Deixa eu te dizer...

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Batistas: VIVEMOS UMA CRISE DE IDENTIDADE❓



Capa: O Jornal Batista - 18 de Outubro de 2009
    Os batistas brasileiros vivem uma crise de identidade? Uma rápida leitura das respostas colhidas por uma pesquisa encomendada na última reunião do Conselho Geral da Convenção Batista Brasileira (CBB) dá indícios de que uma parte dos batistas brasileiros entende que a resposta a este questionamento é positiva.
    Pensando nisto, OJB conversou com alguns pastores e líderes batistas que, além de atuarem de forma relevante em suas igrejas locais, têm a questão da identidade denominacional como um de seus focos de reflexão.
    O primeiro deles é o pastor Irland Pereira de Azevedo, presidente emérito da CBB, que afirma que “vivemos hoje um momento de crise de identidade como batistas”. Na opinião dele isto acontece porque, “esquecidos de nossas origens, princípios e doutrinas básicas do ser batista, perdemos condições de dialogar construtivamente e dizer quem somos, donde viemos e para onde vamos, como povo e denominação”.
    Para o pastor Irland, este fenômeno é causado pela “globalização da fé, pela perda de raízes característica da pós-modernidade, pelos descompromissos com a história, pela preocupação com o crescimento numérico da igreja a qualquer custo, pelo mimetismo que a mídia incentiva e, sobretudo, pela falta de exame sério das Escrituras Sagradas”.
    Opinião semelhante tem Zaqueu Moreira de Oliveira, que é pastor batista há 50 anos, professor e ex-reitor do Seminário Teológico Batista Equatorial (STBE) e do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil (STBNB).
    “Certamente a preocupação em viver o momento atual nesta emaranhada pós-modernidade tem superado o interesse pelo passado, o que ele significa e pelas nossas origens. É impressionante como a nossa história é ignorada mesmo por pastores e líderes. Infelizmente, quem se interessa pelo passado é visto como antiquado. Outro grande problema é que perdemos a unidade que existia através da literatura produzida pela Junta de Educação Religiosa e Publicações (Juerp). Hoje, igrejas usam revistas e livros que não apresentam qualquer firmeza doutrinária. Com isso o ensino na Escola Bíblica Dominical (EBD) se tornou muito vazio, facilitando a penetração de ideias que negam os nossos princípios. Por outro lado, a avidez por novidade domina os nossos jovens. É verdade que as mudanças são necessárias, principalmente em estratégias e metodologias. Entretanto, as doutrinas, assim como os princípios, são imutáveis”, declara o pastor Zaqueu.
    Já na opinião do pastor da Igreja Batista Barão da Taquara (RJ), Carlos César Peff Novaes, é possível afirmar “que os batistas, e todas as demais denominações chamadas históricas, estão passando por uma crise de identidade”.
    Novaes diz que: “Uma grande parte dos batistas sequer imagina que procedemos de um grupo que defendeu princípios como a liberdade religiosa, a separação entre a Igreja e o Estado, a competência do indivíduo, a eclesiologia congregacionalista e a ordem social democrática. Não conhece a nossa história e, tampouco, os nossos princípios”.
    Para ele a gênese deste quadro está em que, “primeiro, não foram ensinados, pois muitos dos seus próprios líderes e pastores não os conhecem. Segundo, não se interessam em ensinar, nem em aprender, porque há uma enorme frustração hoje em relação à máquina denominacional. As igrejas vão até relativamente bem. A obra missionária talvez seja hoje a única coisa que ainda desperta a paixão dos batistas. Porém, a instituição denominacional em si está enfraquecida. Sofreu perdas inúmeras, em quantidade e qualidade. Isso gerou uma frustração sem limites. Perdemos o interesse pela nossa identidade”.
    No entanto, há aqueles que não compartilham da opinião de que os batistas brasileiros estejam com falta de identidade. Na opinião do pastor da Igreja Batista Itacuruçá (RJ), Israel Belo de Azevedo, “não há falta de identidade, a crise é outra”.
    “Não há veículos de comunicação que ajudem a formar uma uma coesão por adesão. Não há líderes que, quando falam, sejam ouvidos como vozes batistas. Há vozes demais, que não são ouvidas. Quem é o 'senhor batista', que vejamos e identifiquemos como o batista típico? Não existe.
    O problema é que este modelo (igrejas locais fortes e associações/convenções fracas), típica de nossa identidade, aumenta a pulverização e a sensação de ausência de identidade. A autonomia das igrejas é a sua maior virtude e o seu maior defeito. O defeito só seria minimizado com uma rede forte de comunicação. Sem uma rede forte de comunicação e de educação a virtude (autonomia) vira defeito”, declara.
Consequências para a igreja local
    Segundo o pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, que é colaborador de OJB, uma consequência desta pretensa falta de identidade é que “as igrejas se nivelarem por baixo a um grande número de igrejas sem conteúdo, sem doutrina, sem rumo e sem credo algum”.
    Na opinião dele, “para o indivíduo, é pensar que está crendo no Evangelho, mas na realidade está crendo num arremedo de Evangelho”. “Boa parte dos membros de nossas igrejas desconhece o passado batista, nossa história, nossos princípios e o teor de nossa pregação ao longo dos tempos. Pensam que vida cristã, como batista, é ir a um lugar, cantar, ouvir algo bom e sair. Entretanto, não encarnam na sua vida os grandes princípios batistas. Nem a fé histórica dos cristãos”, declara.
    Já para o pastor Zaqueu a principal consequência do que ele considera falta de identidade é outra: “A falta de identidade resulta em tudo o que está acontecendo hoje nas igrejas e na denominação. Anos atrás se contava nos dedos o número de pessoas que deixavam a nossa denominação por outra. Hoje, isto acontece em quase todas as famílias, mesmo naquelas cujos chefes ou patriarcas foram, ou são, intransigentes batistas. Vejo isso mesmo entre meus familiares. Nossos queridos (ovelhas e parentes) deslizam para outros grupos que lhes parecem atender seus anseios, independentemente de ferir algo do que a Palavra de Deus nos ensina. Igrejas, mesmo continuando vinculadas à denominação, denotam desvios doutrinários através da mensagem que anunciam, dos cânticos abarrotados de heresias e das práticas que se encontram desvinculadas dos nossos princípios. Com tudo isso a denominação sofre, adoece e tende a perder a própria razão de ser”.
    Falta de condições para se posicionar de forma relevante diante das questões da sociedade atual, esta é principal consequência de uma denominação sem identidade na opinião do pastor Novaes: “Em primeiro lugar, quando não sabemos qual a nossa identidade é porque não conhecemos nosso nome, nossa história, nossa fé, nossos princípios. E não saber isso significa não saber pelo que lutar, para onde direcionarmos nossos passos, que alvos queremos atingir. José Saramago, escritor português, num dos seus romances tem uma epígrafe que diz: 'sabes o nome que te deram, mas não sabes o nome que tens'. Hoje nos chamam de batistas. Porém, sabemos de fato quem somos? Para onde queremos ir? O que defendemos? Quais são os aspectos específicos da nossa pregação? Que diferenciais temos? Para a igreja, para a denominação, para o indivíduo batista o resultado disso é um só: Estagnação, falta de sentido, vazio. Que lugar ocupamos na sociedade hoje? Quem se interessa em saber o que pensamos? E caso se interesse pelo que pensamos, o que seria dito de relevante para a sociedade moderna?”.
    No mesmo cainho segue o pastor Irland, que aponta algumas consequências como: “Incapacidade de um diálogo proveitoso e rico com outros grupos denominacionais e com a cristandade em geral, a indefinição de estrutura eclesiástica e governo da igreja, o excesso de modelos de crescimento ou operação da igreja levando muitos pastores a fazer de suas igrejas campo de experimentação e 'cobaias' de novos experimentos eclesiológicos”.
