Introdução
“Fizeste-nos para ti, Senhor, e o
nosso coração permanece inquieto enquanto não encontra repouso em ti”
(Agostinho, Confissões).
“Há um vazio no coração do homem
do tamanho de Deus que não pode ser preenchido por qualquer coisa criada, mas
somente por Deus, o Criador, conhecido através de Jesus” (Blaise Pascal,
Pensées).
Uma reflexão muito importante que
precisamos sempre fazer é: "Como anda o nosso relacionamento com
Deus?"
Em relação ao meu coração:
"Será que Deus permanece ainda no mesmo lugar? Entronizado como
Deus?"
Estamos vivendo um tempo onde
Deus tem perdido espaço para muitas aberrações, que ao nosso ver não significam
nada.
Algo que se poderia esperar de um
mundo que segundo João, "jaz no maligno". No entanto, vemos como o
povo de Deus tem se deixado contaminar por um pecado que tem se manifestado de
uma forma subjetiva ao longo das eras: A idolatria!
É enganoso pensar que praticam
idolatria, somente aqueles que se prostram diante de imagens e confiam a elas
sua necessidades.
O próprio Apóstolo João já exortava os
crentes em Cristo: "Filhinhos guardai-vos dos ídolos." (I Jo. 5.21).
Quando falamos de qualquer tipo
de interferência no seu relacionamento com Deus, estamos falando de Idolatria.
Afinal, quando Deus não é suficiente, passamos a recorrer a inúmeras alternativas que trarão ao nosso coração uma falsa sensação de tranquilidade.
O que isso significa?
O coração novo que recebemos em
Cristo está ainda em um processo de aperfeiçoamento, e quando Deus, de forma
funcional, “não é suficiente”, nossas ansiedades e medos tomam conta, e então,
saímos em busca de deuses projetados ou pseudo-salvadores.
No início de Ezequiel 14, podemos
observar a conversa fascinante que ocorreu entre o profeta e Deus.
Vamos analisar este contexto:
Ao invés de apresentar e contar a
história de redenção de Deus a todas às nações vizinhas, Israel havia sido
gradualmente atraída para a adoração dos deuses deles.
O impulso de Israel à idolatria
não aconteceu porque o povo ficou entediado com a liturgia de seu templo.
Ou encantado com a música das
bandas de adoração nos templos pagãos.
ou ainda impressionado com a
oratória do novo profeta cananeu que tinha acabado de se mudar para o bairro.
Ninguém em Israel saiu em busca
de um novo culto de adoração, mas sim de novos deuses para servi-los.
Estavam simplesmente abandonando
o Deus único e verdadeiro e se entregando totalmente a outros deuses.
O centro de sua adoração mudou de
Deus para seus ídolos. Eles já não mais adoravam a Deus—isto é, o seu
relacionamento com Deus foi completamente esquecido.
Quando a glória do único Deus
vivo deixa de ser a nossa principal paixão na vida, qualquer coisa poderá ser
suficiente para nossa satisfação.
Ao invés de viver para a glória
de Deus e buscá-lo para suprir nossas necessidades, passamos a existir para nós
mesmos e a buscar deuses que satisfarão nossos anseios.
Deus reage a traição do seu povo,
procurando reavê-los por meio da sua disciplina.
Diante dos fortes ataques
inimigos, os babilônios, alguns dos anciãos de Israel resolveram ir novamente
ao profeta Ezequiel, aparentemente procurando orientação do Senhor (14:1).
O profeta Ezequiel era a única
fonte de consulta naquele momento difícil e, por isso, anciãos o procuraram.
Deus sempre falava por meio de
Ezequiel, mas as palavras quase sempre eram duras e cheias de denúncias.
O Senhor nem mesmo estava
disposto a responder as perguntas daqueles homens, contudo, resolveu responder
conforme a idolatria deles.
A palavra do Senhor àqueles
anciãos foi áspera, condenando os líderes por suas inclinações à idolatria
(14:2-5).
Ele falou sobre levantar ídolos
dentro do coração (14:3), mostrando que o problema partia de uma atitude
idólatra, e não somente das práticas visíveis da idolatria.
