Era bem cedo. O hóspede da casa de
Simão Pedro levantou-se quietamente e deslocou-se às ruas frias e ainda escuras
da cidade de Cafarnaum. Fazendo seu caminho junto às alamedas
desertas, deixou a cidade e encontrou um lugar onde poderia estar sozinho. Contudo, Ele não estava realmente
sozinho; passava aquelas primeiras horas da manhã com seu Pai celestial.
Aquelas preciosas horas de conversa com
seu Pai foram abruptamente interrompidas por um Pedro inquieto. Podemos quase ouvir a pergunta
exasperada: “Onde esteve? Estávamos procurando por você em toda parte!”
Quem era aquele homem que dedicava suas
primeiras horas da manhã à oração?
Obviamente estamos nos referindo a
Jesus.
Você já notou que Jesus orava muito? Já
se perguntou por quê?
Certa
vez John R. W. Stott disse o seguinte: Todo
cristão sabe pelo menos duas coisas sobre a oração.
1º -Que ela é absolutamente necessária,
pois o próprio Jesus ensinou sobre o dever de “orar sempre e nunca esmorecer” –
Lc. 18:1.
2º-E que é muito difícil vigiar e orar,
afinal de contas “o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” –
Mt. 26:41.
Em nossa vida essas duas realidades
estão continuamente em conflito. Às vezes o reconhecimento de que a
oração é indispensável nos ajuda a vencer as dificuldades. Em outros momentos as dificuldades nos
levam a esquecer como é importante a oração. Estas
palavras de Stott retratam a nossa situação. Por isso precisamos de ajuda em
nossa vida de oração.
Nós,
cristãos, na realidade somos muito diferentes uns dos outros. Assim
também cada um de nós carrega experiências na vida cristã e de oração
diferentes umas das outras. Mas
creio que todos aqui presentes já experimentaram algo semelhante: como, a
dificuldade de permanecer numa constante vida de oração.
Muitas
vezes estamos tão cheios de tarefas, de ocupações do dia a dia, que o menor
tempo de paz e tranquilidade nós queremos dedicar a nós mesmos em forma de
repouso ou descanso. Desta
forma acabamos protelando aquilo que tanto confessamos ser importante mas nunca
praticamos na realidade.
Hoje a palavra de Deus quer nos oferecer auxílios
para um encontro com Deus na oração e na vida diária. Como cristãos nosso guia
para a vida cotidiana consiste na seguinte verdade: “Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse
deve também andar assim como ele andou” (1 João 2.5b-6).
Como essa
verdade nos impacta, na esfera do sermos “homens
e mulheres de oração”,
ou ainda mais, na esfera de sermos uma "igreja de oração", enquanto vivemos nossa vida cotidiana em nossa
família, escola, trabalho, igreja e comunidade?
Vamos juntos analisar o perfeito exemplo de Jesus para que de alguma maneira possamos absorver tudo que se faz necessário para um autentico cristianismo hoje.
Como era a vida de oração de Jesus?
Jesus orava sempre
Os evangelhos registram muitos relatos
de Jesus orando. Sem dúvida, Jesus orou muitas outras vezes que não foram
testemunhadas pelos escritores dos evangelhos.
A oração era a atmosfera habitual da
vida diária de Jesus.
Considere algumas das ocasiões nas quais
Jesus orou.
Ele orou em seu batismo, no início de
seu ministério público (Lucas 3.21).
Ele orou antes de um dia de ministério atarefado e
frutífero (Marcos 1.35-39).
Jesus
também orou no fim de um dia cheio de ministrações e milagres (Lucas 5.15-16).
Jesus
orou antes de tomar uma decisão maior, tal como a escolha dos doze apóstolos
(Lucas 6.12).
Ele
orou em suas poucas e últimas horas com seus discípulos (João 17).
Orou
na noite anterior à sua ida para a cruz – durante o tempo de sua mais severa provação,
no Jardim do Getsêmani (Lucas 22.39-46).
Também
vemos Jesus orando durante a sofrida angústia na cruz.
E
por fim, Jesus morreu orando (Lucas 23.34,46).
Diferentemente
de muitos de seus seguidores, Jesus orou não somente quando as pessoas estavam
observando e ouvindo, mas também quando ninguém O havia notado.
Lucas
nos informa: “Ele, porém, se retirava para lugares solitários e ali orava”
(Lucas 5.16).
Ele
sempre orava quando a única audiência que tinha era seu Pai celestial.
Jesus
orou apaixonadamente
A
oração não era um mero ritual sem sentido ou vazio para Jesus.