    Assim como seus colegas, ele também pensa que “muitos pastores não sabem o que são, nem donde vieram, nem para onde vão, mas estão perdidos em meio à confusão teológica, metodológica e ética de nossos dias”.
    A consequência disto tudo, para o pastor Irland, é que as igrejas destes pastores se assemelha a um avião sem direção: “À certa altura do voo o comandante afirma que a aeronave está a 10 mil metros de altura, o tempo é bom, a velocidade é de 90 km/h, a temperatura externa é de 20 graus negativos e a temperatura no interior da aeronave é de 17 graus. No entanto, o avião perdeu o rumo, pois uma asa do avião se quebrou e o aparelho está prestes a cair, e acaba caindo. Há conforto interno, grande velocidade, muita altura, mas falta de direção”.
Como mudar esta situação?
    Uma mudança, na opinião de todos, não é fácil. Entretanto, não é impossível. Na opinião do pastor Israel Belo, para quem não há uma crise de identidade, mas sim uma sensação de falta de identidade, para que haja uma mudança no atual contexto “é necessário que a CBB seja forte”. Segundo ele, esta “força deve se traduzir em posse de recursos para fazer o que precisa fazer (sobretudo nas áreas de comunicação, educação e formação ministerial). Sua força precisa de agilidade no processo decisório”.
    Já para o pastor Isaltino o caminho passa pela recuperação da história e de princípios. “É necessário ensinar nossa história e princípios. Enfatizá-los em assembleias, ensiná-los em nossos seminários, divulgá-los em nossas publicações. Fazer deles a espinha dorsal de nossa vivência como denominação. Fazer uma chamada à união batista nacional. Há muito voo solo e muita carreira individual, em que cada um parece estar escrevendo sua história pessoal e não a de seu grupo. O individualismo tem sido enorme, e sempre fomos um povo que, em paralelo à autonomia da igreja, ensinamos a cooperação. Esta precisa ser resgatada e vista não apenas em termos de contribuição financeira. Precisamos devolver a denominação à sua proprietária, a igreja local, e pedir à igreja que cuide dela”.
    Quem também vê o retorno às origens como um caminho necessário para lidar com esta questão é o pastor Irland, que elenca algumas medidas práticas: “Primeiro, é necessário cuidar do estudo das origens, da história, dos princípios e dos elementos sinaléticos da identidade batista dentro do contexto da realidade da Igreja de Jesus Cristo no mundo. Em segundo lugar, deve-se submeter toda nova doutrina e todos os modelos de igreja propostos nos dias atuais ao crivo das Escrituras, adotando, se for o caso, aqueles que tenham sólida básica bíblica e se ajustam à realidade social, econômica e cultural de nossa comunidade. O terceiro ponto está na pregação, ensino, evangelização e missões. É imprescindível contextualizar linguagem, métodos e forma de nossa mensagem para o mundo de nossos dias sem comprometer a essência de nossas doutrinas e princípios. Além disso, deve-se distinguir, em nossa pregação e práxis pastoral e eclesiástica o necessário e o contingente, a doutrina e os costumes, o princípio e o culturalmente condicionado, o substantivo e o adjetivo de nossa fé. Também é importante ensinar e pregar expositivamente a Palavra de Deus, e estudar sistematicamente e com a igreja a Declaração Doutrinária da CBB e seus fundamentos bíblicos. Outra iniciativa a ser tomada é compreender a importância de denominações e grupos evangélicos como famílias da fé, mas também o que nos é peculiar e precioso como família batista. Por último, deve-se desenvolver um diálogo com outras lideranças do povo de Deus, sempre proveitoso para a compreensão uns dos outros e aprendizado de métodos que nos ajudem a realizar com mais eficácia a obra de Deus”.
    O pastor Zaqueu, por outro lado, destaca a importância do ensino em um processo de recuperação da identidade batista: “É muito difícil dizer o que podemos fazer. Mas entendo pela Bíblia que cada igreja tem a responsabilidade não apenas de proclamar o Evangelho, mas de ensinar (Mateus 28.19-20). O ensino não é responsabilidade somente dos seminários, mas precisa começar nas igrejas. Quem tem um chamado especial é enviado para um seminário, mas com uma base bíblica e doutrinária concedida na igreja local. Caso isso fosse levado mais a sério, haveria menos problemas com alunos que chegam nas instituições teológicas completamente sem conteúdo bíblico. Certa ocasião, reclamei de um pastor por ter recomendado para o seminário um jovem que tinha tudo aquilo que não se pode admitir em um vocacionado para o Ministério da Palavra. A resposta foi que ele e os familiares do rapaz esperavam que ele se 'ajeitasse' no seminário. Só que seminário não é reformatório. Se na igreja local ele não encontrou ambiente ou ensino para mudar seu comportamento, não é o seminário que vai dar 'jeito' nele. O jovem que sai do seminário sem conteúdo bíblico e doutrinário, pode ser o maior conhecedor das línguas originais, da Filosofia ou da Teologia, mas terminará por conduzir a sua igreja para outros caminhos”.
A importância da formação de líderes
    Em um ponto os entrevistados foram unânimes, uma das iniciativas fundamentais para lidar com esta situação é a formação de líderes verdadeiramente comprometidos com a igreja e com a denominação. Para isto um trabalho sério na área da educação teológica é fundamental, como afirma o pastor Novaes: “Devemos investir no estudo teológico. Investir no preparo teológico dos líderes. Formar teólogos batistas e professores batistas de Teologia. Escritores batistas de Teologia. As igrejas precisam ajudar nesse investimento. Afinal, líderes e pastores bem formados teologicamente vão beneficiar as próprias igrejas. Especialmente hoje em dia, quando os pregadores evangélicos que mais aparecem na TV fazem afirmações que não resistem à exegese mais superficial. Há um analfabetismo bíblico e religioso no mundo evangélico hoje que mais parece um retorno à Idade Média. É assustador. E há pastores e líderes batistas embarcando em barcos furadíssimos em termos de Teologia e Exegese Bíblica. Falta-lhes, com certeza, formação teológica. Fé e intelecto devem andar de mãos dadas. Fé sem intelecto é fanatismo. Intelecto sem fé é racionalismo. Não se opõem. Se completam”.
    Mesma opinião tem o pastor Zaqueu, que afirma que “não deve haver preocupação ou medo da denominação ou das instituições quanto ao ensino de Teologia. Os estudantes devem ser estimulados a exercitarem a reflexão teológica, pois isso feito com maturidade não conduz a desvios doutrinários”.
    Segundo ele, “o batista precisa saber de onde veio e para onde vai. Quem é da família batista deve ter convicção do que é e do que faz, sendo saudável para o cumprimento de sua missão neste mundo. O que o apóstolo Paulo falou sobre o bispo podemos estender a todos os batistas, na concepção de que todo cristão é vocacionado, devendo por isso ser 'apegado à Palavra Fiel, que é segundo a doutrina' (Tito 1.9a). Firmados na doutrina bíblica, podemos crescer na nossa convicção, conhecendo e vivendo os princípios que esposamos, a ponto de dizer: 'Pela graça de Deus sou o que sou' (1 Coríntios 15.10a)”.
    Na opinião do pastor Irland, “o papel dos seminários, faculdades de Teologia e outras escolas de formação de liderança para as igrejas é de enorme relevância. Nascidas por decisão das igrejas e existentes para a elas servir, na formação de líderes, mestres, doutrinadores de nosso povo e profetas para o Brasil e o mundo de nossos dias, essas escolas hão de ter e assumir um compromisso denominacional, embora crítico. A boa formação de pastores e mestres requer docentes conhecedores profundos da história, dos princípios e dos valores batistas que têm sido defendidos ao longo dos séculos. Um povo que não tem história não tem futuro. Quem não sabe de onde veio, dificilmente sabe para onde vai, e para quem não sabe para onde navega qualquer vento serve”.
Autor: Fábio Aguiar Lisboa