Em conseqüência desta idolatria
no coração, eles não tinham direito de se aproximarem de Deus para interrogá-lo
(14:3).
O acesso a Deus depende de um
coração puro e voltado a ele. Os idólatras que ousavam ainda chegarem a Deus
seriam castigados severamente pelo Senhor.
Os que não aprenderam pela
palavra, poderiam aprender somente pelos atos de Deus (14:4-10).
Então Deus revela neste contexto
a sua vontade em relação ao povo. Ele queria que o povo se purificasse de sua
idolatria para ser verdadeiramente o povo do Senhor (14:11).
Versículo 6 diz:
"Convertei-vos e deixai os vossos ídolos; desviai de todas as vossas
abominações."
Versículo 11: "Para que a
casa de Israel não se desvie mais de mim nem se contamine com todas as suas
transgressões; mas que seja o meu povo, e eu seja o seu Deus, diz o Senhor
Deus."
As vezes eu fico pensando na
dimensão do amor de Deus, de sua Graça e de sua infinita misericórdia.
Como é grande a sua bondade e sua
fidelidade permanece para sempre, assim diz o salmista.
Eu fico me perguntando quanto aos inúmeros benefícios que Deus tem nos proporcionado neste relacionamento que
noutro tempo, nos foi conquistado através de Cristo, e como ainda nós, somos
capazes de substituí-lo por qualquer outra coisa que nos satisfaça.
Passamos horas, dias, semanas,
meses e anos, gastando o nosso tempo com tantas coisas que proporcionam prazer
momentaneamente, nos esquecendo que existem coisas muito mais relevantes e que
simplesmente são esquecidas.
Como
você se sentiria se ao chegar em casa, o seu único anseio fosse encontrar com
seu filho, poder então brincar com ele, lhe
dar a devida atenção.
Mas
ao chamá-lo, você tivesse que ouvir duramente suas palavras: "não tenho
tempo para você!"
Pior
do que isso, seria vê-lo atender ao chamado de um outro pai. Que se mostra tão
mais interessante para ele.
Qual
seria a sua reação?
Pense um pouco nisso. Pense se de
fato, o Deus que te criou, que te sustentou e que supriu todas as sua
necessidades. Aquele que zelou por sua vida, te permitiu conhecê-lo e te
preservou até aqui, tem sido todo suficiente para você.
Talvez você responda
positivamente a todas estas peguntas, mas o que de fato tem te levado para
longe de um relacionamento de intimidade com Deus?
Acredito que a pior condenação
que a humanidade poderia experimentar, é ser entregue a suas vontades.
Pois enquanto Deus estiver
interessado em se relacionar conosco, haverá sempre uma esperança.
E como Deus reage a tudo isso?
Três fases se destacam para mim nessa passagem crucial.
Cada uma delas enfatiza o quão
obstinadamente Deus nos ama em Cristo e quão incansavelmente ele busca o afeto
de nossos corações.
O
lamento de Deus: “Estes homens ergueram ídolos em seus corações” vs. 3.
O texto revela a maneira com o
qual os homens, se afastaram de Deus. Erguendo ídolos em seus corações.
Podemos imaginar como estaria o
coração de Deus, ao se deparar com esta situação?
O propósito de Deus ao nos criar,
foi estabelecer uma relação baseada no seu amor e na nossa devoção.
Desde que o pecado entrou no
mundo, causando um rompimento nesta relação, Deus tem buscado atrair o nosso
coração, nos trazendo de volta para ele.
No passado, uma aliança foi
feita, e isso estava muito claro na mente do povo.
Deuteronômio 6.13-14 -
"Temerás o Senhor, teu Deus, a Ele prestarás culto e jurarás pelo seu
nome. Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que habitarem ao teu
redor."
Mas em muitos momentos essa
aliança foi quebrada, simplesmente por que o coração do homem inclinava-se ao
engano de um outro deus.
Nós somos bem capazes de levantar
ídolos físicos em qualquer lugar. Mas quer seja um bezerro de ouro no pátio ou
um carro novo na garagem, a principal habitação da idolatria é o coração do
homem.
As obras de nossas mãos ou as
palavras de nossas bocas fluem simplesmente do que está acontecendo nos
santuários de nossos corações.
