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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Quando Deus não é Suficiente - Ezequiel 14.1-5



Introdução

“Fizeste-nos para ti, Senhor, e o nosso coração permanece inquieto enquanto não encontra repouso em ti” (Agostinho, Confissões).

“Há um vazio no coração do homem do tamanho de Deus que não pode ser preenchido por qualquer coisa criada, mas somente por Deus, o Criador, conhecido através de Jesus” (Blaise Pascal, Pensées).

Uma reflexão muito importante que precisamos sempre fazer é: "Como anda o nosso relacionamento com Deus?"
Em relação ao meu coração: "Será que Deus permanece ainda no mesmo lugar? Entronizado como Deus?"
Estamos vivendo um tempo onde Deus tem perdido espaço para muitas aberrações, que ao nosso ver não significam nada.
Algo que se poderia esperar de um mundo que segundo João, "jaz no maligno". No entanto, vemos como o povo de Deus tem se deixado contaminar por um pecado que tem se manifestado de uma forma subjetiva ao longo das eras: A idolatria!
É enganoso pensar que praticam idolatria, somente aqueles que se prostram diante de imagens e confiam a elas sua necessidades.
O próprio Apóstolo João já exortava os crentes em Cristo: "Filhinhos guardai-vos dos ídolos." (I Jo. 5.21).
Quando falamos de qualquer tipo de interferência no seu relacionamento com Deus, estamos falando de Idolatria. Afinal, quando Deus não é suficiente, passamos a recorrer a inúmeras alternativas que trarão ao nosso coração uma falsa sensação de tranquilidade.
O que isso significa?
O coração novo que recebemos em Cristo está ainda em um processo de aperfeiçoamento, e quando Deus, de forma funcional, “não é suficiente”, nossas ansiedades e medos tomam conta, e então, saímos em busca de deuses projetados ou pseudo-salvadores.
No início de Ezequiel 14, podemos observar a conversa fascinante que ocorreu entre o profeta e Deus.

Vamos analisar este contexto:

Ao invés de apresentar e contar a história de redenção de Deus a todas às nações vizinhas, Israel havia sido gradualmente atraída para a adoração dos deuses deles.
O impulso de Israel à idolatria não aconteceu porque o povo ficou entediado com a liturgia de seu templo.
Ou encantado com a música das bandas de adoração nos templos pagãos.
ou ainda impressionado com a oratória do novo profeta cananeu que tinha acabado de se mudar para o bairro.
Ninguém em Israel saiu em busca de um novo culto de adoração, mas sim de novos deuses para servi-los.
Estavam simplesmente abandonando o Deus único e verdadeiro e se entregando totalmente  a outros deuses.
O centro de sua adoração mudou de Deus para seus ídolos. Eles já não mais adoravam a Deus—isto é, o seu relacionamento com Deus foi completamente esquecido.
Quando a glória do único Deus vivo deixa de ser a nossa principal paixão na vida, qualquer coisa poderá ser suficiente para nossa satisfação.
Ao invés de viver para a glória de Deus e buscá-lo para suprir nossas necessidades, passamos a existir para nós mesmos e a buscar deuses que satisfarão nossos anseios.
Deus reage a traição do seu povo, procurando reavê-los por meio da sua disciplina.
Diante dos fortes ataques inimigos, os babilônios, alguns dos anciãos de Israel resolveram ir novamente ao profeta Ezequiel, aparentemente procurando orientação do Senhor (14:1).
O profeta Ezequiel era a única fonte de consulta naquele momento difícil e, por isso, anciãos o procuraram.
Deus sempre falava por meio de Ezequiel, mas as palavras quase sempre eram duras e cheias de denúncias.
O Senhor nem mesmo estava disposto a responder as perguntas daqueles homens, contudo, resolveu responder conforme a idolatria deles.
A palavra do Senhor àqueles anciãos foi áspera, condenando os líderes por suas inclinações à idolatria (14:2-5).
Ele falou sobre levantar ídolos dentro do coração (14:3), mostrando que o problema partia de uma atitude idólatra, e não somente das práticas visíveis da idolatria.
Em conseqüência desta idolatria no coração, eles não tinham direito de se aproximarem de Deus para interrogá-lo (14:3).
O acesso a Deus depende de um coração puro e voltado a ele. Os idólatras que ousavam ainda chegarem a Deus seriam castigados severamente pelo Senhor.
Os que não aprenderam pela palavra, poderiam aprender somente pelos atos de Deus (14:4-10).
Então Deus revela neste contexto a sua vontade em relação ao povo. Ele queria que o povo se purificasse de sua idolatria para ser verdadeiramente o povo do Senhor (14:11).
Versículo 6 diz: "Convertei-vos e deixai os vossos ídolos; desviai de todas as vossas abominações."
Versículo 11: "Para que a casa de Israel não se desvie mais de mim nem se contamine com todas as suas transgressões; mas que seja o meu povo, e eu seja o seu Deus, diz o Senhor Deus."
As vezes eu fico pensando na dimensão do amor de Deus, de sua Graça e de sua infinita misericórdia.
Como é grande a sua bondade e sua fidelidade permanece para sempre, assim diz o salmista.
Eu fico me perguntando quanto aos inúmeros benefícios que Deus tem nos proporcionado neste relacionamento que noutro tempo, nos foi conquistado através de Cristo, e como ainda nós, somos capazes de substituí-lo por qualquer outra coisa que nos satisfaça.
Passamos horas, dias, semanas, meses e anos, gastando o nosso tempo com tantas coisas que proporcionam prazer momentaneamente, nos esquecendo que existem coisas muito mais relevantes e que simplesmente são esquecidas.