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Voltando o Coração a Palavra de Deus - Neemias 8.1-18




Referência: Neemias 8.1-18


INTRODUÇÃO
1. A restauração de Jerusalém passou por três etapas:
a) Restauração física – Os muros e as portas restaurados.
b) Restauração social – A ordem política, social e religiosa estabelecida.
c) Restauração espiritual – promovida pela Palavra de Deus.

2. A maior reforma implementada por Neemias – A maior reforma que Neemias implementou em Jerusalém foi a restauração da autoridade da Palavra de Deus sobre o povo. Sem essa restauração Jerusalém era absolutamente vulnerável.

3. A maior necessidade da igreja e da nação – É a restauração da autoridade suprema da Palavra de Deus para reger a vida do povo.

4. Vivemos hoje quatro graves problemas na igreja: a) Liberalismo; b) Sincretismo; c) Ortodoxia morta; d) Analfabetismo bíblico.

I. O AJUNTAMENTO PARA OUVIR A PALAVRA DE DEUS – v. 1-2
1. É espontâneo – v. 1
Deus moveu o coração do povo para reunir-se para buscar a Palavra de Deus. Eles não se reuniram ao redor de qualquer outro interesse. Hoje o povo busca resultados, coisas, benefícios pessoais e não a Palavra de Deus. Querem as bênçãos de Deus, mas não Deus. Têm fome de prosperidade e sucesso, mas não têm fome da Palavra.

2. É coletivo – v. 2,3
Todo o povo: homens e mulheres reuniram-se para buscar a Palavra de Deus. Ninguém ficou de fora. Pobres e ricos, agricultores e nobres, homens e mulheres. Eles tinham um alvo em comum, buscar a Palavra de Deus. Precisamos ter vontade de nos reunir não apenas para ouvirmos cantores famosos ou pregadores conhecidos, mas reunirmos para ouvir a Palavra de Deus. O centro do culto é a pregação da Palavra de Deus.

3. É harmonioso – v. 1
“Todo o povo se ajuntou como um só homem” (v.1). Não havia apenas ajuntamento, mas comunhão. Não apenas estavam perto, mas eram unidos de alma. A união deles não era em torno de encontros sociais, mas em todo da Palavra de Deus.

4. É proposital – v. 1
“e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha prescrito a Israel” (v. 1). O propósito do povo era ouvir a Palavra de Deus. Eles tinham sede da Palavra. Eles tinham pressa de ouvir a Palavra. Não era qualquer novidade que os atraía, mas a Palavra de Deus.

II. A SUPREMACIA DA PALAVRA DE DEUS
1. O pregador precisa estar comprometido com as Escrituras – v. 2,4,5
Esdras era um homem comprometido com a Palavra (Esdras 7:10). Eles não buscam alguém para lhes contar bonitas experiências, mas eles procuram um fiel expositor das Escrituras.
A maior necessidade da igreja é de homens que conheçam, vivam e preguem a Palavra de Deus com fidelidade. A pregação é a maior necessidade da igreja e do mundo. A pregação é a tarefa mais importante que existe no mundo.
O impacto causado pela leitura da Palavra de Deus por Esdras é comparado ao impacto da Bíblia na época da Reforma do século XVI.
Precisamos nos tornar o povo “do livro”, “da Palavra”. Não há reavivamento sem a restauração da autoridade da Palavra.

2. O povo precisa estar sedento das Escrituras – v. 1,3
A Bíblia é o anseio do povo. Eles se reúnem como um só homem (v. 1), com os ouvidos atentos (v. 3), reverentes (v. 6), chorando (v. 9) e alegrando (v. 12) e prontos a obedecer (v. 17).
Eles querem não farelo, mas trigo. Eles querem pão do céu. Eles querem a verdade de Deus. Eles buscaram pão onde havia pão.
Muitos buscam a Casa do Pão e não encontram pão. São como Noemi e sua família que saíram de Belém e foram para Moabe, porque não havia pão na Casa do Pão. Quando as pessoas deixam a Casa do Pão encontram a morte. Há muita propaganda enganosa nas igrejas: prometem pão, mas só há fornos frios, prateleiras vazias e algum farelo de pão.