Veja
a descrição que Lucas faz a respeito de Jesus orando: “[...E, estando em
agonia, orava ainda mais intensamente. E
aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.]”
(Lucas 22.44).
O
autor aos Hebreus relata: “Ele, Jesus... tendo oferecido, com forte clamor e
lágrimas, orações e súplicas...” (Hebreus 5.7).
Jesus
orou insistentemente
Ele
parecia compelido a orar. Às vezes, se levantava às três ou quatro horas da
manhã para orar (veja Marcos 1.35, por exemplo).
Ainda
que Jesus levasse uma vida muito ocupada, com muitas pessoas demandando seu
tempo, Jesus sempre tinha tempo para orar.
Jesus
orava demoradamente
Algumas
vezes, Jesus oferecia orações curtas a seu Pai celestial, mas em outras
ocasiões, orava por longos períodos de tempo – às vezes, por horas.
De
fato, Lucas relata uma ocasião em que Jesus “retirou-se para o monte, a fim de
orar, e passou a noite orando a Deus” (Lucas 6.12).
Gostaria
de perguntar a você que está lendo esse texto: Por que Jesus orava?
Há
muitos anos atrás, um autor do século dezenove, chamado William Blaikie, fez
uma observação que sem dúvida expressa os sentimentos de muitos leitores dos
relatos dos evangelhos.
Ele
escreveu: “Embora a devoção de Jesus à oração seja bela em si mesma, quando
pensamos em quem Ele era, isso de alguma forma ainda nos surpreende”.
Semelhantemente,
o teólogo batista do século dezenove, John Broadus, disse: “Se algum ser humano
fosse capaz de ficar sozinho no universo, sem se firmar em Deus, isto realmente
teria sido verdade para Ele [Jesus]”.
Em
outras palavras, se já existiu alguém que andou por este planeta, e que não
precisava orar, este foi Jesus.
Não
obstante, se existiu alguém cuja vida foi marcada pela devoção, este, também,
foi Jesus.
E é
partindo desse principio, que somos confrontados por esta pergunta: “Por que Jesus orava?”.
Jesus
queria orar
Expressando
de modo simples, Jesus orava porque
queria. Jesus disse:
“O Pai ama ao Filho” (João 5.20).
Jesus
estava totalmente convicto a respeito do amor de seu Pai e, por sua vez, também
amava seu Pai.
Às
vezes, Jesus orava para ter “comunhão” com seu Pai Celestial, que o amava
“antes da fundação do mundo” (João 17.24).
James
Stewart, um pregador escocês, comentou: “Jesus sempre se voltava para Deus, não
por causa de alguma dádiva que precisava, mas simplesmente por amor à própria comunhão
com Deus”.
Pense se seu filho
quisesse conversar com você somente nos momentos em que ele precisasse de alguma
coisa.
Estabelecendo
uma relação estritamente interesseira.
Que
tipo de filho faria tal coisa?
Um
filho amoroso, dirige-se a seu pai pelo puro prazer do relacionamento pessoal
entre os dois.
As
orações de Jesus eram sempre dirigidas com ternura (e respeito), com “Pai” ou “Pai
Santo”.
“Jesus
amava a Deus, seu Pai, de modo tão completo e intenso que não podia suportar
estar longe dEle, mas usava cada oportunidade que os dias e noites Lhe traziam
para falar novamente de seu amor a Deus.”
Jesus
sentia a necessidade de orar
Ouça
o que diz em Hebreus 5.7: “Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido,
com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte
e tendo sido ouvido por causa da sua piedade”.
A
frase “nos dias da sua carne”, significa literalmente “nos dias de sua vida terrena”. Em outras palavras, Jesus orava
porque era homem – um verdadeiro ser humano.
Como
disse J. Oswald Sanders: “Embora sendo realmente divino, sua deidade de modo
algum afetou a realidade de sua natureza humana.
Suas
orações eram tão reais e intensas como alguém jamais poderia oferecer”.
Em
outras palavras, Jesus orava porque, como ser humano, estava totalmente ciente
de sua dependência de seu Pai celestial.
Por
exemplo, Ele sentiu necessidade de sabedoria ao tomar decisões, então foi ao
seu Pai celestial para pedi-la.
Precisou
ser fortalecido por seu Pai, e pediu isto nos momentos em que teve de fazer milagres
e quando tinha de resistir aos ataques de Satanás.
Uma
explicação primária para o surpreendente poder e sabedoria vistos no ministério
terreno de Jesus é que Ele percebia sua total dependência do Pai celestial, e
ia àquela única verdadeira Fonte para ser suprido.