      Como você se sentiria se ao chegar em casa, o seu único anseio fosse encontrar com seu filho, poder então brincar com ele, lhe  dar a devida atenção.
      Mas ao chamá-lo, você tivesse que ouvir duramente suas palavras: "não tenho tempo para você!"
      Pior do que isso, seria vê-lo atender ao chamado de um outro pai. Que se mostra tão mais interessante para ele.
      Qual seria a sua reação?

Pense um pouco nisso. Pense se de fato, o Deus que te criou, que te sustentou e que supriu todas as sua necessidades. Aquele que zelou por sua vida, te permitiu conhecê-lo e te preservou até aqui, tem sido todo suficiente para você.
Talvez você responda positivamente a todas estas peguntas, mas o que de fato tem te levado para longe de um relacionamento de intimidade com Deus?
Acredito que a pior condenação que a humanidade poderia experimentar, é ser entregue a suas vontades.
Pois enquanto Deus estiver interessado em se relacionar conosco, haverá sempre uma esperança.

E como Deus reage a tudo isso? Três fases se destacam para mim nessa passagem crucial.
Cada uma delas enfatiza o quão obstinadamente Deus nos ama em Cristo e quão incansavelmente ele busca o afeto de nossos corações.

O lamento de Deus: “Estes homens ergueram ídolos em seus corações” vs. 3.