3. Atitudes do povo em relação às Escrituras
a) Ouvidos atentos (v.3) – O povo permaneceu desde a alva até ao meio-dia, sem sair do lugar (v. 7), com os ouvidos atentos. Não havia dispersão, distração, enfado. Eles estavam atentos não ao pregador, mas ao livro da lei. Não havia esnobismo, nem tietagem, mas fome da Palavra.
b) Mente desperta (v. 2,,3,8) – A explicação era lógica, para que todos entendessem. O reavimento não foi um apelo às emoções, mas um apelo ao entendimento. A superstição irracional era a marca do paganismo. Oséias 4:6: “O povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento”.
c) Reverência (v.5) – “Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, porque estava acima dele; abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé”. Essa era uma atitude de reverência e respeito à Palavra de Deus. Esse púlpito elevado não era para revelar a infalibilidade do pregador, mas a supremacia da Palavra.
d) Adoração (v.6) – Esdras ora, o povo responde com um sonoro amém, levanta as mãos e se prostra para adorar. Onde há oração e exposição da Palavra, o povo exalta a Deus e o adora.

III. A PRIMAZIA DA PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
1. Ler o texto das Escrituras – v. 2,3,5
A leitura do texto é a parte mais importante do sermão. O texto é a fonte da mensagem e a autoridade do mensageiro. O sermão só é sermão se ele se propõe a explicar o texto.

2. Explicar o texto das Escrituras – v. 7,8
O Cristianismo é a religião do entendimento. Ele não nos rouba o cérebro. O sincretismo religioso anula a razão.
Pregar é explicar o texto. A mensagem é baseada na exegese, ou seja, tirar do texto, o que está no texto. Não podemos impor ao texto, nossas idéias. Isso é exegese.
Calvino dizia que pregação é a explicação do texto. O púlpito é o trono de onde Deus governa a sua igreja.
Lutero dizia que existe a Palavra de Deus escrita, a Palavra encarnada e a Palavra pregada.
Muitos hoje dizem: “Eu já tenho o sermão, só falta o texto”. Isso não é pregação. Deus não tem nenhum compromisso com a Palavra do pregador, e sim com a sua Palavra. É a Palavra de Deus que não volta vazia e não a Palavra do pregador.

3. Aplicar o texto das Escrituras – v. 9-12
O sermão é uma ponte entre dois mundos: o texto e o ouvinte. Precisamos ler o texto e ler o povo. Não pregamos diante da congregação, mas à congregação. Onde começa a aplicação, começa o sermão.
Há um grande perigo da chamada heresia da aplicação. Se não interpretamos o texto corretamente, vamos aplicá-lo distorcidamente. Vamos prometer o que Deus não está prometendo e corrigir quando Deus não está corrigindo.
A exposição e a aplicação da Palavra de Deus produziu na vida do povo vários resultados gloriosos.

IV. OS EFEITOS DA PREGAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
1. Atinge o Intelecto – v. 8
A pregação é dirigida à mente. O culto deve ser racional. Devemos apelar ao entendimento (v. 2, 3,,8,12). John Stott disse que crer é também pensar. Nada empolga tanto como estudar teologia. O conhecimento da verdade encha a nossa cabeça de luz. O povo que conhece a Deus é forte e ativo (Dn 11:32).

2. Atinge a Emoção – v. 9-12
a) Choro pelo pecado (v. 9) – A Palavra de Deus produz quebrantamento, arrependimento, choro pelo pecado. O verdadeiro conhecimento nos leva às lágrimas. Quanto mais perto de Deus você está, mais tem consciência de que é pecador, mais chora pelo pecado. O emocionalismo é inútil, mas a emoção produzida pelo entendimento é parte do Cristianismo. É impossível compreender a verdade sem ser tocado por ela.
b) A alegria da restauração (v. 10) – As festas deviam ser celebradas com alegria (Dt 16:11,14)). A Alegria tem três aspectos importantes: 1) Uma origem divina – “A alegria do Senhor”. Essa não é uma alegria circunstancial, momentânea, sentimental. É a alegria de Deus, indizível e cheia de glória. 2) Um conteúdo bendito – Deus não é apenas a origem, mas o conteúdo dessa alegria. O povo regozija-se não apenas por causa de Deus, mas em Deus: sua graça, seu amor, seus dons. É na presença de Deus que há plenitude de alegria. 3) Um efeito glorioso – “A alegria do Senhor é a nossa força”. Quem conhece esta alegria não olha para trás como a mulher de Ló. Quem bebe da fonte das delícias de Deus não vive cavando cisternas rotas. Quem bebe das delícias de Deus não sente saudades do Egito. Essa alegria é a nossa força. Foi essa alegria que Paulo e Silas sentiram na prisão. Essa é a alegria que os mártires sentiram na hora da morte.

3. Atinge a vontade – v. 11-12
a) Obediência a Deus (v. 12) – O povo obedeceu a voz de Deus e deixou o choro e começou a regozijar-se.
b) Solidariedade ao próximo (v. 12) – O povo começou não apenas a alegrar-se em Deus, mas a manifestar seu amor ao próximo, enviando porções àqueles que nada tinham. Não podemos separar a dimensão vertical da horizontal no culto.

V. A OBSERVÂNCIA DA PALAVRA DE DEUS – v. 13-18
1. A liderança toma a iniciativa de observar a Palavra de Deus – v. 13-15
Esdras no dia seguinte organiza um estudo bíblico mais profundo para a liderança (8:13). Um grande reavivamento está acontecendo como resultado da observância e obediência à Palavra de Deus. Essa mudança é iniciada pelos líderes do povo.
Havia práticas que haviam caído no esquecimento. Eles voltaram à Palavra e começaram a perceber que precisavam ser regidos pela Palavra. A Escritura deve guiar a igreja sempre!
A primeira tentação do diabo não foi sobre sexo ou dinheiro, mas suscitar dúvidas acerca da Palavra de Deus.

2. Os liderados obedecem a orientação da Palavra de Deus – v. 16-18
Toda a liderança e todo o povo se mobiliza para acertar a vida de acordo com a Palavra. Havia uma unanimidade em buscar a Palavra e em obedecê-la.
Esse reavivamento espiritual foi tão extraordinário que desde Josué, ou seja, há 1.000 anos que a Festa dos Tabernáculos nunca tinha sido realizado com tanta fidelidade ao ensino das Escrituras. Essa festa lembrava a colheita (Ex 34:22) e a peregrinação no deserto (Lv 23:43). Em ambas as situações o povo era totalmente dependentes de Deus.
Se queremos restauração para a igreja, precisamos buscar não as novidades, mas voltarmo-nos para as Escrituras.