Mateus 6.21 - "Porque onde
estiver o teu tesouro, aí também estará o seu coração."
Em termos práticos, podemos nos
deparar com diversos santuários: Dinheiro, fama, poder, sexo, drogas, jogos de
azar.
Alguns santuários existem até
mesmo, não tendo sido criados para esse fim: o casamento, a faculdade, o
emprego, a internet ou a TV, a igreja, seu pastor.
Quando todas essa coisas, passam
a ter santuários em nós mesmos, nosso relacionamento com Deus é prejudicado, e
tanto você quanto eu cometemos idolatria.
E de uma forma ou de outra, sua
relação com o Senhor é afetada.
Existem muitas coisas para se
envolver, mas o que há de melhor, sobretudo para nossa vida espiritual, está em
"amar a Deus, de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e com toda as
nossas forças". (Mt.22.37).
Deus nunca desistiu de nós.
Basta lembrar-se do caso do
profeta Oséias. O resgate que ele fez de sua mulher, que o havia deixado,
mulher adultera, amada por outro, um retrato claro e triste de como Israel
havia sido infiel, abandonando o Senhor por ídolos.
Deus esteve sempre disposto a
demonstrar novamente seu amor por essa nação, resgatando-a como fez Oséias, de
sua decadência moral e espiritual, tomando-a de volta em seus braços.
Esta é uma das maiores reflexões
que procuro fazer em toda minha vida.
Salmo 8.4 - "O que é o homem
para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?"
Deus sempre age com justiça, para
com os nossos atos, no entanto, cada ato justo de Deus, é motivado por um
coração cheio de amor.
Tudo que Deus mais anseia em
relação ao seu povo está escrito: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios
23:26).
Ele terá os nossos corações,
porque somente Deus é merecedor disso.
Não podemos perder a oportunidade
de entregar os nossos corações e se relacionar com Ele.
Viver uma vida totalmente voltada
a Ele.
O ideal de Deus para sua vida é
que você desfrute do melhor que Ele oferece. Isso somente será possível, por
meio de um relacionamento fiel a Ele.
A promessa de Deus: “eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei segundo a
multidão dos seus ídolos”. vs. 4b.
Apesar de sua paciência
ilimitada, o amor de Deus por seu povo o impele a agir com poder e, se
necessário, de forma dolorosa.
Como Deus nos responde segundo a
nossa idolatria?
Deus permite que nós
experimentemos as consequências sempre destrutivas resultantes da confiança nos
ídolos.
Ao analisarmos a história, sempre
veremos um ciclo se repetir: pecado, juízo, arrependimento e restauração.
A disciplina de Deus, é parte
fundamental neste processo de restauração com o Senhor.
“Meu filho, não despreze a disciplina
do SENHOR nem se magoe com a sua repreensão.” (Provérbios 3:11)
Aquilo que parecia ser algo
terrível para o povo de Deus, na verdade estava sendo, nada mais, do que a
correção do Senhor pelos seus atos.
"Saibam, pois, em seu
coração que, assim como um homem disciplina o seu filho, da mesma forma o
Senhor, o seu Deus, os disciplina." (Dt. 8.5).
Quando nós lemos a fascinante
história que está relatada no livro do profeta Habacuque, percebemos como uma
situação desesperadora se torna nas mãos de Deus, uma ferramenta de
restauração.
Israel havia abandonado o Senhor
para viver no pecado. O profeta se queixa diante de Deus por esta situação.
Deus então decide intervir, se
valendo de uma nação inimiga e tão mais ameaçadora. Capaz de destruir tudo que
estivesse a sua frente.
Habacuque viveu em um dos tempos
mais críticos de Israel. Este tempo foi fundamental para o concerto que Deus
haveria de realizar no meio do seu povo.
De igual maneira, no tempo do
profeta Ezequiel, a disciplina foi o meio que Deus usou para tirar os ídolos do
coração do seu povo.
No entanto, somente quando os
nossos ídolos falham conosco, é que nós começamos a entender a futilidade e a
insanidade da idolatria (Isaías 44).