O texto revela a maneira com o qual os homens, se afastaram de Deus. Erguendo ídolos em seus corações.
Podemos imaginar como estaria o coração de Deus, ao se deparar com esta situação?
O propósito de Deus ao nos criar, foi estabelecer uma relação baseada no seu amor e na nossa devoção.
Desde que o pecado entrou no mundo, causando um rompimento nesta relação, Deus tem buscado atrair o nosso coração, nos trazendo de volta para ele.
No passado, uma aliança foi feita, e isso estava muito claro na mente do povo.
Deuteronômio 6.13-14 - "Temerás o Senhor, teu Deus, a Ele prestarás culto e jurarás pelo seu nome. Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que habitarem ao teu redor."
Mas em muitos momentos essa aliança foi quebrada, simplesmente por que o coração do homem inclinava-se ao engano de um outro deus.
Nós somos bem capazes de levantar ídolos físicos em qualquer lugar. Mas quer seja um bezerro de ouro no pátio ou um carro novo na garagem, a principal habitação da idolatria é o coração do homem.
As obras de nossas mãos ou as palavras de nossas bocas fluem simplesmente do que está acontecendo nos santuários de nossos corações.
Mateus 6.21 - "Porque onde estiver o teu tesouro, aí também estará o seu coração."
Em termos práticos, podemos nos deparar com diversos santuários: Dinheiro, fama, poder, sexo, drogas, jogos de azar.
Alguns santuários existem até mesmo, não tendo sido criados para esse fim: o casamento, a faculdade, o emprego, a internet ou a TV, a igreja, seu pastor.
Quando todas essa coisas, passam a ter santuários em nós mesmos, nosso relacionamento com Deus é prejudicado, e tanto você quanto eu cometemos idolatria.
E de uma forma ou de outra, sua relação com o Senhor é afetada.
Existem muitas coisas para se envolver, mas o que há de melhor, sobretudo para nossa vida espiritual, está em "amar a Deus, de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e com toda as nossas forças". (Mt.22.37).
Deus nunca desistiu de nós.
Basta lembrar-se do caso do profeta Oséias. O resgate que ele fez de sua mulher, que o havia deixado, mulher adultera, amada por outro, um retrato claro e triste de como Israel havia sido infiel, abandonando o Senhor por ídolos.
Deus esteve sempre disposto a demonstrar novamente seu amor por essa nação, resgatando-a como fez Oséias, de sua decadência moral e espiritual, tomando-a de volta em seus braços.
Esta é uma das maiores reflexões que procuro fazer em toda minha vida.
Salmo 8.4 - "O que é o homem para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?"
Deus sempre age com justiça, para com os nossos atos, no entanto, cada ato justo de Deus, é motivado por um coração cheio de amor.
Tudo que Deus mais anseia em relação ao seu povo está escrito: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios 23:26).
Ele terá os nossos corações, porque somente Deus é merecedor disso.
Não podemos perder a oportunidade de entregar os nossos corações e se relacionar com Ele.
Viver uma vida totalmente voltada a Ele.
O ideal de Deus para sua vida é que você desfrute do melhor que Ele oferece. Isso somente será possível, por meio de um relacionamento fiel a Ele.

A promessa de Deus: “eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a multidão dos seus ídolos”. vs. 4b.

Apesar de sua paciência ilimitada, o amor de Deus por seu povo o impele a agir com poder e, se necessário, de forma dolorosa.
Como Deus nos responde segundo a nossa idolatria?
Deus permite que nós experimentemos as consequências sempre destrutivas resultantes da confiança nos ídolos.
Ao analisarmos a história, sempre veremos um ciclo se repetir: pecado, juízo, arrependimento e restauração.
A disciplina de Deus, é parte fundamental neste processo de restauração com o Senhor.
“Meu filho, não despreze a disciplina do SENHOR nem se magoe com a sua repreensão.” (Provérbios 3:11)
Aquilo que parecia ser algo terrível para o povo de Deus, na verdade estava sendo, nada mais, do que a correção do Senhor pelos seus atos.
"Saibam, pois, em seu coração que, assim como um homem disciplina o seu filho, da mesma forma o Senhor, o seu Deus, os disciplina." (Dt. 8.5).
Quando nós lemos a fascinante história que está relatada no livro do profeta Habacuque, percebemos como uma situação desesperadora se torna nas mãos de Deus, uma ferramenta de restauração.
Israel havia abandonado o Senhor para viver no pecado. O profeta se queixa diante de Deus por esta situação.
Deus então decide intervir, se valendo de uma nação inimiga e tão mais ameaçadora. Capaz de destruir tudo que estivesse a sua frente.
Habacuque viveu em um dos tempos mais críticos de Israel. Este tempo foi fundamental para o concerto que Deus haveria de realizar no meio do seu povo.
De igual maneira, no tempo do profeta Ezequiel, a disciplina foi o meio que Deus usou para tirar os ídolos do coração do seu povo.
No entanto, somente quando os nossos ídolos falham conosco, é que nós começamos a entender a futilidade e a insanidade da idolatria (Isaías 44).
Sabe aquele momento na sua vida que você possui uma necessidade específica, e esta te leva a uma forte busca por Deus em oração e em constante fervor.
Mas basta Deus te responder positivamente, para que a realização deste sonho te leve para longe da presença do Senhor.
Você quase não se dá conta, até contabilizar os danos e prejuízo causados a você e àqueles que você ama.
A idolatria carrega um poder de cegar e escravizar as pessoas.
Apenas um poder tão grande quanto a graça de Deus pode acabar com os enganos e destruir as armadilhas da idolatria.
Deus intervem a situação, antes que o povo se perca totalmente pelo caminho da idolatria.
Deus sempre age com justiça, para com os nossos atos, no entanto, cada ato justo de Deus, é motivado por um coração cheio de amor.
Quantas vezes, somos pegos em situações difíceis, e nem ao menos passa pela nossa cabeça que talvez Deus esteja tratando com sua vida.
Há um texto na Palavra do Senhor muito conhecido que se encontra em 2 Cr. 7.14: "E se esse meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha face, e se afastar dos seus maus caminhos, então, dos céus os ouvirei, perdoarei os seus pecados e curarei a sua terra."
Este texto nos mostra o caminho ideal para a restauração completa e também evidencia a ultima fase de como Deus Reage.