3. A alegria de Deus sempre vem sobre o povo quando este obedece a Palavra de Deus – v. 10,17b
“A alegria do Senhor é a vossa força” (v.10) e “…e houve mui grande alegria” (v. 17b). O mundo está atrás da alegria, mas ela é resultado da obediência à Palavra de Deus. O pecado entristece, adoece, cansa. Mas, a obediência à Palavra de Deus traz uma alegria indizível e cheia de glória.
Um povo alegre é um povo forte. A alegria do Senhor é a nossa força. Quando você está alegre, a força de Deus o entusiasma!

Reflexões pastorais
1. Você tem disposto o seu coração para conhecer a Palavra de Deus?
2. Você tem disposto o seu coração para viver os ensinos da Palavra de Deus?
3. Você tem disposto o seu coração para ensinar a Palavra de Deus?

Que Deus possa despertar a sua Igreja a mergulhar nas profundezas da sua Palavra!

Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Das Garras de Satanás Para os Braços De Deus



Texto: Zacarias 3.1-7

Introdução:

Não é sem razão que Satanás é chamado de “... o acusador dos nossos irmãos...” – Ap. 12.10. Esse é o seu papel favorito.
Em João 8.44, aprendemos que Ele é “o pai da mentira”, e isso é a mais pura verdade.
Mas ele pode falar a verdade quando isso interessar aos seus planos.
Verdade ou mentira, ele despeja acusações contra o cristão, gerando uma sensação de condenação, e na verdade o desencoraja o tornando incapaz para o serviço.
Satanás se deleita quando vê um cristão “vestido com roupas imundas”. E assim como fez com o sumo sacerdote Josué, ele fará tudo o que estiver ao seu alcance para evitar que roupas sujas sejam trocadas por outras limpas. Ele sabe que nada pode prejudicar mais a causa de Cristo do que um Cristão que cai em pecado.
Satanás tem tido grande vitória através do prejuízo gerado pela delinquência moral de alguns evangélicos em nossa sociedade. Mas a vitória final não está com ele.
Nosso inimigo está sempre alerta, a fim de encontrar alguma coisa de que possa nos acusar perante Deus e que possa nos desacreditar diante dos homens. Infelizmente muitos de nós temos muitas vezes dado a Satanás motivos para fazer isso. Ele tem muita experiência, e sabe como explorar o ponto fraco do nosso caráter.
Porque Cristo nos fez, conforme Ap. 1.6 – “... reino, sacerdotes para Deus, seu Pai...”, é privilégio e função de todo crente ministrar diante de Deus.
Mas no desempenho dessa função, podemos esperar, como Josué, que venhamos a atrair a fúria do nosso Adversário, no seu papel de “acusador”.
Josué era sem dúvida, um dos homens mais santos de sua época. No entanto, quando se viu diante da resplandecente luz da santidade de Deus, sentiu sua total inadequação para atuar como sacerdote do Deus vivo. Diante das acusações de Satanás ele permanece calado.
Na visão de Zacarias, o Juiz não negou as acusações trazidas pelo Acusador contra Josué e contra a nação – mas se recusou a levá-las em consideração: O SENHOR o repreenda, Satanás, foi sua resposta. Este homem não parece um tição tirado do fogo?
O fato de Deus ter se preocupado em retirar Josué – e nós – do fogo, é a nossa segurança de que temos valor aos seus olhos, e de que “aquele que começou a boa obra em vós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus” – Fp 1.6.
Devemos reconhecer que Satanás não tem nenhum direito de atacar nenhum cristão.
Se você for atormentado pela sua voz acusadora, se lembre de que o único que tem o direito de apresentar acusações contra um discípulo de Cristo é aquele contra quem o discípulo pecou.
Rm. 8.33,34 – “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós...”.
Embora os nossos pecados não surpreendam a Deus, o entristecem.
E, mesmo tendo conhecimento prévio do nosso pecado, ainda assim, nos amou. Nenhuma acusação que Satanás possa fazer contra nós fará com que os propósitos da graça de Deus venham falhar. Por isso não podemos viver em função das acusações de Satanás, mas em função da graça de Deus.
Somos como varas queimadas tiradas do fogo, mas o Senhor ainda tem um propósito para as nossas vidas, como tinha para a vida de Josué.

1) Acusados por Satanás, mas alcançados pela misericórdia de Deus, somos limpos (verso 4):
Existe uma grande diferença entre as roupas de um escravo e as roupas de um homem livre:
O escravo: não tinha o direito de trocar a roupa suja (muitas vezes só tinha uma roupa).
Quanto aos outros tipos de escravidão:
bebida, cigarro, promiscuidade – suas roupas sempre trarão o odor de seu pecado – muitos estão presos.
O livre: ao sujar sua roupa, pode simplesmente ir ao guarda-roupa e trocar a roupa que sujou.
Da mesma forma, quem é escravo do pecado levará sempre a mancha do pecado em suas vestes. Mas uma vez libertos por Jesus, podemos ter nossas vestes alvejadas pelo poder de seu sangue precioso.
I Jo. 1.8,9 – devemos reconhecer a sujeira e pedir a Deus que nos limpe.
Zc. 3.4 – O anjo disse aos que estavam diante dele: "Tirem as roupas impuras dele".
O que aconteceu? Diante das acusações de Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, o sumo sacerdote Josué foi limpo – isso é graça. Ele estava com as vestes sujas, mas bastou uma palavra vinda de Deus para que elas fossem tiradas.
É isso que acontece conosco quando vivemos em função da graça de Deus.
Quando, num sonho, o Acusador dos cristãos confrontou Martinho Lutero com uma assustadora lista de pecados, ele, humildemente, tomou a todos como sendo seus. Então, se voltado para o Acusador, disse: “Sim, eles são todos meus, mas escreva por cima deles todos: o sangue de Jesus me purifica de todo pecado”.
As roupas aqui, representam o caráter de que estamos revestidos.
Roupas sujas significam impureza e pecado de caráter. Deus não deixará de trazer distúrbios às nossas vidas até que essas impurezas sejam removidas. Ele usará até as acusações de Satanás para nos despertar.
Não seria suficiente cobrir as roupas velhas com roupas novas, deixando as roupas sujas embaixo. Todas as coisas pecaminosas e que nos desqualificam devem ser removidas. A Bíblia nos exorta a descartar o velho homem – o homem antigo – a natureza que herdamos do primeiro Adão.
Fazer isso envolve um ato voluntário, um ato decisivo de renúncia. Perder essas roupas sujas não é um processo natural – precisamos nos livrar delas.
Não é preciso um longo e demorado processo – isso pode ser feito de forma repentina e permanente.
Podemos dizer: “Acabamos com aquele hábito pecaminoso, aquela coisa duvidosa, aquela associação ilícita”. Quando tomamos essa atitude, iremos descobrir que o Espírito Santo nos dá força para conservar esse posicionamento.