Sabe aquele momento na sua vida
que você possui uma necessidade específica, e esta te leva a uma forte busca
por Deus em oração e em constante fervor.
Mas basta Deus te responder
positivamente, para que a realização deste sonho te leve para longe da presença
do Senhor.
Você quase não se dá conta, até
contabilizar os danos e prejuízo causados a você e àqueles que você ama.
A idolatria carrega um poder de
cegar e escravizar as pessoas.
Apenas um poder tão grande quanto
a graça de Deus pode acabar com os enganos e destruir as armadilhas da
idolatria.
Deus intervem a situação, antes
que o povo se perca totalmente pelo caminho da idolatria.
Deus sempre age com justiça, para
com os nossos atos, no entanto, cada ato justo de Deus, é motivado por um
coração cheio de amor.
Quantas vezes, somos pegos em
situações difíceis, e nem ao menos passa pela nossa cabeça que talvez Deus
esteja tratando com sua vida.
Há um texto na Palavra do Senhor
muito conhecido que se encontra em 2 Cr. 7.14: "E se esse meu povo, que se
chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha face, e se afastar dos
seus maus caminhos, então, dos céus os ouvirei, perdoarei os seus pecados e
curarei a sua terra."
Este texto nos mostra o caminho
ideal para a restauração completa e também evidencia a ultima fase de como Deus
Reage.
A esperança de Deus: “Para que eu possa apanhar a casa de Israel no seu
próprio coração, porquanto todos se apartaram de mim para seguirem os seus
ídolos”. vs. 5.
Conforme eu tenho sido guiado, e
às vezes arrastado, no processo de transformação realizado pelo evangelho,
poucas palavras de esperança têm tido tanto significado para mim quanto essas.
Por que, às vezes, Deus torna a
vida dolorosa para nós? Por que Deus escreve histórias que nós nunca
escreveríamos;
Segue uma linha do tempo que nós
nunca escolheríamos; e responde as nossas orações de tal maneira que nós
pensamos que ele está na verdade nos rejeitando?
Ele nos dá a resposta: “Assim
agirei a fim de reconquistar o coração de toda Casa de Israel; nação esta que me
desprezou em troca de seus ídolos inúteis.”
Deus espera que respondamos de
forma positiva a maneira pelo qual ele está agindo.
Ou seja, deixemos de lado, sem
nenhuma reserva, todos os ídolos do nosso coração e corramos para os seus
braços.
Ninguém nos ama como Deus em
Jesus—mesmo que seja necessário nos levar ao cativeiro da Babilônia para nos
convencer disso.
O ciúme de Deus por nosso amor é
o maior elogio que ele poderia nos fazer, e também o presente mais caro que ele
poderia nos dar.
Custou muito caro para Deus
porque exigiu a vida e a morte do seu filho.
2 Coríntios 5.17-18 -
"Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já
passaram, eis que tudo se fez novo. Tudo isso, provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por intermédio de Cristo e nos confiou o ministério
da reconciliação."
Deus não nos criou para vivermos
longe da sua presença. Se é a nossa idolatria que nos afasta dele; Somente o
seu amor, e a sua misericórdia, pode nos trazer de volta para perto dele.
O propósito de Deus ao nos criar,
foi estabelecer uma relação baseada no seu amor e na nossa devoção.
Deus espera que amemos se
relacionar com ele, porque de fato, Ele nunca nos abandonará.
Isso pode se tornar bem
perturbador e confuso.
Em algum momento você poderá
afirmar: “Nada vai me separar do amor de Deus”, sem perceber tudo o que está
implícito nessa declaração.
O Deus de amor não tolerará o
nosso amor pelos ídolos. Ele reagirá a fim de reaver aqueles que lhe pertencem.
Este processo poderá ser doloroso. Precisamos corresponder ao agir de Deus.
Louvado seja o nome do Senhor,
pois enquanto Deus estiver interessado em se relacionar conosco, haverá sempre
uma esperança.
Isaías 55.6 - Buscai ao Senhor
enquanto é possível encontrá-lo; invocai-o está próximo."
Que o Senhor nosso Deus tenha
misericórdia das nossas vidas e nos ajude nesta jornada.
Ministrado por:
Pr. Alysson Diniz
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