uma geração santa e exclusiva para Ele.
Talvez
por não abrir mão dos preceitos de Deus para sua vida, você corra o risco de
perder seu emprego, desfazer amizades, ou até mesmo ser visto com maus olhos
pela própria família.
Saiba
que a Palavra de Deus nos ensina em I Co. 1.7b que “...se somos participantes
de suas aflições, assim seremos também da consolação”.
I João 5.19 – “Sabemos que somos de Deus, e o mundo
inteiro jaz no maligno”.
O
nosso dever é refletir com sinceridade a imagem do Senhor Jesus, cumprindo a
nossa missão.
Entendamos
de uma vez por todas que: A aflição pela
causa de Cristo é um Privilégio Glorioso.
Já
parou para pensar, no que você tem aberto mão para viver a sua vida, da forma
como tem vivido?
A
vida abundante que Jesus nos prometeu, consiste em andar nos seus passos e
viver assim como ele viveu.
Não
quero aqui apenas chocar ou apenas trazer um sentimento de remorso, e quando
sair daqui, tudo permanecerá da mesma forma.
Minha
oração nesta noite é Deus desperte seu coração para identificar o que está
errado com o tipo de cristianismo que temos vivido.
E
que ao identificarmos o que está errado, possamos olhar para Cristo e encontrar
nele o perfeito exemplo de abnegação.
Pois
afirmo a você com toda convicção, que nenhuma aflição que passarmos nesta
terra, terá sido maior que o sofrimento do nosso Salvador Jesus Cristo.
Ele
suportou tudo isso por mim e por você.
Mesmo
estando consciente de tudo o que estava preparado para ele, não recuou ou
desistiu. Sendo o próprio Deus, não se envergonhou de morrer pela sua criação,
ainda que a mesma seja aquela a executar sua pena.
Todos
aqui conseguem compreender estas palavras?
Jesus
enfrentou todo tipo de oposição contra si. Foi abandonado sozinho pelos
próprios amigos.
João 6.66 – “Daquele momento em diante, muitos de
seus discípulos o abandonaram e já não andaram mais com ele.”
Este
Jesus, rejeitado e desprezados por todos, apenas começava a trilhar um caminho
de dores e sofrimentos.
Mas
graças a Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo que mesmo diante dos mais
terríveis obstáculos, ele venceu a dor do abandono, da solidão, do castigo na
carne e da morte.
Ele
triunfou para glória de Deus Pai!
Filipenses 2.8 – “e, achado na forma de homem, humilhou-se
a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz.”
Também
podemos encontrar na história, muitos seguidores de Jesus que absorveram a sua
missão.
Perderam
a própria vida, sofrendo o martírio por honra ao precioso nome de Jesus.
Mateus 10.39 – “Porque quem achar a sua vida irá
perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, irá achá-la.”
Servos
fiéis e dedicados ao Reino de Deus como os 11 apóstolos.
Somente
João, morreu de causas naturais, para descrever a revelação do Apocalipse.
Pedro – Morto Crucificado
André - Morto Crucificado
Tiago, filho de Alfeu – Morto ao fio da espada
Felipe - Morto Crucificado
Simão - Morto Crucificado
Tadeu – Morto a flechadas
Tiago, irmão de Jesus – Apedrejado
Bartolomeu – Crucificado
Tiago, filho de Zebedeu – Morto ao fio da espada
Em
II Crônicas 24.21 traz o relato de
como o Profeta Zacarias morreu, sendo apedrejado no pátio da casa de Deus.
João
Batista, aquele que cumpriu seu propósito de preparar o caminho do messias, foi
decapitado em Marcos 6.20-27.
Estevão,
que fora apedrejado e morto enquanto clamava em alta voz: Senhor Jesus, recebe
o meu espírito! E ajoelhando, pediu: Senhor, não lhes imputes este pecado. E
tendo dito isto, adormeceu (At. 7.58-60).
Paulo
afirma em II Coríntios 4.11 – “e
assim nós que vivemos, estamos sendo entregues a morte todos os dias por amor
de Jesus, para que a sua vida se manifeste em nossa carne mortal.”
Talvez
você neste momento esteja se perguntando: Será que a nossa vida cristã se
resume somente em dor e sofrimento?
Eu
te pergunto: você gostaria de ouvir uma palavra que parte direto do nosso
Senhor Jesus para o seu coração?
Lucas 6.22 – “Bem-aventurados sois vós quando os
homens vos odiarem, separarem, injuriarem e rejeitarem vosso nome como indigno
por causa do Filho do Homem.”
Assim
como aqueles apóstolos que deixaram o sinédrio regozijando e se alegrando por
terem sido achados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.
Nós
também podemos e devemos nos alegrar, pois não sofremos por qualquer um, mas
sofremos por Aquele que é o Rei dos Reis, Senhor dos senhores.
Em
outras palavras, ser afligido pela causa
de Cristo é um Privilégio Glorioso.
Deixo
para todos aqui um conselho: Não perca a
oportunidade de testemunhar sobre quem Jesus é, o que Ele fez e o que Ele
representa para sua vida.
O
Senhor nos incumbiu de uma missão. Anunciar o seu plano de redenção perfeito.
Não
há razões para se envergonhar disso.
Pois
aquele o negar diante dos homens, Ele o negará diante do Pai (Lc.12.9).
Negar
a Cristo é deixar de reconhecer diante dos ímpios que somos seus seguidores; e
recusar-se a dar testemunho do evangelho e dos princípios da justiça de Cristo
ante uma sociedade carente de valores cristãos.
Que
Deus possa despertar dentro de nós o verdadeiro ser cristão.
Que
aprendamos a nos comportar nesta terra como peregrinos, que ainda não sendo
bem-vindos, façamos realmente a diferença, refletindo a imagem do Mestre.
Que Deus
abençoe a aplicação de sua Palavra.
Ministrado por:
Alysson Diniz R