2) Acusados por Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, somos vestidos (verso 4):
Você costuma vestir roupas limpas sem tirar as roupas sujas ou sem se lavar primeiro? É claro que não! Também não é bom após nos lavar vestir as mesmas roupas sujas.
Da mesma forma acontece em nossa vida diante do nosso relacionamento com Deus. Depois de sermos limpos, estamos prontos para sermos vestidos.
Verso 4 – O anjo disse aos que estavam diante dele: "Tirem as roupas impuras dele". Depois disse a Josué: "Veja, eu tirei de você o seu pecado, e coloquei vestes nobres sobre você".
O que aconteceu? Diante das acusações de Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, o sumo sacerdote Josué foi vestido.
Que alívio aquelas palavras devem ter trazido ao espírito conturbado de Josué, quando foi removido tudo aquilo que o desqualificava para continuar servindo ao Senhor.
Aquele mesmo alívio experimentado por aquela mulher apanhada em adultério quando ouviu do Senhor Jesus: “Nem eu te condeno; vai-te e não peques mais” – João 8.11.
Mesmo diante das acusações de Satanás, ao experimentar a misericórdia de Deus, não somente somos limpos dos nossos pecados, mas sobre nós Ele coloca vestes nobres.
Não fomos despidos das roupas sujas e lavados de nossa imundícia para permanecermos nus – não acaba aqui! A referência que o texto faz é com relação aos ornamentos das vestes sacerdotais.
Deus tinha algo glorioso para substituir essas roupas velhas – um guarda-roupa com ricos ornamentos.
Esses ornamentos eram utilizados e ajustados para trazer uma beleza especial a uma veste por mais simples que fosse, e qualificado para frequentar qualquer ambiente.
Agostinho tinha vivido seus primeiros dias no pecado e em uma vida dissoluta, apesar das orações e das lágrimas de sua mãe, Mônica. Um dia, ele ouviu uma voz que dizia: “Tome e leia”.
Ele pegou a Bíblia e leu em Rm. 13.13,14: “Comportemo-nos com decência... não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Ao contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne”.
Deus lhe falou poderosamente através da sua Palavra. Ele disse para si mesmo: Gastei todo o meu tempo permitindo que a carne me tiranizasse, e agora Deus ordenou que eu me revista do Senhor Jesus Cristo. Por um ato de sua vontade, ele se apropriou de Cristo como suprimento de todas as suas necessidades, e daquela hora em diante sua vida foi completamente transformada.
O devasso transformou-se num dos maiores lideres cristãos da antiguidade.
O maravilhoso guarda-roupa de Deus está à nossa disposição. Nós devemos, por um ato definitivo da vontade, tirar “as roupas manchadas de sangue” – renunciá-las e abandoná-las. Cristo espera que d’Ele nos apropriemos, para Ele poder atender a todas as nossas necessidades.

3) Acusados por Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, somos coroados (verso 5):
É possível que alguém esteja limpo, perfumado e devidamente vestido com trajes reais sem contudo trazer consigo algo que lhe confira autoridade do rei.
Porém, quando a marca, as jóias, ou o brasão da coroa são vistos como legitimamente pertencentes a ele, ali também se encontra a autoridade do reino.
Acusado por Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, Josué não somente foi vestido com vestes nobres, mas foi investido de autoridade do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.
Verso 5 – Disse também: "Coloquem um turbante limpo em sua cabeça".
Até essa altura, Zacarias havia se portado somente como um observador atemorizado.
Mas ao ver o sumo sacerdote Josué limpo e vestido com ricas roupas, ele, emocionado interrompeu e disse: "Coloquem um turbante limpo em sua cabeça".
Era como se estivesse dizendo: Complete a restauração!.
Ele entendeu que a graça de Deus não somente restaura, mas vai além, dando não somente o que não merecemos, mas também aquilo que se julgava perdido e impossível.
O profeta Zacarias estava se referindo ao turbante do sumo sacerdote que trazia uma placa de ouro, na qual se lia as palavras: “Santidade ao Senhor”.
Era também nesse turbante que o óleo perfumado da unção era derramado, prefigurando assim a presença do Espírito Santo de Deus sobre a vida do sacerdote.
Da mesma forma, mesmo acusados por Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, muito mais do que purificados de nossos pecados e revestidos de uma nova natureza, recebemos o Espírito Santo de Deus que nos santifica e nos dá autoridade contra o pecado e contra o mal.
I Coríntios 6.11: Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.
A restauração foi completa. Por isso, uma vez salvos, nossa autoridade sacerdotal pode ser exercida. Podemos entrar com ousadia no Santo dos Santos pelo novo e vivo caminho – Jesus Cristo.

4) Acusados por Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, somos comissionados (Versos 6,7):
Uma pessoa inteligente pensa sempre em progresso e nunca em retrocesso. É lamentável vermos algumas pessoas que progridem algum tempo até determinado ponto e depois começam a cair novamente.
A imagem que temos é de que a situação se torna pior do que no início, antes de se experimentar algum crescimento.
Deus, em sua infinita sabedoria, conhecimento e inteligência, planeja para cada um de seus escolhidos uma vida de constante progresso. Ele tem um alvo para nós.
Por isso ao nos limpar, vestir majestosamente e colocar sobre nossa cabeça uma coroa de autoridade, Ele espera que nunca mais vivamos aquém do estado inicial.
E ainda mais – Ele espera que cada dia seja um passo a mais em direção ao alvo. E o alvo é Jesus Cristo:
Efésios 4.13,15 – "até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo". "... seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo."
Acusados por Satanás, mas debaixo da misericórdia de Deus, somos comissionados para viver de acordo com o que recebemos.
Verso 6 – O anjo do SENHOR exortou Josué, dizendo:
Verso 7 – Assim diz o SENHOR dos Exércitos: 'Se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus preceitos, você governará a minha casa e também estará encarregado das minhas cortes, e eu lhe darei um lugar entre estes que estão aqui’.
O Senhor, que é perdoador, tinha feito sua parte de forma excelente. Agora faltava apenas Josué aceitar sua responsabilidade, usufruir os privilégios que lhe foram concedidos, e andar nos caminhos do Senhor.
Na linguagem do NT, é o constante apelo de Deus a nós para “andar no Espírito”.
Fazendo distinção entre viver nas garras de Satanás – praticando as obras da carne; e viver nos braços de Deus – manifestando o fruto do Espírito.
Diante dessa graça maravilhosa que perdoa conhecendo de antemão o pecado e sabendo que ainda iremos pecar; diante da oferta de um ministério sacerdotal abençoado; diante da promessa de liberdade e vida abundante aqui e na eternidade.
Deus nos comissiona: I Pe 1.14-16 – “Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo".
  