A esperança de Deus: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus ídolos”. vs. 5.

Conforme eu tenho sido guiado, e às vezes arrastado, no processo de transformação realizado pelo evangelho, poucas palavras de esperança têm tido tanto significado para mim quanto essas.
Por que, às vezes, Deus torna a vida dolorosa para nós? Por que Deus escreve histórias que nós nunca escreveríamos;
Segue uma linha do tempo que nós nunca escolheríamos; e responde as nossas orações de tal maneira que nós pensamos que ele está na verdade nos rejeitando?
Ele nos dá a resposta: “Assim agirei a fim de reconquistar o coração de toda Casa de Israel; nação esta que me desprezou em troca de seus ídolos inúteis.”
Deus espera que respondamos de forma positiva a maneira pelo qual ele está agindo.
Ou seja, deixemos de lado, sem nenhuma reserva, todos os ídolos do nosso coração e corramos para os seus braços.
Ninguém nos ama como Deus em Jesus—mesmo que seja necessário nos levar ao cativeiro da Babilônia para nos convencer disso.
O ciúme de Deus por nosso amor é o maior elogio que ele poderia nos fazer, e também o presente mais caro que ele poderia nos dar.
Custou muito caro para Deus porque exigiu a vida e a morte do seu filho.
2 Coríntios 5.17-18 - "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. Tudo isso, provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por intermédio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação."
Deus não nos criou para vivermos longe da sua presença. Se é a nossa idolatria que nos afasta dele; Somente o seu amor, e a sua misericórdia, pode nos trazer de volta para perto dele.

O propósito de Deus ao nos criar, foi estabelecer uma relação baseada no seu amor e na nossa devoção.
Deus espera que amemos se relacionar com ele, porque de fato, Ele nunca nos abandonará.
Isso pode se tornar bem perturbador e confuso.
Em algum momento você poderá afirmar: “Nada vai me separar do amor de Deus”, sem perceber tudo o que está implícito nessa  declaração.
O Deus de amor não tolerará o nosso amor pelos ídolos. Ele reagirá a fim de reaver aqueles que lhe pertencem. Este processo poderá ser doloroso. Precisamos corresponder ao agir de Deus.

Louvado seja o nome do Senhor, pois enquanto Deus estiver interessado em se relacionar conosco, haverá sempre uma esperança.
Isaías 55.6 - Buscai ao Senhor enquanto é possível encontrá-lo; invocai-o está próximo."

Que o Senhor nosso Deus tenha misericórdia das nossas vidas e nos ajude nesta jornada.



Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz

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