Jesus
orava não apenas porque queria, mas também porque necessitava.
A
vida de oração para Jesus era tão necessária quanto o alimento para o corpo.
E
quanto a nossa vida de oração?
Quais
devem ser nossos hábitos de oração?
Reconsideremos
alguns mandamentos da Escritura:
“Sede...
na oração, perseverantes” (Romanos 12.12).
“Orando
em todo tempo no Espírito” (Efésios 6.18).
“Perseverai
na oração” (Colossenses 4.2).
“Orai
sem cessar. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo
Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5.17-18).
Isto
é o que a Palavra de Deus ordena que façamos, mas quais realmente são nossos
hábitos cotidianos de oração?
Oramos
somente quando outras pessoas nos estão observando e ouvindo?
Oramos
somente quando somos colocados contra a parede, não havendo a menor
possibilidade de escapar?
Se é
assim, precisamos ser corrigidos pelas palavras de Jesus, quando disse:
“Tu,
porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai,
que está em secreto” (Mateus 6.6).
Charles H. Spurgeon, o bem conhecido pastor do século dezenove, no Tabernáculo
Metropolitano de Londres, disse certa vez num sermão: “Se você não ora sozinho,
você não ora de modo nenhum”.
Essa
afirmação, é um indicativo de que nossa relação com Deus através da oração
precisa ser sincera e autentica, não maquiada de um superficialismo vazio.
Jesus
sempre falava com o Pai, abrindo de forma clara e transparente tudo aquilo que
se passava consigo mesmo.
Precisamos
olhar para Jesus e perceber que a oração não é algo para ser praticado
simplesmente a vista dos outros.
Tal como Andrew
Murray escreveu num devocional: “Em sua vida de doce oração, meu Salvador é meu
Exemplo”.
Ouça
bem o que tenho a dizer: Por que nossa vida de oração não é como a vida de
oração de Jesus, nosso Salvador e Exemplo?
Sendo
quem Ele era, viveu tão intensamente a oração, o que dirá de nós mesmos, meros
pecadores?
Um
dos pretextos mais comuns é: “Sou muito atarefado para orar”.
Contudo,
Nosso Senhor Jesus não tinha uma vida atarefada?
Os
dias de Jesus eram enfaticamente mais atarefados e cheios do que os nossos dias.
De
qualquer modo, a desculpa: “Estou
realmente muito ocupado para orar” não parece sustentável quando nos comparamos com nosso Redentor
e Modelo, Jesus Cristo.
“Fazemos das ocupações uma razão para
não orarmos. Enquanto, Jesus fez delas uma razão para orar”.
Para
verdadeiramente avaliarmos nossa própria falta de oração, seria sábio (mesmo
que doloroso) revermos as razões de Jesus para ter uma vida de oração.
Se a
maior razão para que Jesus orasse é simplesmente que Ele queria orar, então, é possível que nossa
falta de oração revele uma
falta de desejo de orar!
Honestamente, algo está gritando dentro de nós: “Eu não tenho
vontade de orar. Eu realmente não quero orar agora"
A
falta de devoção é um sintoma claro de algo ainda mais profundo; uma queda da
nossa afeição pelo Senhor.
Muito
de nossa oração deve ser motivada pelo desejo de comunhão com Deus, vindo da plenitude
de nosso coração, e não meramente vindo de nosso senso de necessidade.
Se estamos orando pouco, é bem
provável que nosso amor a Deus tenha se esfriado ou que nossa confiança em seu
amor tenha sido esquecida.
A
falta de comunicação com Deus é um sinal de que o relacionamento se tornou
distante, muito semelhante ao triste relacionamento de um casal que raramente
tem conversas significativas.
Falta
de devoção é sempre um sintoma de um problema mais grave, um distanciamento do
Deus que nos comprou com o sangue de seu precioso Filho.
Escute bem: Não
sentir vontade de orar deve ser a exata razão do por que temos de orar!
Devemos
nos aproximar de nosso Pai celestial, e que ao nos achegarmos mais próximo
d'Ele, nosso relacionamento seja reavivado.
Hebreus
4.16 “Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de
recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”
Se
Jesus passava tanto tempo em oração porque necessitava,
o que isso nos diz a respeito de nossa própria falta de devoção?
Pensamos
que não precisamos orar? Que podemos “fazer tudo por
nós mesmos”? Que podemos realmente fazer as coisas bem, sem o auxílio de Deus?