Conclusão:
Josué certamente se encontrava em grande angústia na cena descrita no início da narrativa.
Mas diante da maravilhosa graça de Deus, ele pôde se acalmar e experimentar descanso para sua alma, mesmo diante das acusações do inimigo acusador.
Podemos também nos encontrar perturbados em nossa alma pelas acusações daquele que quer nos destruir.
Isso acontece quando temos os olhos voltados para baixo – para tudo o que é triste e para nós mesmos.
Mas podemos agora mesmo olhar para cima e enxergar a providência de Deus que prova o seu amor para conosco tendo Cristo Jesus morrido por nós sendo nós ainda seus inimigos.
Ele também não nos livrará de nossas mazelas de hoje?
Ele nos convida hoje para que por Ele mesmo sejamos limpos, vestidos, coroados e comissionados.
Que nossos olhos e ouvidos se voltem a Ele. Amém!!!

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Livres para Viver no Espírito



Gálatas 5.16-25

Introdução 
O pano de fundo de Gálatas é a controvérsia legalista que deu ocasião ao concílio de Jerusalém em Atos 15.
Paulo e Barnabé tinham visitado a parte sul da província romana da Galácia em sua primeira viagem missionária (At. 13-14; a.D. 48-49).
Depois de seu retorno a Antioquia, Pedro visitou aquela igreja, e por ocasião dessa visita aconteceu a controvérsia relatada em Gálatas 2.11-16.
A questão claramente percebida por Paulo era a natureza tanto da justificação quanto da santificação; seriam elas produtos exclusivos da fé ou seria exigida alguma medida de lealdade à Lei?
Que toda a questão estava longe de ser resolvida naquela altura parece evidente não só devido à relutância de Pedro em querer manter sua comunhão com os gentios, mas também às exigências impostas pelos enviados de Tiago.
Parece que a pressão inicial que Pedro sentira depois de levar Cornélio à fé em Jesus (cf. At. 11.2) havia retornado com suficiente força para afetar até os líderes da igreja em Jerusalém.
Logo depois disso Paulo recebeu a notícia que as mesmas pressões estavam sendo aplicadas às jovens igrejas que ele e Barnabé haviam fundado menos de um ano antes.
Assim, esta epístola fervorosa, nascida de uma controvérsia que ameaçava os fundamentos do cristianismo, foi escrita como uma defesa da Liberdade que os cristãos desfrutam da sujeição ao pecado e da salvação que obtemos (e que se manifesta na justificação + santificação) somente por meio da fé e não pelas obras da Lei.
Sem dúvida nenhuma Paulo chega a parte final desta carta, esboçando uma preocupação com a deturpação desse principio.
Ele procura definir os limites da liberdade cristã, a fim de evitar a acusação de promover um estilo de vida libertino e sem limites.
Vivemos numa sociedade que se entrega ao amor próprio e tudo o que se faz é conforme a própria vontade, buscando a própria felicidade, conforto e paz. Um verdadeiro Hedonismo: “Culto ao prazer”.
Tudo isso por demonstrarem ser quem realmente são numa esfera espiritual: Escravos e submissos ao pecado.
Esta entrega ao eu, com certeza, é destrutivo para a sociedade, para a família e qualquer relacionamento humano. Tal curso é o produto da influência e ilusão de Satanás, diretamente opostas à direção e as determinações das Escrituras para a vida do cristão.
Os crentes que estão crescendo entre nós e muitas vezes cercados por esse cenário, fazem várias perguntas para os seus pastores, mas talvez a pergunta mais freqüente seja: “Como eu posso ter vitória sobre o pecado e a tentação?”
Essa é uma pergunta muito boa para se fazer porque quem a faz revela um desejo no seu íntimo de se tornar cada vez mais parecido com Jesus Cristo. 
A palavra usada para se tornar mais parecido com Cristo é “santidade” ou “santificação”.
Santidade ou santificação é um processo para nos tornarmos mais puros em nosso comportamento, um processo que dura uma vida e que começa no momento em que uma pessoa recebe Jesus como Senhor e Salvador da sua vida, sendo regenerado ou nascendo de novo.
Santidade ou santificação é um processo diário pelo qual o crente se torna cada vez mais forte ao vencer o pecado e a tentação.
Muitos de nós querem isso! Queremos ser fortes diante do pecado e da tentação.
Mas infelizmente, existem também entre nós muito que não dão a minima para esse princípio, e se nós não almejamos por isso, se não desejamos crescer em santidade, pecar menos e amar mais a Cristo, então em nós não há o fruto do Espírito, e consequentemente não há salvação.
Porque a salvação muda uma pessoa completamente. Em todos os aspectos da sua vida.
“Se alguém está em Cristo, ele ou ela é uma nova criatura. As coisas velhas passaram. Eis que tudo se fez novo (2 Coríntios 5:17).”
Romanos 6.11 diz: “considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.”
Nós aprendemos que quando nos deparamos com a tentação para pecar, nós respondemos dizendo: “Estou morto para isso.”
Falamos de várias tentações na prática, tais como, quando você foi magoado por algo que alguém disse e ao invés de responder o mal com o mal, você diz para si mesmo: “Estou morto para isso.” E vai embora.
Alguém faz fofoca de outra pessoa ou a conversa se torna carnal e mundana, diga: “Estou morto para isso” e vá embora.
O link no computador pisca na sua tela te convidando a dar uma olhada em pornografia e você lembra a si mesmo que está morto para isso e vivo para Deus em Cristo Jesus.
Velhos hábitos como fumar, beber, luxúria, glutonaria, amargura, falta de perdão, considerem-se mortos para o pecado e vivos para Deu em Cristo Jesus.
Neste capítulo 5 de Gálatas, a grande ênfase do Apóstolo Paulo é que em Cristo estamos em verdadeira liberdade. Antes, estávamos escravizados pelo pecado, mas agora somos filhos de Deus, sujeitos a vontade d’Ele.
Gálatas 5 é uma das passagens chaves nas Escrituras que se ocupam com a vida cheia do Espírito ou o andar mediante o Espírito Santo, o qual habita em cada crente.
Isso é importante para compreender o argumento central de Paulo a respeito da liberdade do crente.
No trecho em que acabamos de ler, Paulo fala do conflito existente entre a carne e o Espírito, mostra-nos ainda que o Espírito Santo é o nosso santificador e o único que pode nos conduzir a uma vida de oposição à nossa carne, a subjugando e anulando seus efeitos.
Sabemos que é Jesus Cristo que nos liberta. Mas sem a obra contínua, orientadora e santificadora do Espírito Santo, a nossa liberdade é deturpada.

Então, veremos o que o texto aqui referido pode nos ensinar e ele está dividido da seguinte maneira:
A verdadeira liberdade espiritual consiste em vencer os impulsos pecaminosos da natureza humana por meio do controle do Espírito com humildade e harmonia resultantes (5.16-25).

1. A escolha pelo controle do Espírito em lugar do controle da carne capacitará o crente a triunfar sobre o pecado e sobre a Lei (5.16-19).
O texto faz referência aos combatentes do conflito cristão, a carne e o Espírito. À luz da Bíblia, podemos afirmar que a “carne” representa o que somos por natureza e o “Espírito” é o que nos tornamos por meio do novo nascimento, o nascimento do Espírito. Estes dois, a carne e o Espírito vivem em ferrenha oposição.
Paulo diz expressamente: “andai no Espirito”. Isso não é uma opção, mas uma ordem. Sem a qual nenhum cristão jamais alcançará uma liberdade continuamente crescente em sua vida.
E a motivação para obedecer tal mandamento vem da descrição que Paulo faz a seguir do tipo de vida que é produzido pelo controle das obras da carne.

2. Uma vida controlada pela carne resulta em total rejeição por parte de Deus (5.19-21).
 ... por causa da imoralidade (5.19).
 ... por causa da religião corrupta (5.20b).
 ... por causa de pecados sociais (5.20b-21).
 ... por causa de pecados de intemperança (5.21b).
Em outras palavras, a manifestação natural de suas escolhas, revelam a sua essência corrompida pelo pecado e levam à máxima rejeição por parte de Deus. Isso é tudo que somos capazes de produzir naturalmente através da nossa escravidão do pecado.

3. Uma vida controlada pelo Espírito, por outro lado, promove a genuína liberdade da Lei para aqueles que pertencem a Cristo (5.22-23).
 ... ao gerar algumas qualidades que parecem descrever a atitude do cristão para com Deus, o próximo e ele mesmo.
a)      Atitude do Cristão em Relação a Deus: Amor, Alegria e Paz – o primeiro amor cristão deve para com Deus, sua principal alegria deve ser em Deus e a sua paz mais profunda é a sua paz com Deus.
b)      Atitude do Cristão em Relação ao Próximo: Longanimidade, Benignidade, Bondade – são virtudes sociais, expressam as qualidades para que tenhamos relacionamentos saudáveis; Longanimidade é a paciência em relação aos que nos irritam e perseguem; Benignidade é uma questão de disposição; Bondade se expressa em palavras e atos.
c)      Atitude do Cristão em Relação a Si Mesmo: Fidelidade, Mansidão e Domínio Próprio – Fidelidade - descreve uma característica de alguém que é confiável. Mansidão - significa poder sob controle, humildade e por fim Domínio Próprio – autocontrole.
Todas essas características são o fruto do Espírito, o produto natural que aparece na vida dos cristãos dirigidos pelo Espírito Santo. “Contra essas coisas não há lei” (vs. 23), pois a função da lei é controlar, restringir, impedir, e aqui não há necessidade de limitações.
O contraste entre estes dois pacotes de ações e atitudes é bem resumido da seguinte maneira: “Há leis contra as obras da carne porque elas são destrutivas, mas não contra o fruto do Espírito, pois é edificante.”

4. O último comentário de Paulo sobre este conflito enfrentado por todo cristão é que o controle do Espírito e a vitória somente são possíveis por causa da união de cada crente na morte de Cristo (5.24-25).
No versículo 24: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e seus desejos”. 
Este é o nosso alvo ao olhar para a Graça de Deus demonstrada na cruz.
Crucificar a nossa carne, mortificando-a juntamente com a nossa velha natureza.
De maneira que cheguemos a afirmar como o apóstolo afirmou anteriormente: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 2:20)
 Tomamos a nossa velha natureza egocêntrica, com todas as suas paixões e desejos pecaminosos, e a pregamos na cruz.
No versículo 25: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito”.
O caráter cristão é produzido e aperfeiçoado pelo Espírito Santo, não pela mera disciplina moral de tentar viver pela Lei. Paulo deixa claro que a Justificação, produz santificação e não libertinagem.
O Espirito Santo que habita no cristão produz na sua vida virtudes espirituais que lhe são suficientes para mantê-lo no caminho certo.

Conclusão
Precisamos Entender Que a Vida Cristã Inclui Um Grande Conflito Entre a Carne e o Espírito.
Isto acontece porque a partir da conversão o Espírito Santo passou a habitar em nós, sendo assim, a carne e o Espírito vivem numa luta constante.
Precisamos Entender Que o Caminho Para Vencer é a Mortificação da Carne e um Andar Contínuo no Espírito.
Devemos nos lançar completamente sobre o senhorio de Cristo na nossa vida, e para isso é fundamental que a cada dia crucifiquemos o nosso desejo pecaminoso e desfrutemos dos meios de santificação, ou seja, oração, leitura bíblica, participação nos cultos, assim estaremos andando no Espírito e vivendo uma vida para glória de Deus.

Questões para Refletir
Você tem vivido uma vida cristã digna ao ponto de valorizar todas as riquezas que Cristo conquistou por você na cruz?
Você acredita que a igreja; bem como suas famílias influenciam o mundo com a Luz de Cristo, ou estão sendo influenciados pelas trevas e o pecado que reinam nesse mundo?
Diante de tudo que observamos na Palavra, o que mais tem contribuído para que a igreja, bem como os seus crentes tenham cedido tanto ao padrão imoral desse mundo?
Você já parou para pensar em qual é o seu papel como parte deste corpo nesta luta contra o mundanismo e o pecado que tanto nos assedia?

A luta contra as trevas e o pecado é a mais antiga que possamos imaginar, e ela continuará até o dia do encontro com o nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas, se cada um de nós observarmos atentamente a direção que Deus tem nos dado nesses dias, e não nos deixarmos enganar pelas trevas e o orgulho que mora dentro de nós, o Reino de Deus será engrandecido, Deus se alegrará e o seu nome terá sido honrado em todo tempo.
Quero fechar esta reflexão com uma importante Palavra do Senhor para nós.
Tito 2.11-13 – “Porquanto, a graça de Deus se manifestou salvadora a todas as pessoas. Ensinando-nos a renunciar as paixões mundanas e a viver de uma maneira sensata, justa e piedosa nesta presente era, enquanto aguardamos a bendita esperança: o glorioso retorno de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.”
Que Deus nos abençoe e conserve em nós esta alegre e firme expectativa, vivendo acima de tudo conforme o seu agrado.

Somente pela Graça!
Pr. Alysson Diniz