Isto
é bastante constrangedor para admitirmos, mas é a verdade, não é?
Uma razão
maior para nossa falta de oração poderia ser uma desagradável atitude de
auto-suficiência.
“Nunca
estamos tão distantes de Deus como quando estamos intoxicados pelo orgulho”.
Se
Jesus precisou orar “nos dias da sua carne”, quanto mais nós precisamos trilhar
diariamente nosso caminho até a presença do nosso Soberano Pai celestial!
Entenda de uma vez por todas.
Falta
de devoção não é um problema irrelevante.
Raramente
é uma questão de mera ocupação ou cansaço, ou falta de disciplina.
Frequentemente,
a falta de devoção é uma questão de indiferença ou uma atitude de
auto-suficiência.
Tem
sempre a ver com não querermos
orar ou pensarmos
que não precisamos orar.
A
falta de oração revela um problema com o cerne de nossas convicções e valores.
Orgulho
e auto-suficiência são a própria essência do pecado em si – inclusive do pecado
da falta de devoção.
O
que devemos fazer a respeito de nossa falta de devoção?
Confessar
Primeiro,
devemos confessar nossa falta de devoção como sendo aquilo que realmente é – um
pecado grave que afeta diretamente a nossa relação com o Senhor.
Ou há alguém aqui que
pense diferente disso?
Negligenciar
a pratica da oração é uma desobediência aos claros mandamentos descritos na
Palavra de Deus, e é totalmente diferente do exemplo de nosso Salvador.
Somente
quando entramos na presença do Rei da Glória e do Universo é que nosso orgulho
é “abatido e desarraigado”.
Oh,
que conforto saber que “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9).
Arrepender-se
Em
seguida, precisamos nos arrepender. Precisamos ter uma mudança de pensamento
que leve a uma genuína mudança na vida diária.
Quando
nos pegarmos afirmando: “Podemos continuar sem Deus nisso”, precisamos de uma
mudança em nosso pensamento, até que digamos: “Oh, Senhor, como precisamos de Ti! Nada podemos fazer sem Ti!”.
Ao
pensarmos que podemos resolver as coisas por nós mesmos, devemos ouvir a
pergunta de Deus a Jó: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da
terra?” (Jó 38.4).
Ao
pensarmos em nós mesmos como auto-suficientes, devemos nos recordar da pergunta
do apóstolo Paulo: “E que tens tu que não tenhas recebido?” (1 Coríntios 4.7).
Quando
por insensatez pensarmos que podemos ir ao mundo para termos nossas
necessidades supridas, devemos mudar tal pensamento, lembrando-nos: “Toda boa
dádiva e todo dom perfeito são lá do alto” (Tiago 1.17).
Orar
E,
finalmente, é claro, precisamos orar. Devemos “fazer” tempo para orar. Como
nosso Senhor, nossa vida deve ser marcada pela oração particular, fervorosa,
insistente e até (por vezes) demorada.
Concluímos nesta noite que quando aceitamos
a Cristo como Senhor e Salvador de
nossas vidas.
E então, vivenciamos a comunhão com Deus e com nossos irmãos.
A prática da oração se torna uma parte
inegociável em nossa vida.
Sempre reconhecendo a nossa completa
dependência do Senhor e que um minimo afastamento da sua presença poderá
acarretar situações catastróficas em nosso meio.
Esta compreensão fará toda a diferença em
nós.
"Aquele que tem
ouvidos para ouvir, Ouça o que o Espirito diz a Igreja."
Hino CC 155 - O Grande Amigo
Em Jesus amigo temos,
Mais chegado que um Irmão;
Ele manda que levemos
tudo a Deus em Oração!
OH! que paz perdemos sempre,
OH! que dor no coração,
Só porque nós não levamos
Tudo a Deus em Oração!
Temos lidas e pesares
E na vida tentação;
Não ficamos sem conforto,
Indo a Cristo em oração
haverá um outro amigo
De tão grande compaixão?
Os contritos Jesus Cristo
Sempre atende em oração
E se nós desfalecemos,
Cristo estende-nos a mão,
Pois é sempre a nossa força
E refúgio em oração.
Se este mundo nos despreza,
Cristo é nosso em oração;
em seus braços nos acolhe
E nos dá consolação!
Nossa
confiança está depositada NELE para que as nossas orações sejam ouvidas e
respondidas.
Renda-se como nosso Mestre se rendeu a uma vida de
oração, totalmente entregue aos cuidados do nosso Pai Celestial, que nos ama e
tem planos maravilhosos para cada um de nós.
Alysson Diniz R